domingo, 30 de junho de 2013

Lenda Negra: mentira histórica.


Jacques Heers, prof. da Sorbonne: lenda revolucionária denigra Idade Média

“Na visão da Idade Média divulgada pelos historiadores e escritores de dois séculos para cá, medieval, feudal, senhorial constituem, ainda mesmo em nossos dias, insultos ou injúrias, como resultado de uma legenda urdida a partir do século XVIII e sabiamente orquestrada pelos revolucionários franceses de 1789, pelos bonzos da História e, sobretudo pelos mestres do ensino público”.

Jacques Heers, diretor do Departamento de Estudos Medievais da Universidade de Paris-Sorbonne IV, “Le Moyen Age, une Imposture - Vérités et Légendes” , Perrin, Paris, 1993.

Prof. Roberto de Mattei: a “lenda negra” sobre a Idade Média ruiu definitivamente

“A ‘lenda negra’ sobre a Idade Média, que a historiografia marxista relançara, ruiu definitivamente e nenhum historiador sério aceitaria hoje considerar a Idade Média como um parênteses de barbárie negra.

“A expressão Idade Média perdeu qualquer caracterização semântica de sinal negativo, para indicar simplesmente a época histórica em que toda a sociedade, nas suas instituições, leis e costumes, se deixou plasmar pela Igreja Católica.

“Por isso, Bento XV define a Europa medieval como uma Civilização homogénea, dirigida pela Igreja, e Pio XII afirma que ‘é justo reconhecer à Idade Média e à sua mentalidade uma nota de autêntica catolicidade: a certeza indiscutível de que a religião e a vida formam, na unidade, um todo indissolúvel’”.

“O Cruzado do Século XX”, editora Civilização, 1996, cap. IV, nº2.

Prof. Rodney Stark: o mito da “Idade Média ‒ Era das Trevas” não resiste mais à crítica

“A idéia de que a Europa caiu na Era das Trevas é um boato espalhado por intelectuais anti-religiosos, amarguradamente anti-católicos do século XVIII que estavam decididos a afirmar a superioridade cultural do seu próprio tempo, e que engrossavam sua pretensão denegrindo os séculos passados como — nas palavras de Voltaire — uma época em que a "barbárie, a superstição e a ignorância cobriram a face do mundo."

“Afirmações como essas foram repetidas tão freqüentemente e tão unanimemente que, até muito recentemente, dicionários e enciclopédias aceitaram a "Era das Trevas" como um fato histórico.

“Alguns escritores até pareciam sugerir que o povo vivendo, digamos, no século IX, descrevia seu próprio tempo como sendo de atraso e superstição.

“Afortunadamente, nos últimos anos estes pontos de vista ficaram tão completamente desacreditados que até alguns dicionários e enciclopédias começaram a se referir à noção de "Era das Trevas" como sendo um mito.”

(Fonte: Rodney Stark, “A Vitória da Razão”, Random House, New York, 2005).

De Mattei: espírito anti-católico forjou a falsa “lenda negra” sobre a Idade Média

A origem da expressão Idade Média e do respectivo conceito liga-se a uma visão historiográfica que pretendia caracterizar todo um milénio de História ocidental como uma longa "noite", tenebroso parênteses entre a "luz" do mundo pagão e o "renascimento" da idade moderna; tal concepção, já presente em Petrarca e no humanismo italiano, seria adpotada pelos iluministas no século XVIII.

Desta forma, como observa Eugénio Garin, "O contraste entre idade escura e renascimento iluminante alimentaria uma polémica de quase quatro centúrias, do século XIV ao XVIII, ligando de forma ideal o Humanismo ao Iluminismo".
Toda a sociedade medieval se conformava harmonicamente com a ordem natural estabelecida pelo próprio Deus ao criar o universo e com a ordem sobrenatural inaugurada com a Redenção e inspirada pela Igreja. Esta foi a grande civilização que emergiu lenta mas vigorosamente do caos da era bárbara, sob o influxo das energias naturais e sobrenaturais dos povos baptizados e ordenados a Cristo.
“A conversão dos povos ocidentais –escreveu Plínio Corrêa de Oliveira– não foi um fenómeno de superfície. O germen da vida sobrenatural penetrou no proprio âmago da sua alma, e foi paulatinamente configurando à semelhança de Nosso Senhor Jesus Cristo o espírito outrora rude, lascivo e supersticioso das tribos bárbaras. A sociedade sobrenatural –a Igreja– estendeu assim sobre toda a Europa a sua contextura hierárquica, e desde as brumas da Escócia até às encostas do Vesúvio foram florindo as dioceses, os mosteiros, as igrejas catedrais, conventuais ou paroquiais, e, em torno delas, os rebanhos de Cristo. (...) Nasceram por essas energias humanas vitalizadas pela graça, os reinos e as estirpes fidalgas, os costumes corteses e as leis justas, as corporações e a cavalaria, a escolástica e as universidades, o estilo gótico e o canto dos menestreis”.

“O Cruzado do Século XX”, editora Civilização, 1996, cap. IV, nº2. 

FONTE: blog Glória da Idade Média.

Causas da crise medieval e da decadência do mundo segundo os Papas

Quais foram as causas da decadência da civilização medieval? Leão XIII na Encíclica Immortale Dei escreve que "o funesto e deplorável espírito de novidade suscitado no século XVI, começou por convulsionar a religião, passou depois naturalmente desta ao campo filosófico, e em seguida a todas as ordens do Estado".

O âmbito religioso, juntamente com o intelectual e o político-social, são os três campos atingidos pelo processo de dissolução que o Papa denomina "Direito novo".

Trata-se de um "inimigo" declarado da Igreja e da Cristandade, o qual por sua vez foi descrito por Pio XII nos seguintes termos:

“Ele encontra-se em toda a parte e no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desagregação intelectual, moral e social da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a natureza sem a graça, a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; às vezes a autoridade sem a liberdade. É um "inimigo" que se tornou cada vez mais concreto, com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cristo sim, a Igreja não! Depois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu. E eis, agora, a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus”.

 (Pio XII, Discurso “Nel contemplare”, 12-10-1952, Discorsi e Radiomessaggi, vol. XIV, p. 359.) 

FONTE: Blog Glória da Idade Média.

sábado, 29 de junho de 2013

Como o comunismo é implantado no Brasil.

A estratégia dos comunista é levar o país a ponto da total desmoralização, onde nada funciona mais, quando você não tem certeza do que é certo e errado, bom e mau. Quando os lideres dizem: "Bom, violência em prol da justiça, é justificável" E nós dizemos: " É, provavelmente é verdade".

Atingindo esse ponto o próximo passo é desestabilização. Desestabilizar todas relações, todas as instituições e organizações. E como se faz isso? Não é necessário mandar um batalhão de agentes comunistas para explodir tudo. Vocês deixa a própria população fazer isso sozinho.

Na fase de desestabilização não chegamos a um acordo nem dentro da família, o homem e a mulher não podem descobrir o que é melhor, o marido quer que os filhos comam sobre a mesa, e a mulher que as crianças corram pela casa toda e derruba comida no chão. Eles não chegam a um acordo a não ser que comecem uma briga. É impossível chegar a um acordo, um acordo entre vizinhos, e qualquer tipo de acordo, é a radicalização das relações humanas. Não existe mais acordo. Briga, briga e briga! 

As relações normais são desestabilizadas. Chega ao ponto que a sociedade não pode mais resolver seus problemas. Agora aqueles lideres que foram treinados em Cuba e na União Soviética partem para ação, eles dormem durante 20 anos até desestabilizar a sociedade para eles agirem. Hoje eles são lideres de grupos, padres, deputados, governador, presidente e pessoas públicas importante. Eles irão trabalhar ativamente no processo politico do pais. De repente nós vemos homossexuais que antes faziam suas sujeiras entre quatro paredes e agora fazem disso uma questão de politica, eles exigem reconhecimento, direitos e respeito. Eles jogam brancos contra negros, hétero contra homossexual pessoas comum contra policia, as vezes militantemente, com armas ou não, não importa onde está a linha divisória, desde que estes grupos entrem choque. Este é o processo de desestabilização.

O processo desestabilização leva inevitavelmente a próxima etapa que é a crise.

O processo começa quando os órgãos legítimos de poder e a estrutura social desmorona e não pode funcionar mais, portanto a sociedade começa a procurar por um salvador, então começa a procura por um líder, um líder forte, um governo forte, a população já está irritada e cansada. E eles aparecem dizendo " Aqui estamos nós, temos um salvador!" Nesta etapa existem duas alternativas, guerra civil ou invasão.

Guerra civil nós temos um exemplo, Líbano é o melhor exemplo. Invasão nós temos exemplo do leste europeu invadido pela União soviética. Mas o resultado é o mesmo. 

A próxima etapa é normalização.

Nesta etapa os governantes auto-investidos da sociedade não precisam de mais nenhuma revolução e de nenhum radicalismo, então esta etapa é o inverso da desestabilização, basicamente é estabilizar o país a força. Então todos aqueles que ajudaram no processo de desestabilização, homossexuais, padres, políticos, feministas, aqueles lideres que foram treinados em Cuba ou na União soviética, são eliminados, eles já fizeram o serviço deles, eles não são mais necessário. Chega de revolucionários, eles precisam estabilizar a nação. De agora em diante chega de greves, chega de homossexuais, chega de militantes revolucionários.

Para reverter o processo quando chega na etapa da normalização, é com apenas força e ação militar. Nenhuma outra força na face da terra pode reverter esse processo.

Para reverter o processo de crise e impedir que o "salvador" chegue ao poder é preciso de um ação vigorosa, apoiar as forças conservadoras de direita, e não deixar o pais entrar em crise e posteriormente em uma guera civil ou invasão.

Para reverter o processo de desestabilização é necessário restrições de algumas liberdades para grupos pequenos, que são inimigos auto-declarado da sociedade. É simples assim! Ohh não mas vem os liberais e dizem "isso é contra a constituição" Ok se vai permitir que criminosos tenham direitos então vamos levar a próxima etapa, que é a crise. Vocês estão prestando um grande favor negando liberdade para as minorias, pois posteriormente ele vai ser fuzilado de qualquer maneira, nós apenas vamos nega-los liberdade.

FONTE: http://depaspalhoarealista.blogspot.com.br/2013/06/o-acontece-no-brasil.html

Não há oposição e nem há "direita" no Brasil.

Nos últimos dias, eu li na internet que a grande mídia brasileira estava tentando dar um golpe de direita. Eu imediatamente reagi com estranheza! Há alguns anos, eu acreditava que existia realmente uma direita. Essa direita era o pensamento das “elites” que queriam a manutenção da desigualdade social e ainda defendiam o interesse das grandes empresas estrangeiras.

Uma coisa que precisa ficar clara é: realmente tais elites existem, porém o maior erro é considerar essas elites de “direita”. Esse erro é crasso e primário. Por que as pessoas acreditam nesse tipo de análise distorcida do problema político? Elas acreditam nisso porque a esquerda, ou a suposta esquerda, repetiu esse equívoco inúmeras vezes.

O povo realmente acredita na existência de tal direita. Porém, ela não existe, visto que a direita é uma ficção da esquerda. Na verdade, a esquerda criou a direita por uma simples operação lógica de negação. Então, o que não é esquerda, é direita. Isso é uma análise ingênua.

Se o que não é esquerda, também não é direita, então, o que é afinal? Existe no mundo atual, uma hierarquia de interesses privados e a pessoa, ou o grupo, que está no nível mais baixo da hierarquia, defende automaticamente quem está num nível acima! Isso é uma rede-zumbi ou uma rede de fantoches. A elite máxima possui um fantoche num nível imediatamente mais baixo. Esse fantoche possui outro fantoche num nível mais baixo e assim por diante! A elite máxima estende sua influência globalmente através da rede de
fantoches. Atualmente, o que não é esquerda no mundo ocidental faz parte dessa rede hierárquica de interesses privados que defendem indiretamente os interesses da elite máxima.

O equívoco mais difícil de entender é aquele que compara o regime militar com a direita.
Muitos dizem que a ditadura no Brasil foi uma ditadura de “direita”. Esse é um grande
equívoco, porque os militares não eram exatamente a direita. Eles eram os
representantes das elites globalistas no âmbito estatal. A ditadura no Brasil não defendeu
exatamente os interesses da direita, mas defendeu principalmente os interesses do
capital estrangeiro.

Uma coisa que as pessoas precisam entender é que as elites globais manipulam as
ideologias que são favoráveis aos governos deles. No regime militar, uma ideologia mais
conservadora era mais interessante para as elites globais, porém, eles começaram a
perceber que o secularismo era uma estratégia de controle muito mais interessante. Em
outras palavras, o secularismo dos dias atuais é financiado maciçamente pelos fantoches
das elites globais.

O erro da esquerda brasileira foi entender que a ideologia dos militares é a mesma
ideologia das elites globais, quando as elites dominantes não têm apego por qualquer
ideologia que eles promovem. As elites globais só usam as ideologias como estratégia de
dominação! As elites globais não promovem o conservadorismo ou o “atraso” nos direitos
civis, como pensam os esquerdistas alienados. Eles simplesmente promovem ideologias
que facilitam a dominação deles. As elites globais promovem secularismo, mas eles
sabem exatamente o que eles estão fazendo, enquanto a esquerda acha que vai criar o
terreno cultural da revolução comunista!

Não existe direita, porque não existe direita autônoma, totalmente auto-suficiente e
desvinculada dos interesses das elites globais. A direita só chega ao poder, quando ela é
conveniente aos interesses das elites globais. Depois que essa conveniência acaba, a
suposta direita simplesmente desaparece. Os militares brasileiros nunca foram a
verdadeira direita!

Quando dizemos que a direita quer manter o povo na pobreza, isso é realmente uma
injustiça total com a direita, porque isso é uma forma de atribuir culpa a alguém no lugar
da verdadeira culpada. A direita é o álibi perfeito das elites globais. Assim, quando os
interesses nacionais estão ameaçados, os esquerdistas automaticamente dizem que a
direita está tentando dar o golpe. Isso isola de qualquer suspeita, quem realmente possui
o poder.

A direita verdadeira não é comunista, mas não é privatista. Ela defende o interesse
publico e o interesse da nação e afirma o conservadorismo como o modelo ideal na
defesa desses interesses! Não existe um único grupo de direita que se enquadre na
definição acima no Brasil! A direita verdadeira não é “direita” comprada pelas elites
globais. A verdadeira direita é nacionalista e politicamente independente! A verdadeira
direita não está subordinada aos interesses privados, visto que isso apenas a tornaria
peça de manobra social. Isso não existe no Brasil. Os partidos que teoricamente são de
direita, ou são fracos, ou foram corrompidos pelas elites globais. Em outras palavras,
toda a “direita” brasileira não possui autonomia real.

Se existisse realmente uma direita nacionalista, que tivesse um projeto de nação
totalmente independente dos interesses privados, aí sim, poderíamos dizer que há uma
direita no Brasil. Mas isso não existe aqui. A direita brasileira é uma ficção, visto que
sempre fingiu que era contra o interesse dos esquerdistas. A direita no Brasil é uma
armadilha que os esquerdistas compraram. Eles continuam batendo na direita, mas eles
estão iludidos, porque eles estão batendo num fantasma. Enquanto eles reclamam da
direita, as elites globais corrompem e manipulam os interesses do Brasil cada vez mais.
O problema do Brasil não é a direita e nunca foi! O problema do Brasil é a incompetência
de análise política!

Por último, o erro mais absurdo da esquerda brasileira é achar que o marxismo cultural e
o multiculturalismo são contra as elites globais. Quando a esquerda brasileira promove
essas ideologias, ela faz exatamente o que as elites globais querem. A esquerda
brasileira só incomoda as elites globais porque ainda contém resquícios de nacionalismo.
A única coisa que incomoda as elites globais é o nacionalismo. O marxismo cultural e o
multiculturalismo não representam nenhuma afronta aos interesses privados das elites
globais.

A mesma mídia que critica o governo de esquerda é a mesma mídia que promove o
marxismo cultural e o multiculturalismo! Isso não é estranho e paradoxal? Isso não é
paradoxal, porque a mídia sabe que o multiculturalismo e o marxismo cultural servem aos
planos das elites globais, enquanto os esquerdistas acham ingenuamente que estão
antagonizando as forças opressoras das elites globais.

A mídia não defende o interesse da direita, quando ela critica a esquerda. A mídia critica
o resquício de nacionalismo que a esquerda ainda possui, porque é esse nacionalismo
que incomoda os interesses das elites globais. Em outras palavras, o marxismo cultural e
o multiculturalismo não são ideologias nacionalistas, porém os esquerdistas nunca
entenderão isso. Essas ideologias são ideologias de distração, ideologias inofensivas que
ocupam as lideranças políticas com questões inofensivas.

Qual é a estratégia das elites globais? A estratégia é ocupar a atenção dos políticos e
legisladores com questões ideológicas que não atingem o problema crucial do país, que é
a defesa da soberania do país. O secularismo possui uma dupla utilidade para as elites
globais:

1. O secularismo enfraquece os laços ideológicos e separa as pessoas.

2. O secularismo distrai a população com discussões inúteis. Desse modo, as
pessoas não percebem o que está acontecendo no underground político.

Enquanto a população está distraída com discussões irrelevantes do ponto de vista da
soberania do país, as elites globais expandem a influência sobre os governos e as
populações. A direita no Brasil está morta ou corrompida e a esquerda foi totalmente
manipulada pelas ideologias secularistas. Em outras palavras, a única coisa que a
esquerda pode fazer pelo país é acordar do sonho secular e encarar o problema como
ele realmente é. Enquanto, a esquerda brasileira perde tempo criticando o fantasma da
direita, ou perde tempo promovendo secularismo, as elites globais minam o resto de
nacionalismo que sobrou.

A esquerda brasileira é a esquerda mais burra do mundo. Pelo menos, os outros países
de esquerda conhecem os objetivos do marxismo cultural e o multiculturalismo e
controlam conscientemente os efeitos dessas políticas. Mesmo que alguns países
comunistas sejam secularistas, o secularismo deles não está sob influência da mídia ou
sob a influência das elites globais. O secularismo dos países comunistas é totalmente
subordinado aos interesses nacionalistas deles. Esse é o grande mérito de alguns países
comunistas.

O secularismo no Brasil está totalmente subordinado aos interesses das elites globais e é
exatamente por isso que o Brasil será dominado mais cedo ou mais tarde totalmente
pelas elites globais. Em pouco tempo, as elites globais tomarão conta de todas as
riquezas naturais brasileiras! Não existe nenhuma ideologia nacionalista forte no Brasil e
o secularismo brasileiro serve apenas para enfraquecer o povo perante os interesses das
elites globais. A maior prova disso, é que as discussões sobre as minorais são mais
importantes do que a soberania do país. Enquanto a esquerda brasileira está preocupada
com as minorias, as elites globais estão tomando todos os recursos naturais do país! Eu
quero saber o que esquerda brasileira fará com o marxismo cultural quando o Brasil
estiver quebrado e falido.

A única solução de direita é o surgimento de um partido político forte, isento, nacionalista,
capaz de defender os interesses públicos acima dos interesses privados. Na atual
conjuntura, tudo acaba no mesmo! A esquerda é apenas mais agressiva na propaganda
marxista, porém, a direita comprada fará a mesma coisa que a esquerda faz, mas apenas
esconderá os meios. A direita comprada promoverá as mesmas ideologias da esquerda,
mas apenas usará mais os veículos privados para disfarçar suas intenções. Ou seja, a
suposta direita comprada usará a mídia para promover as ideologias de esquerda,
enquanto fingirá isenção e antagonismo diante das políticas culturais da esquerda.


FONTE:http://depaspalhoarealista.blogspot.com.br/2013/06/nao-existe-direita.html?showComment=1372523723718#c3864153039641540064

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Rugir nas ruas como um leão, votar nas urnas como um jumento...

O CAOS
Dom Fernando Arêas Rifan*


As recentes manifestações - à parte os lamentáveis excessos, desordens e infiltrações dos que querem o pior, - mostram o lado positivo de os jovens, saindo de uma lamentável inércia, se entusiasmar por uma causa comum, fora deles mesmos, pelo bem da sociedade. Somos-lhes solidários nas justas causas e protestos. Mas é claro que devem sempre discernir sobre os limites da sua inconformidade e saber contra quem e o quê estão se manifestando.

“O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito” (Nota da CNBB, 21/6/2013).

Segundo análise da imprensa, a mensagem deixada pelas manifestações foi clara: o sentimento contra a política atual. Política deveria ser “uma prudente solicitude pelo bem comum” (João Paulo II, Laborem exercens, 20 e). Por isso, os jovens católicos devem participar da política, em vista do bem comum. E devem usar uma arma mais poderosa do que as passeatas: o voto consciente. Como já disse alguém: “não adianta rugir nas ruas como um leão e nas urnas votar como um jumento!” Se urge uma reforma política, uma reforma dos políticos é mais urgente ainda! Parecendo falar hoje, Eça de Queirós em 1871, escrevia: “Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral... A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido... Ninguém crê na honestidade dos homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia... Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente... A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!”.

É preciso menos intervencionismo estatal e mais iniciativa de cada cidadão e da sociedade civil organizada; menos Estado açambarcador e mais princípio de subsidiariedade; menos protecionismo do Governo e mais competitividade e qualidade da iniciativa particular; menos autoritarismo do Estado e menos monopólio do poder nas mãos de uma casta e mais instituições democráticas sérias e sólidas, como uma imprensa livre, veraz e conscienciosa; menos esmolas estatais e mais oportunidades e incentivo ao trabalho; menos desperdício e mais transparência e correção no uso do dinheiro público; menos impunidade e mais justiça imparcial para todos; e, sobretudo, nada de corrupção.

A existência de partidos políticos, oposição e situação, faz parte do regime democrático, bem como o equilíbrio que deve haver entre os três poderes, legislativo, executivo e judiciário. Quando deixa de existir a legítima oposição, com os seus partidos comprados pela situação em espúrias alianças, quando o equilíbrio dos três poderes vacila por influências de interesses inconfessos, aí a democracia começa a perecer, a ditatura velada aparece, o fisiologismo e o populismo imperam e a política, de coisa boa se transforma em ruim, se torna um caos.

Diz uma anedota que alguns profissionais, um médico, um arquiteto, um advogado e um político, discutiam sobre qual seria a mais antiga profissão. O médico disse que era a sua, pois Deus ao criar Eva, tirada da costela de Adão, fez uma cirurgia. O arquiteto interveio dizendo que antes de Deus criar Adão ele arquitetou o universo. O advogado interpelou dizendo que antes de Deus criar o universo, ele pôs ordem no caos, o que é uma função de advogado. E o político, com um sorriso maroto de vitória, perguntou: e quem fez o caos?!

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

Terceira consideração dos sagrados santos estigmas.

Terceira consideração dos sagrados santos estigmas.

Chegando à terceira consideração, sobre a aparição seráfica e a impressão dos sagrados santos estigmas, devemos considerar que, aproximando-se a festa da santíssima Cruz do mês de setembro, uma noite Frei Leão foi ao lugar e na hora habituais para dizer matinas com São Francisco. Quando, na cabeça da ponte, disse, como costumava, Domine, labia mea aperies, e São Francisco não respondeu, Frei Leão não voltou atrás, como São Francisco tinha mandado, mas com boa e santa intenção atravessou a ponte e entrou quietamente em sua cela.

Não o encontrando, pensou que ele estivesse em oração em algum lugar pelo bosque. Então saiu para fora e, devagarinho, à luz da lua, ia procurando-o pelo bosque. Finalmente, ouviu a voz de São Francisco e, aproximando-se, viu que ele estava de joelhos em oração, com o rosto e as mãos levantados para o céu e, com fervor de espírito dizia: “Quem és tu, ó dulcíssimo Deus meu? Quem sou eu, vilíssimo verme e inútil servo teu?”. Repetia sempre essas mesmas palavras e não dizia nenhuma outra coisa. Por isso Frei Leão, muito admirado disso, levantou os olhos e olhou para o céu. Olhando assim, viu baixar do céu uma chama de fogo belíssima e esplendidíssima, que, descendo, pousou na cabeça de São Francisco. Ouvia que saía uma voz dessa chama, que falava com São Francisco. Mas Frei Leão não entendia as palavras. Vendo isso e achando-se indigno de estar tão perto daquele lugar santo onde estava aquela admirável aparição, e temendo ainda ofender São Francisco ou perturba-lo de sua consideração, se fosse ouvido por ele, voltou atrás quietinho e, estando de longe, esperava ver o fim. Olhando fixamente, viu São Francisco estender três vezes as mãos para a chama e, finalmente, depois de um longo espaço, viu a chama voltar para o céu. Então moveu-se segura e alegremente, afastando-se da visão e voltando para a sua cela.

Quando ele ia saindo tranqüilamente, São Francisco escutou-o pelo rumor dos pés sobre as folhas, e mandou que esperasse e não se movesse. Então Frei Leão, obediente, ficou parado esperou-o com tanto medo, que, como ele contou depois aos companheiros, naquela hora ele teria preferido que a terra o engolisse do que esperar São Francisco, que ele pensava estar perturbado contra ele, porque ele se guardava com a maior diligência de ofender a sua paternidade, para que, por sua culpa, São Francisco não o excluísse de sua companhia.

Quando chegou perto dele, São Francisco perguntou: “Quem és tu?”. E Frei Leão, todo trêmulo, disse: “Eu sou Frei Leão, meu pai”. São Francisco: “Por que vieste aqui, frei ovelhinha? Eu não te disse que não me fiques observando? Dize-me, por santa obediência, se tu viste ou ouviste alguma coisa?”. Frei Leão respondeu: “Pai, eu te ouvi falar e dizer muitas vezes: Quem és tu, ó dulcíssimo Deus meu? Quem sou eu, verme vilíssimo e inútil servo teu?”Então, ajoelhando-se diante de São Francisco, Frei Leão deu a culpa pela desobediência que tinha praticado contra a sua ordem, e pediu perdão com muitas lágrimas. Depois, pediu-lhe humildemente que explicasse as palavras que tinha ouvido e que lhe contasse as que não tinha entendido.

Então, vendo São Francisco que Deus tinha revelado ou concedido a Frei Leão, por sua simplicidade e pureza, que ouvisse e visse algumas coisas, concordou em revelar-lhe e expor-lhe o que ele pedia, e disse assim: “Sabe, frei ovelhinha de Jesus Cristo, que quando eu dizia as palavras que ouviste estavam sendo mostrados a minha alma dois lumes: um da notícia e conhecimento de mim mesmo, o outro da notícia e conhecimento do Criador. Quando eu dizia: Quem és tu, ó dulcíssimo Deus meu? eu estava em lume de contemplação, em que via o abismo da infinita bondade, sabedoria e poder de Deus. E quando eu dizia: Quem sou eu? estava em um lume de contemplação em que via a profundeza lamentável de minha vileza e miséria, e por isso dizia: Quem és tu, Senhor de infinita bondade, sabedoria e poder, que te dignas visitar a mim que sou um verme vil e abominável? Naquela chama que tu viste, estava Deus que, naquela forma, falava comigo como tinha falado antigamente com Moisés.

E entre outras coisas que me disse, pediu que eu lhe fizesse três dons, e eu respondi: Senhor meu, eu sou todo teu. Tu sabes bem que eu não tenho mais nada além da túnica, do cordão e dos panos das bragas, e mesmo essas três coisas são tuas. Então, que posso oferecer ou te dar a tua majestade?

Então Deus me disse: Procura no teu seio e me oferece o que encontrares. Eu procurei e achei uma bola de ouro, e a ofereci a Deus. E assim fiz três vezes, conforme Deus me mandou três vezes. Depois me ajoelhei três vezes, bendisse e agradeci a Deus, que me tinha dado o que oferecer. E logo que me foi dado entender que aquelas três ofertas significavam a santa obediência, a altíssima pobreza e a esplendidíssima castidade, que Deus, por sua graça, me concedeu observar tão perfeitamente que de nada me repreende minha consciência.

E como tu viste que eu punha a mão no seio e oferecia a Deus essas três virtudes, significadas por aquelas três bolas de ouro que Deus tinha posto em meu seio, assim me deu Deus virtudes em minha alma, que de todos os bens e de todas as graças que me concedeu por sua santíssima bondade, eu sempre o louvo e engrandeço com o coração e com a boca. Essas são as palavras que ouviste ao levantar três vezes as mãos, como viste.

Mas guarda-te, frei ovelhinha, de me ficares observando. Volta para tua cela com a bênção de Deus e cuida solicitamente de mim, porque daqui a poucos dias Deus fará coisas tão grandes e maravilhosas neste monte que todo mundo vai ficar admirado. Pois ele fará algumas coisas novas, que nunca fez a nenhuma criatura neste mundo”.
Ditas essas palavras, mandou buscar o livro dos Evangelhos, pois Deus lhe tinha posto no coração que, ao abrir três vezes o livro dos Evangelhos ser-lhe-ia demonstrado o que Deus pretendia fazer com ele. Quando o livro lhe foi levado, São Francisco pôs-se em oração. E quando completou essa oração, fez com que o livro fosse aberto três vezes por mão de Frei Leão no nome da Santíssima Trindade. E como aprouve à divina disposição, naquelas três vezes sempre se lhe deparou a paixão de Cristo. Por isso foi-lhe dado entender que, assim como ele tinha seguido Cristo nos atos de sua vida, devia segui-lo e conformar-se a ele nas aflições e dores da paixão, antes de passar desta vida.

Daquele ponto em diante, São Francisco começou a provar e a sentir mais abundantemente a doçura da divina contemplação e das divinas visitas. Entre as quais teve uma imediata e preparatória para a impressão dos sagrados santos estigmas, desta forma: No dia que vem antes da festa da santíssima Cruz do mês de setembro, estava São Francisco em oração secretamente na sua cela. Apareceu-lhe o Anjo de Deus e lhe disse da parte de Deus: “Eu te conforto e aconselho a te preparares e dispores humildemente com toda paciência para receber o que Deus te quiser dar e fazer em ti”. São Francisco respondeu: “Eu estou preparado para suportar pacientemente tudo que o meu Senhor quer me fazer”. Dito isso, o Anjo foi embora.

Chegou o dia seguinte, isto é, da santíssima Cruz, e São Francisco, de manhã, antes do dia, pôs-se em oração na frente da porta da sua cela, virando o rosto para o oriente, e orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que eu me faças antes de eu morrer: a primeira, que em vida eu sinta na minha alma e no meu corpo, quanto for possível, a dor que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão. A segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele amor sem medidas de que tu, Filho de Deus, estavas incendiado para suportar, por querer, tamanha paixão por nós pecadores”.

E, estando longamente nessa oração, entendeu que Deus o escutaria e que, quanto fosse possível para uma oura criatura, tanto lhe seria concedido sentir aquelas coisas. Em breve, tendo São Francisco essa promessa, começou a contemplar com toda devoção a paixão de Cristo e a sua infinita caridade. E crescia tanto nele o fervor da devoção, que ele se transformava todo em Jesus, pelo amor e pela compaixão. E quando assim estava, inflamando-se nessa contemplação, naquela mesma manhã viu vir do céu um Serafim com seis asas resplandecentes e em fogo.

Esse Serafim, voando rapidamente aproximou-se de São Francisco de forma que ele podia discerni-lo, e conheceu claramente que tinha em si a imagem de um homem crucificado. E suas asas eram dispostas de maneira que duas asas estendiam-se sobre a cabeça, duas se abriam para voar e as outras duas cobriam todo o seu corpo. Vendo isso, São Francisco ficou fortemente espantado e ao mesmo tempo ficou cheio de alegria pelo gracioso aspecto de Cristo, que lhe aparecia tão familiarmente e o olhava tão graciosamente. Mas, por outro lado, vendo-o crucificado na cruz, tinha uma desmesurada dor de compaixão. Também se admirava muito de uma visão tão estupenda e incomum, sabendo bem que a enfermidade da paixão não combina com a imortalidade do espírito seráfico.

E, estando nessa admiração, foi-lhe revelado por aquele que lhe aparecia que, por divina providência, aquela visão lhe era demonstrada dessa forma para que ele entendesse que, não por martírio corporal mas por incêndio mental, ele devia ser todo transformado na expressa semelhança de Cristo crucificado.

Nessa aparição admirável todo o monte do Alverne parecia estar incendiado numa chama esplendisíssima, que resplandecia e iluminava todos os montes e vales ao redor, como se fosse o sol sobre a terra. Por isso os pastores que vigiavam naquela região, vendo o monte inflamado e tanta luz ao redor, ficaram com um medo enorme, como contaram depois aos frades, afirmando que aquela chama tinha durado sobre o monte Alverne por uma hora ou mais. De maneira semelhante, ao esplendor dessa luz, que resplandecia nos albergues da região pelas janelas, alguns almocreves que iam para a Romanha levantaram-se imediatamente, crendo que o sol se levantara, selaram e carregaram seus animais e, quando caminhavam, viram a luz cessar e levantar-se o sol material.

Nessa aparição seráfica, Cristo, que aparecia, contou a São Francisco algumas coisas secretas e altas, que São Francisco não quis revelar durante sua vida a ninguém, mas revelou depois de sua vida, como demonstramos adiante. E as palavras foram estas: “Sabes, disse Cristo, o que eu te fiz? Eu te dei os Estigmas que são os sinais da minha paixão, para que tu sejas o meu porta-bandeira. E, assim como no dia de minha morte desci ao limbo, e carreguei todas as almas que lá encontrei em virtude de meus Estigmas, assim te concedo que, cada ano, no dia da tua morte, possas ir ao purgatório e trazer todas as almas das tuas três Ordens, isto é, Menores, Irmãs e Continentes, e também dos outros que a ti forem muito devotos e que lá encontrares, em virtude dos teus Estigmas, e as leves para a glória do paraíso, para que sejas conforme a mim na morte, como és na vida”.

Quando desapareceu essa visão admirável, depois de um tempo e de uma conversação secreta, deixou no coração de São Francisco um ardor enorme e a chama do amor divino. E na sua carne deixou uma maravilhosa imagem e vestígio das paixões de Cristo. Daí começaram a aparecer imediatamente nas mãos e pés de São Francisco os sinais dos cravos, do jeito que ele tinha visto então no corpo de Jesus Cristo Crucificado, que lhe tinha aparecido na forma de Serafim. E assim pareciam suas mãos e pés pregados no meio com cravos, cujas cabeças estavam nas palmas das mãos e nas plantas dos pés fora da carne, e suas pontas saíam no dorso das mãos e dos pés, de maneira que pareciam entortados e rebatidos, de modo que entre a curvatura e o rebite, que saíam inteiros para fora da carne, podia-se colocar facilmente o dedo da mão, como em um anel. E as cabeças dos cravos eram redondas e pretas.

De maneira semelhante, no lado direito apareceu uma imagem de uma ferida de lança, não cicatrizada, vermelha e sangrenta que, mais tarde, muitas vezes soltava sangue do santo peito de Francisco e lhe ensangüentava a túnica e as bragas. Por isso os seus companheiros, antes que o soubessem por ele, percebendo que ele não descobria nem as mãos nem os pés, e que não podia pousar no chão as plantas dos pés, e também encontrando ensangüentadas a túnica e as bragas, quando as lavavam, compreenderam com certeza que ele tinha expressamente marcadas nas mãos nos pés e no peito, a imagem e semelhança de nosso Senhor Jesus Cristo crucificado.

E embora ele se esforçasse muito por esconder e ocultar aqueles sagrados estigmas gloriosos, tão claramente impressos em sua carne, e por outro lado vendo que mal podia esconder dos companheiros seus familiares, temendo publicar os segredos de Deus, ficou numa grande dúvida se devia ou não revelar a visão seráfica e a impressão dos sagrados Estigmas. Finalmente, impelido pela consciência, chamou alguns frades mais familiares seus e, propondo-lhes a dúvida com palavras gerais, sem contar o fato, pediu o seu conselho.

Entre esses frades havia um de grande santidade, que se chamava Frei Iluminato. Ele, verdadeiramente iluminado por Deus, compreendendo que São Francisco devia ter visto coisas maravilhosas, assim lhe respondeu: “Frei Francisco, sabe que não só por ti, mas também pelos outros Deus te mostra algumas vezes os seus sacramentos. Por isso tens que temer razoavelmente que, se mantiveres escondido o que Deus te mostrou para utilidade dos outros, sejas merecedor de repreensão”. Então São Francisco, movido por essa palavra, com grandíssimo temor contou-lhes todo o modo e a forma da sobredita visão, acrescentando que Cristo, que lhe havia aparecido, tinha dito certas coisas que ele não contaria nunca enquanto vivesse.

E, embora as chagas santíssimas, porque lhe tinham sido impressas por Cristo, lhe dessem uma enorme alegria ao coração, para a sua carne e para os seus sentimentos corporais eram uma dor intolerável. Por isso, forçado pela necessidade, ele escolheu Frei Leão, entre os outros mais simples e mais puro, a quem revelou tudo e deixava ver, tocar e enfaixar aquelas santas chagas com alguns retalhos de linho, para mitigar a dor e receber o sangue que saía e corria das ditas chagas. Nos tempos em que estava doente, ele deixava trocar essas bandagens com freqüência, até mesmo todos os dias, menos da quinta-feira à tarde até o sábado de manhã, pois nesse tempo ele não queria que fosse mitigada por nenhum remédio ou medicina humanos a paixão de Cristo, que ele carregava em seu corpo. Nesse tempo, nosso Salvador Jesus Cristo tinha sido preso, crucificado, morto e sepultado por nós.

Aconteceu alguma vez que, quando Frei Leão lhe mudava a faixa do peito, São Francisco, pela dor que sentia ao despregar-se a faixa ensangüentada, pôs a mão no peito de Frei Leão. Ao toque daquelas mãos sagradas, Frei Leão sentia tanta doçura de devoção em seu coração, que por mais um pouco cairia desmaiado no chão.
E finalmente, quanto a esta terceira consideração, tendo São Francisco cumprido a quaresma de são Miguel Arcanjo, resolveu, por divina inspiração, voltar para Santa Maria dos Anjos. Por isso chamou Frei Masseo e Frei Ângelo e, depois de muitas palavras e santos ensinamentos, recomendou-lhes, com toda eficácia que pôde, aquele monte santo, dizendo como convinha que ele e Frei Leão voltassem a Santa Maria dos Anjos. Dito isso, despedindo-se deles e abençoando-os no nome de Jesus crucificado, condescendendo aos seus pedidos, estendeu-lhes as mãos santíssimas, adornadas com aqueles gloriosos e santos Estigmas, para ver, tocar e beijar. E assim deixando-os consolados, afastou-se deles e desceu do santo monte.

Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco. Amém.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

D. Antônio de Castro Mayer: Bispo fiel e exemplar.

Uma vida a serviço da Igreja – Dom Antônio de Castro Mayer – Homenagem pelos 60 anos de sacerdócio

Publicado em nov 21, 2009 em Dom Antonio de Castro Mayer, Escritos e Conferências, Especial Campos, Todos os artigos do site, Tradição x Vaticano II

Heri et Hodie nº 46
outubro de 1987

1927 – 1987, 30 de outubro, 60 anos de Sacerdócio de S. Exa. Revma. Dom Antônio de Castro Mayer. Uma vida inteira a serviço da causa do Senhor!

Ordenado sacerdote na cidade Eterna, onde havia feito estudos, conseguindo a láurea de doutor em Sagrada Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, dedicou seus primeiros anos de sacerdócio à formação dos levitas do Senhor como professor no Seminário Arquidiocesano de São Paulo.

O seu zelo pastoral unido à sua ciência filosófica e teológica, levou-o a tornar-se Assistente Geral da Ação Católica Arquidiocesana, Cônego Catedrático e Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo.

Alma tão rica de saber e virtudes, Nosso Senhor a escolheu para sucessor de seus apóstolos, sendo ele nomeado por S.S. o Papa Pio XII para a nossa diocese de Campos, para coadjuvar o Sr. Arcebispo-bispo D. Otaviano Pereira de Albuquerque e suceder-lhe no sólio episcopal de nossa cidade.

De 1949 a 1981 S. Exa. Revma. apascentou este rebanho a ele confiado, como Pastor e guia, solícito e vigilante, fiel e dedicado.

E até hoje sua orientação, seu zelo e seu influxo benéfico se faz sentir, transmitindo-nos a verdadeira doutrina que sempre recebemos da Santa Igreja.

São Paulo Apóstolo deixou o programa para todos os bispos e Dom Antônio, fiel sucessor dos apóstolos, por ele pautou a sua vida.

“Tradidi quod accepi”, diz-nos o Apóstolo das Gentes. Transmiti o que recebi. Não inventei nada, não criei novidades, nem tenho poderes para isso.

“Depositum custodi”, guarda e transmite o que recebeste, escrevia ele ao seu discípulo o Bispo São Timóteo.

“Doctrinis variis et peregrinis nolite abduci”, não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas. Fidelidade à Tradição.

“Prega a palavra, insiste, quer agrade quer desagrade”: não ir atrás do aplauso popular, da opinião pública, do que o mundo gosta, das repercussões dos noticiários.

“Virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas contratarão mestres conforme o seu desejo… e afastarão os ouvidos da verdade para os abrirem às fábulas”. Que retrato perfeito da situação que vivemos!

Nas pegadas de Dom Antônio, os vestígios da Tradição

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Quem não vê neste programa de São Paulo a fiel descrição da vida de Dom Antônio, seguro transmissor da tradição que aprendera, zeloso pregador da pura palavra de Deus, sem se preocupar com repercussões mundanas ou aplausos de multidões, e corajoso combatente dos erros atuais, variados, peregrinos e estranhos a tradição católica.

Não foi sem razão que alguns não gostaram dele, como aconteceu com o próprio Nosso Senhor e como já o previra também São Paulo: “Se quisesse agradar aos homens não seria servo de Cristo“.

Esta fidelidade à Tradição da Igreja, conforme nos foi transmitida por todos os Papas, Concílios, Santos e Doutores, levou D. Antônio a escrever sábias cartas pastorais, baseadas na lídima doutrina católica, firmadas em documentos pontifícios, que ficaram famosas no mundo todo, traduzidas que foram em várias línguas.

Solícito na formação do Clero, Dom Antônio teve o consolo de ordenar muitos padres na Catedral

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Já no ano de 1953, quando o progressismo em nossa Pátria apenas dava os primeiros passos, o seu olhar perspicaz e prudente anteviu as consequências e lançou ao mundo o grande grito de alerta através da célebre Carta Pastoral “Sobre os problemas do Apostolado Moderno”, onde, baseado em documentos de Papas e Doutores da Igreja, nos adverte contra os erros concernentes à Liturgia, sobre o igualitarismo entre padres e leigos, sobre a verdadeira e falsa participação na Missa, sobre o erro do altar em forma de mesa, sobre o uso do hábito religioso, sobre as modas indecentes, sobre a moral nova, sobre questões políticas, econômicas e sociais, erros esses que infelizmente hoje adquiriam foros de cidadania na Igreja nova, apesar de já terem sido várias vezes condenados pela verdadeira Igreja de Cristo.

Todas as suas outras célebras pastorais – e são muitas -, tais como “Aggiornamento e Tradição”, “Sobre o Santo Sacrifício da Missa”, “Sobre Cursilhos de Cristandade”, “Pelo Casamento indissolúvel”, etc., são todas reflexo da mais pura doutrina ortodoxa, exatamente como nos ensinam os documentos pontifícios.

Na década de 60, Dom Antônio pregou retiro para este grupo de liguistas, em Bom Jesus. A preocupação com a instrução religiosa dos fiéis foi uma constante em sua vida

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Foi justamente esta perfeita fidelidade ao ensinamento pontifício, esta reta intenção de sempre seguir as diretrizes da Santa Igreja, que o levaram a escrever, com toda a sinceridade, ao Papa Paulo VI sobre a discordância teórica e prática entre o que se faz e ensina agora e o que a Igreja sempre fez e ensinou. Apresentando lealmente todo o seu modo de agir e ensinar, baseado em sólidos documentos, S. Exa. suplica ao Santo Padre que lhe declare se encontra algum erro na doutrina que ele expunha e se seu modo de agir destoava do acatamento devido ao supremo Magistério. A solidez da argumentação apresentada embaraçou o Vaticano que não soube o que responder.

Dom Antônio sempre gostou de salientar, agradecido, seu bom relacionamento com todo o Clero

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Foi também essa mesma fidelidade à Igreja que o levou, juntamente com o outro grande Bispo católico que se manteve fiel à Tradição, Dom Marcel Lefebvre, a apresentar ao S. P. João Paulo II, com toda a franqueza, assim como São Paulo diante de São Pedro, por duas vezes, sérias respeitosas e enérgicas reflexões sobre a atual auto-demolição da Igreja, concretizada nos erros contidos nos documentos do Concílio Vaticano II e nas reformas pós-conciliares, infelizmente patrocinados pelos membros atuais da hierarquia, em total discordância com a doutrina e prática multissecular da Igreja.

Durante muitos anos, Dom Antônio apoiou a Sociedade Brasileira de defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), naquilo que este movimento refletia a doutrina católica: a luta contra o comunismo, a reforma agrária socialista e confiscatória, o divórcio, etc… Mas, no momento em que ele percebeu os desvios deste movimento, ele soube, com toda a firmeza, romper com ele e negar o seu apoio, deixando assim para a posteridade o grande exemplo de que não devemos ser seguidores incondicionais de pessoa alguma, a não ser de Nosso Senhor, e que por fidelidade à verdade de Nosso Senhor deve-se ter a coragem de abandonar tudo o mais, ainda que seja uma amizade de mais de quarenta anos. O que importa é ser fiel à Santa Igreja e à sua doutrina.

Esta fidelidade sempre presente os diocesanos quiseram perpetuar com a placa de bronze na fachada da Catedral-Basílica, que assim reza: “A Dom Antônio de Castro Mayer, zeloso, sábio e prudente Bispo de Campos, a gratidão dos fiéis pelos 33 anos dedicados à causa da Fé e à salvação das almas. Campos, 1º de novembro de 1981″.

A sua amável simplicidade desmente quaisquer falsas idéias que tentassem propalar sobre a sua pessoa. Sua humildade, que nunca o levou a buscar a publicidade mundana, seu zelo pastoral sério, que nunca quis transformar a Igreja em um clube de serviços, sua piedade nas cerimônias, que preservava as Igrejas de espetáculos e profanações, seu amor pelos sacerdotes, que o levava a tratar os padres, mesmo os que com ele não concordavam, com respeito, caridade e discrição, sua filial devoção do Santo Rosário. Todas essas virtudes são, ao lado de sua fidelidade à Tradição, o melhor testemunho e lição para os pósteros.

E nesta comemoração dos seus 60 anos de ministério sacerdotal a serviço do Senhor, seguindo aquele mesmo programa de São Paulo, podemos, com toda a propriedade, colocar na boca de S. Exa. as mesmas palavras com que o Apóstolo resumia a sua vida: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé. Resta-me esperar a coroa da justiça que o Senhor, Justo Juiz, me dará neste dia, e não só a mim como a todos os que desejam a sua vinda“.

S. Exa. pode exclamar como o Padre Lacordaire no final dos seus dias: “Se minha espada está gasta, gastou-se no vosso serviço, Senhor!“.

O lema de seu escudo episcopal é para nós um brado de esperança: “IPSA CONTERET”. Ela esmagará. Na tormenta atual por que passamos, escurecidos por nuvens sombrias de erros e heresias, S. Exa. nos aponta a Estrela do Mar, o Auxílio dos Cristãos, a Vencedora das grandes batalhas de Deus, Nossa Senhora.

A Ela, à quem ele consagrou várias vezes a Diocese, a Ela que, desde a sua chegada ordenou que invocássemos após a Santa Missa implorando a preservação da Fé e a extirpação das heresias, a Ela devemos confiar a nossa situação, recorrer nas aflições presentes com inteira confiança na vitória. Vitória de Nosso Senhora e da Santa Igreja. Vitória da verdade. Vitória da Tradição contra o erro. “Ipsa conteret”! Ela esmagará mais uma vez a cabeça da serpente enganadora, como Deus o prometeu no Paraíso.

Que Deus proteja e conserve por muitos anos este ínclito Bispo da Santa Igreja, Dom Antônio de Castro Mayer.

Pe Fernando Arêas Rifan

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I

Essa Cruz que trazeis, pequenina e dourada,

Me recorda outra Cruz, em madeira talhada,

Maior, de mais valor…

No cimo do Calvário, um dia, foi plantada,

De seus braços pendeu a vítima imolada,

O nosso Salvador.

II

Ao Divino Pastor fostes configurado.

A Graça vos marcou. Estais crucificado

Em místico Calvário.

Conheceis a aspereza e as urzes do caminho,

Das lágrimas o travo, e o fel e o sangue e o espinho

Em vosso itinerário.

III

Sois Jesus entre nós. Mestre, Pastor e Guia,

Firme nos conduzirá à fértil pradaria

Da Fé, da Tradição.

Vossa Pena é água pura ao povo sequioso,

Vossa palavra clara é farol luminoso

Em meio à escuridão.

IV

A Deus ofereceis no Altar do Sacrifício

O Cordeiro imolado e, no Divino Ofício,

Como um novo Moisés,

Sustando a ira do céu, que provocamos tanto,

A justiça aplacais do Deus três vezes Santo,

Genuflexo a seus pés.

V

Seguindo pela estrada escura, infinda e amarga

Desta crise atual, suportando uma carga

De dores, que nos cansa,

Olhamos para Vós, marchando à nossa frente,

E vemos renascer em nosso peito, ardente,

A chama da esperança.

VI

Salve! Bispo da Igreja, indômito guerreiro,

Sentinela da Fé, arauto e pregoeiro

Da Virgem, Mãe de Deus!

Enquanto o mundo vão vocifera e se agita,

No seio maternal desta Mulher Bendita

Deus arrebanha os seus.

VII

ELA vai esmagar as hostes de Satã.

A treva de hoje augura o sol de um amanhã,

Radioso novo dia:

A IGREJA vitoriosa e pujante que avança,

Florescente de Fé, de Paz e de Esperança,

No Reino de Maria!

+++

Pe. Emanuel José Possidente


Retirado da Revista Heri et Hodie, nº 46

Campos, outubro de 1987

Artigo de : Pe. Fernando Arêas Rifan.

Poesia de: Pe. Emanuel José Possidente.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Segunda consideração dos sagrados santos estigmas.

Segunda consideração dos sagrados santos estigmas.

A segunda consideração é sobre o comportamento de São Francisco com os companheiros no referido monte.

Quanto a esta é preciso saber que, quando monsior Orlando ouviu que São Francisco com três companheiros tinha subido para morar no monte Alverne, teve uma enorme alegria e, no dia seguinte, partiu com muitos do seu castelo e foram visitar São Francisco, levando pão, vinho e outras coisas para viver, para ele e para seus companheiros. Quando chegaram lá em cima, encontraram-nos em oração.

Chegaram perto deles e os saudaram. Então São Francisco se levantou e recebeu com grande caridade e alegria monsior Orlando com a sua companhia. Feito isso, puseram-se a conversar. Depois que conversaram, e São Francisco agradeceu pelo devoto monte que ele tinha dado e pela sua vinda, ele pediu que lhe fizesse construir uma pequena cela pobre ao pé de uma faia muito bonita, que estava uma pedrada longe do lugar dos frades, pois aquele lugar lhe parecia muito devoto e apto para a oração.

Monsior Orlando mandou construí-la imediatamente. Feito isso, como a noite vinha chegando e era hora de ir embora, São Francisco, antes que eles se fossem, pregou-lhes um pouco. Depois, quando tinha pregado e lhes dado a bênção, devendo monsior Orlando partir, chamou São Francisco e os companheiros à parte e lhes disse assim: “Meus queridos frades, não é minha intenção que passeis nenhuma necessidade corporal neste monte selvagem, de modo que não possais cuidar bem das coisas espirituais. Por isso eu quero, e isto vos digo por todas as vezes, que recorrais à minha casa para todas as vossas necessidades. E se fizerdes o contrário, eu vou ter isso como um mal”. Dito isso, foi embora com sua companhia e voltou para o castelo.
Então São Francisco mandou seus companheiros sentarem e os instruiu sobre o modo e a vida que deviam ter eles e quem quer que quisesse viver religiosamente nos eremitérios. E entre outras coisas impôs-lhes especialmente a observância da santa pobreza, dizendo: “Não olheis tanto a caridosa oferta de monsior Orlando que ofendais a nossa dama, a senhora santa pobreza. Tende como certo que quanto mais nos esquivarmos da pobreza tanto mais o mundo se esquivará de nós e mais necessidade padeceremos. Mas se nós abraçarmos bem apertada a santa pobreza, o mundo virá atrás de nós e nos nutrirá copiosamente. Deus nos chamou nesta santa religião pela salvação do mundo e estabeleceu este pacto entre nós e o mundo, que nós demos ao mundo bom exemplo e o mundo cuide nós em nossas necessidades. Perseveremos, portanto, na santa pobreza, porque ela é caminho de perfeição e é garantia e penhor das nossas riquezas”.

Depois de muitas palavras bonitas e devotas, e de ensinamentos sobre essa matéria, concluiu dizendo: “Este é o modo de viver, que eu imponho a mim e a vós. E como vejo que estou me aproximando da morte, quero ficar sozinho, recolher-me com Deus e chorar diante dele os meus pecados. E Frei Leão, quando lhe parecer bem, me levará um pouco de pão e um pouco de água. De modo algum permitais que venha a mim algum secular, mas vós respondereis a ele por mim”. Dizendo essas palavras, deu-lhes a bênção e foi para a cela da faia. Os companheiros ficaram no lugar, com o firme propósito de observar os mandamentos de São Francisco.

Daí a poucos dias, estando São Francisco ao lado da referida cela, considerando a disposição do monte e admirado das grandes rachaduras e aberturas de enormes rochas, pôs-se em oração. Foi-lhe então revelado por Deus que aquelas rachaduras tão maravilhosas tinham sido feitas milagrosamente na hora da paixão de Cristo, quando, conforme diz o Evangelista, as pedras se racharam. E foi Deus quem quis que isso aparecesse especialmente no monte Alverne, porque lá deveria renovar-se a paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, na sua alma por amor e compaixão, e no seu corpo pela impressão pela impressão dos sagrados santos estigmas.

Quando São Francisco teve essa revelação, fechou-se imediatamente na cela e se dispôs a pensar no mistério dessa revelação. E, desde então, São Francisco, pela contínua oração, começou a provar mais freqüentemente a doçura da divina contemplação, pela qual ele muitas vezes ficava tão arrebatado em Deus que os companheiros o viam elevado da terra e fora de si.

Nesses arrebatamentos contemplativos eram-lhe reveladas por Deus não só as coisas presentes e futuras mas até os pensamentos secretos e os desejos dos frades, como provou em si mesmo seu companheiro Frei Leão, naquele mesmo dia. O qual Frei Leão, suportando pelo demônio uma grandíssima tentação, não carnal mas espiritual, teve grande vontade de ter alguma coisa devota escrita de própria mão por São Francisco, pensando que, se a tivesse, a tentação iria embora, totalmente ou em parte. Tendo esse desejo, por vergonha e por reverência não tinha tido coragem de dize-lo a São Francisco.

Mas o Espírito Santo lhe revelou o que Frei Leão não disse. Por isso São Francisco chamou-o a si e fez que lhe levassem tinteiro, pena e papel. E escreveu com a própria mão uma lauda de Cristo, conforme o desejo do frade, e no fim colocou-lhe o sinal do Tau e lhe entregou dizendo: “Querido irmão, eu te dou este papel. Guarda-o diligentemente até a morte. Que Deus te abençoe e te guarde contra toda tentação. Não desanimes porque tens tentações, porque é então que eu te acho amigo e mais servo de Deus e mais te amo, quanto mais és combatido pelas tentações. Na verdade eu te digo que ninguém deve ter-se como perfeito amigo de Deus enquanto não tiver passado por muitas tentações e tribulações”.
Quando Frei Leão recebeu o escrito com a maior devoção e fé, toda tentação foi embora de repente. Voltando ao lugar, contou aos companheiros com grande alegria quanta graça Deus lhe tinha feito ao receber aquele escrito de São Francisco. Enrolando-o e guardando-o diligentemente, mais tarde os frades fizeram muitos milagres com ele.

Daquela hora em diante, o dito Frei Leão. Com grande pureza e boa intenção, começou a perscrutar e considerar solicitamente a vida de São Francisco. Por sua pureza ele mereceu ver muitas e muitas vezes São Francisco arrebatado em Deus e suspenso da terra, uma vez a três braças de altura, outra quatro, uma vez até na altura de uma faia e uma vez viu-o elevado tão alto no ar e cercado de tanto esplendor que mal podia enxerga-lo.

E que fazia este simples frade quando São Francisco estava tão pouco elevado da terra que ele podia alcança-lo? Ia piedosamente, abraçava-lhe os pés, beijava-os e dizia entre lágrimas: Meu Deus, tende misericórdia de mim pecador e, pelos méritos deste santo homem, fazei-me encontrar a vossa graça”. E, uma vez entre outras, estando ele assim abaixo dos pés de São Francisco quando ele estava tão elevado da terra que não podia toca-lo, viu uma cédula escrita com letras de ouro descendo do céu e colocando-se sobre a cabeça de São Francisco. Na cédula, estavam escritas estas palavras: Aqui está a graça de Deus. Depois que a leu, ele viu que ela voltava para o céu.

Pelo dom dessa graça de Deus que estava nele, São Francisco não só era arrebatado em Deus pela contemplação estática, mas algumas vezes era até confortado pela visita dos Anjos. Assim, estando um dia São Francisco a pensar em sua morte e na situação de sua religião depois de sua vida, e dizendo: “Senhor Deus, que será, depois de minha morte, de tua família pobrezinha, que por tua bondade confiaste a mim pecador? Quem a confortará? Quem a corrigirá? Quem te pedirá por eles?” e, dizendo palavras como essas, apareceu-lhe o Anjo mandado por Deus e confortando-o assim: “Eu te digo da parte de Deus que a profissão de tua Ordem não há de faltar até o dia do juízo, e não haverá pecador tão grande que, se amar de coração a tua Ordem, não há de encontrar misericórdia da parte de Deus. E ninguém que perseguir por maldade a tua Ordem vai poder viver. E mais, ningúem muito réu na tua Ordem, que não corrija sua vida, poderá perseverar na Ordem. Por isso não fiques triste se vês alguns frades não bons, que não observam a regra como devem, e não penses então que essa religião virá a esvair-se, pois sempre haverá nela muitos e muitos que observarão perfeitamente a vida do Evangelho de Cristo e a pureza da Regra; e aqueles que, depois da vida terrena, irão diretamente para a vida eterna sem passar absolutamente pelo purgatório. Alguns não vão observa-la perfeitamente e até os que vão para o paraíso passarão pelo purgatório, mas o tempo de sua purgação será confiado por Deus a ti. Mas não te preocupes com aqueles que não vão mesmo observar a Regra, diz Deus, porque nem ele se preocupa”. Ditas essas palavras, o anjo foi embora e São Francisco ficou todo confortado e consolado.

Aproximando-se, pois, a festa da Assunção de nossa Senhora, procurou a oportunidade de um lugar mais solitário e secreto em que pudesse fazer a mais à parte a quaresma de São Miguel Arcanjo, que começava na dita festa da Assunção. Por isso chamou Frei Leão e lhe disse assim: “Vai e fica na porta do lugar dos frades; quando eu te chamar, voltarás a mim”. Frei Leão foi e ficou à porta. São Francisco demorou um pouco e o chamou com força. Ouvindo chamar, Frei Leão voltou a ele e São Francisco lhe disse: “Filho, vamos procurar outro lugar mais secreto onde não me possas ouvir assim quando eu te chamar”.

Procurando, viram no lado do monte, na parte do sul, um lugar secreto e muito bem adequado, como ele queria. Mas não se podia chegar lá, porque na frente havia uma abertura na rocha muito terrível e amedrontadora. Com muita fadiga, puseram em cima dela um tronco como ponte e passaram para o outro lado. Então São Francisco mandou chamar os outros frades e lhes disse como queria fazer a quaresma de São Miguel naquele lugar solitário.

Pediu então que lhe fizessem uma pequena cela de modo que, por mais que ele gritasse, não poderia ser ouvido por eles. Feita a celinha de São Francisco, ele lhes disse: Voltai para o vosso lugar e deixai-me aqui sozinho pois, com a ajuda de Deus, pretendo fazer aqui esta quaresma sem estropício da mente. Por isso, nenhum de vós venha a mim, nem permitais que venha algum secular. Mas só tu, Frei Leão, uma só vez por dia virás a mim com um pouco de pão e de água, e à noite uma outra vez na hora de matinas. Então virás a mim em silêncio e, quando estiveres no começo da ponte, dirás: Domine, labia mea aperies. E se eu te responder, passa e vem à cela que vamos dizer juntos as matinas. Se eu não te responder, volta imediatamente”. São Francisco dizia isso porque algumas vezes era arrebatado em Deus e então não ouvia nem sentia nada com sentimentos do corpo. Dito isso, São Francisco deu-lhes a bênção, e eles voltaram para o lugar.

Chegando, portanto, a festa da Assunção, São Francisco começou a santa quaresma e, macerando o corpo com grandíssima abstinência e aspereza, mas confortando o espírito com fervorosas orações, vigílias e disciplinas, crescendo sempre nessas orações de virtude em virtude, dispunha sua alma a receber os mistérios divinos e os divinos esplendores, e o corpo a suportar as batalhas cruéis dos demônios, com os quais muitas vezes combatia sensivelmente. Entre outras, houve uma vez, naquela quaresma em que saindo um dia São Francisco da cela ficando bem perto dali em oração na cavidade de um rochedo, do qual, até lá embaixo no chão há uma grandíssima altura e um horrível e amedrontador precipício, de repente veio o demônio, com tempestade e grandíssimo rumor, em uma forma horrível, e bateu nele para joga-lo dali para baixo.
Como São Francisco não tinha para onde fugir e não podia suportar o aspecto crudelíssimo do demônio, voltou-se de repente com as mãos, o rosto e todo o corpo para a rocha e, recomendando-se a Deus, tateando com as mãos sem poder agarrar-se a nada. Mas, como aprouve a Deus, que nunca permite que seus servos sejam tentados mais do que podem agüentar, de repente, por milagre, a rocha em que ele se encostou foi cavada de acordo com a forma do seu corpo e o recebeu em si, como se ele tivesse posto as mãos e o rosto em cera líquida, assim na referida rocha ficou marcada a forma das mãos e do rosto de São Francisco. Assim, ajudado por Deus, escapou do demônio.

Mas o que o demônio não pode fazer então com São Francisco, joga-lo dali para baixo, aconteceu depois, um bom tempo depois da morte de São Francisco, a um seu querido e devoto frade. Ele, arrumando naquele mesmo lugar alguns troncos para poderem ir lá sem perigo por devoção a São Francisco e do milagre que lá fora feito, um dia o demônio o empurrou quando ele levava na cabeça um tronco grande que queria colocar, e o fez cair lá embaixo, com o tronco na cabeça. Mas Deus, que tinha salvado e preservado São Francisco de cair, pelos seus méritos salvou e preservou o devoto frade seu do perigo da queda.

Por isso, quando ia caindo, o frade se recomendou a São Francisco com grandíssima devoção e em alta voz. Ele apareceu de repente, pegou-o e o colocou lá embaixo, em cima das pedras, sem nenhuma pancada ou lesão. Como os outros frades ouviram o seu grito quando estava caindo, crendo que estivesse morto e esmigalhado pela alta queda sobre rochas cortantes, com grande dor e pranto apanharam o caixão e foram ao outro lado do monte para levar seus pedaços a sepultar.

Quando já tinha descido o monte, o frade que tinha caído encontrou-se com eles com o tronco na cabeça, e cantava em altas vozes o Te Deum laudamus. Com grande maravilha dos frades, ele lhes contou direitinho todo o modo da sua queda e como São Francisco o havia libertado de todo perigo. Então todos os frades juntos foram com ele para o lugar, cantando com muita devoção o predito salmo Te Deum laudamus, louvando e agradecendo a Deus e a São Francisco pelo milagre que tinha operado por seu frade.
Prosseguindo então São Francisco, como foi dito, a referida quaresma, embora sustentasse muitas batalhas do demônio, também recebia muitas consolações de Deus, não só por visitas de anjos, mas por pássaros selvagens: pois em todo aquele tempo da quaresma um falcão fez ninho ali perto de sua cela e, toda noite, um pouco antes de matinas, com o seu canto e batendo-se contra a sua cela, despertava-o e não ia embora enquanto São Francisco não se punha em pé para dizer as matinas. Quando São Francisco estava mais cansado, uma vez ou outra, ou débil ou enfermo, o falcão, como pessoa discreta e compassiva, cantava mais tarde. E assim São Francisco ficava muito contente com esse santo relógio, porque a grande solicitude do falcão afastava dele toda preguiça e o solicitava a orar, e, além disso, de dia ficava algumas vezes domesticamente com ele.

Finalmente, quanto a esta segunda consideração, estando São Francisco muito enfraquecido no corpo, tanto pela grande abstinência como pelas batalhas do demônio, querendo confortar o corpo com o alimento espiritual da alma, começou a pensar na desmesurada glória e gáudio dos bem-aventurados na vida eterna. Estava pensando isso quando lhe apareceu um Anjo com grande esplendor, que tinha uma viola na mão esquerda e um arco na direita. Estando São Francisco todo estupefato pelo aspecto do Anjo, ele passou uma vez o arco sobre a viola; e, de repente, tanta suavidade de melodia dulcificou a alma de São Francisco e a suspendeu de todo sentimento corporal, que, como ele contou depois aos companheiros, não duvidava que, se o anjo tivesse puxado o arco para baixo sua alma teria partido do corpo, pela doçura intolerável.

E isto é quanto à segunda consideração.
Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco. Amém.

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