quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Código de Honra da Cavalaria.

Fonte:
Militia Sanctae Mariae - Observantia SS Cordis /

Ordem dos Cavaleiros de Santa Maria
Obediência aos Sagrados Corações de Jesus e Maria,
França.

Opportune, Importune! (Em tempos oportunos ou importunos!)

1. O Cavaleiro batalha por Cristo e seu Reino.
2. O Cavaleiro serve à sua Dama, a Bem-Aventurada Virgem Maria.
3. O Cavaleiro defende a Santa Igreja até o derramamento de seu próprio sangue.
4. O Cavaleiro mantém as tradições de seus pais.
5. O Cavaleiro luta por Justiça, Ordem Cristã e Paz.
6. O Cavaleiro move guerra sem trégua nem misericórdia contra o Mundo e seu Príncipe.
7. O Cavaleiro honra e protege os pobres, os fracos e os necessitados.
8. O Cavaleiro despreza o dinheiro e os poderes deste Mundo.
9. O Cavaleiro é humilde, magnânimo e leal.
10.O Cavaleiro é puro e cortês, ardente e fiel.

Notem a correlação desse Código com os 10 mandamentos.

Quem dera a nossa juventude crescesse pautada por tais valores e diretrizes...quantos erros seriam evitados, quantas virtudes seriam praticadas, como a sociedade seria bem ordenada, como Deus seria glorificado!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Atos de heroísmo, mesmo por trás da renúncia papal...

POR TRÁS DA RENÚNCIA...
Dom Fernando Arêas Rifan*

A Igreja é repleta de mistérios, sendo ela mesma um mistério, como um sacramento, no qual uma coisa é o que aparece, outra é o que realmente é. E a Igreja, à semelhança de seu Divino Fundador, tem sua parte divina e humana. Divina na sua instituição, doutrina e graça salvífica que nos transmite, e humana nos seus membros, muitas vezes pecadores, ela “é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificação” (L.G. 8).

Pessoas nem sempre imbuídas de espírito de Fé especulam os problemas da Igreja católica, demasiadamente focados na sua parte humana, organizacional e estrutural, esquecendo-se da parte divina, muito mais importante, e a presença nela do seu Fundador, que a assiste através do Divino Espírito Santo. Mas, há já dois mil anos, ela “continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus” (L.G. 8).

Mas afinal o que há por trás da renúncia de Bento XVI. Além dos motivos visíveis, apontados pelo próprio Papa – “forças já não idôneas, vigor do corpo e do espírito, devido à idade avançada” – existem outros fatores ocultos. Todos estão curiosos e eu vou lhes revelar o que realmente está por detrás dessa atitude do Papa.

Só é capaz de renunciar a esse cargo de tal importância e influência quem, olhando muito além das perspectivas humanas, tem uma profunda Fé em Deus, na divindade da sua Igreja e na assistência daquele do qual o Papa é o representante na terra: “confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo” (Bento XVI).

E como a Fé é a base da Esperança e da confiança, por trás dessa renúncia há uma sublime confiança em Deus: a barca de Pedro não soçobrará nas ondas desse mar tempestuoso, nem depende de nós para isso: “as forças do Inferno não poderão vencê-la” (Mt 16, 18).

Por trás dessa renúncia, vemos um grande amor a Deus e à sua Igreja: “uma decisão de grande importância para a vida da Igreja”, como disse ele.

Um grande desapego do alto cargo e influente posição, declarando-se apenas um humilde servidor, uma profunda humildade, não se julgando necessário e reconhecendo a própria fraqueza e incapacidade, de corpo e de espírito, para exercer adequadamente o ministério petrino, e ao pedir perdão – “peço perdão por todos os meus defeitos”.

Ao lado do heroísmo do Beato João Paulo II de levar o sofrimento pessoal até o fim, temos o grande heroísmo de Bento XVI de renunciar por amor à Igreja, para evitar qualquer sofrimento para ela. No começo da Igreja, no tempo das perseguições, houve cristãos que resolveram ficar onde estavam e enfrentar o martírio. Exemplo de fortaleza. Houve outros cristãos, que temendo a perseguição e a própria perseverança, acharam melhor fugir da perseguição e se refugiar no deserto, para rezar e fazer penitência, longe do mundo. Exemplo de humildade. Houve santos de ambas as posturas, os que enfrentaram e os que se retiraram. Heroísmo de fortaleza e heroísmo de humildade, frutos da Fé. A Igreja é feita de heróis da Fé!



*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

Legenda Perusina 41-45.

[41]

Afirmava que os frades menores tinham sido enviados pelo Senhor nos últimos tempos para darem exemplos de luz aos que estavam envolvidos pela escuridão dos pecados. Dizia que se enchia de suavíssimos odores e pela virtude de preciosos ungüentos quando ouvia contar os feitos dos santos frades espalhados pelo mundo. Aconteceu que certo frade, uma vez, diante de um senhor nobre da ilha de Chipre, lançou uma palavra de injúria contra um outro frade. O qual, quando viu que o irmão estava um tanto ferido pela ferida da palavra, pegou esterco de asno e, aceso pela vingança de si mesmo, enfiou-o na própria boca para mastigá-lo, dizendo: ”Mastigue esterco a língua que derramou o veneno da ira sobre o meu irmão”. Vendo isso, aquele homem, atônito, foi embora muito edificado, e a partir daí ofereceu a si e suas coisas à vontade dos frades. Isso todos os frades observavam infalivelmente por costume: se algum deles lançasse sobre o outro uma palavra de perturbação, prostrava-se por terra para acariciar com beijos o pé do ofendido, mesmo que não quisesse. O santo exultava com essas coisas quando ouvia que seus filhos davam exemplos de santidade por si mesmos, acumulando de bênçãos digníssimas por todos os títulos esses frades que por palavra ou obra levavam os pecadores ao amor de Cristo. Pelo zelo das almas, de que estava perfeitamente repleto, queria que seus filhos correspondessem a ele por verdadeira semelhança.



[42]

Perto do fim de sua vocação para o Senhor, disse-lhe um frade: “Pai, tu vais passar, e a família que te seguiu vai ser deixada no vale das lágrimas. Indica alguém, se o conheceres na Ordem, em quem teu espírito repouse, a quem se possa impor com segurança a carga do ministério geral”. São Francisco respondeu, vestindo todas as palavras com suspiros: “Filho, não vejo um comandante para um exército tão variado, nenhum pastor para tão amplo rebanho. Mas quero descrever para vós um em que reluza como deva ser o pai desta família”. “Deve ser um homem, disse, de vida gravíssima, de grande discrição, de fama louvável. Um homem que não tenha amizades particulares, para não causar escândalo no todo enquanto gosta mais de uma parte. Um homem que seja amigo do esforço da santa oração, que reserve certas horas para a alma e outras para o rebanho que lhe foi confiado. Pois logo cedinho deve começar com os sacramentos da missa e, numa longa oração, encomendar a si mesmo e o rebanho à proteção divina. Mas depois da oração ponha-se em público para ser depilado por todos, para responder a todos, para prover a todos com mansidão. Um homem que, por acepção de pessoas, não tenha um ângulo sórdido, diante de quem não valha menos o cuidado dos menores e dos simples que o dos sábios e maiores. Um homem a que, se lhe tiver sido dado o dom de se destacar pelo dom da literatura, carregue ainda mais em seus costumes a imagem da piedosa simplicidade, e fomente a virtude. Um homem que execre o dinheiro, principal corrupção da nossa profissão e perfeição, e que, como cabeça de nossa religião, apresentando-se aos outros para ser imitado, jamais abuse de pecúlio algum”.



[43]

“Para ele deveria bastar, dizia, ter para si o hábito e o caderninho, e para os frades um porta-penas e o selo. Não seja amontoador de livros, nem muito entregue à leitura, para não tirar do seu encargo e que privilegia para o estudo. Um homem que console os aflitos, por ser o último refúgio dos atribulados, para que não venha a prevalecer nos enfermos a doença do desespero se faltarem junto dele os remédios para a saúde. Para dobrar à mansidão os atrevidos, prosterne-se, ceda alguma coisa a que tem direito para lucrar a alma para Cristo. Não feche as entranhas da piedade para os egressos da Ordem, como para ovelhas que pereceram, sabendo que as tentações são muito fortes, e podem levar a uma queda tão grande”. “Quisera que ele fosse por todos honrado no lugar de Cristo, e que em tudo lhe provessem com a benevolência de Cristo. Na verdade, convém que não se alegre com as honras, nem se deleite mais com os favores que com as injúrias. Se alguma vez precisar comer mais, assuma-o em lugares públicos e não nos escondidos, para que os outros não fiquem com vergonha de cuidar de seus corpos. Cabe principalmente a ele distinguir as consciências escondidas e fazer brotar a verdade dos veios mais ocultos. Não falhe de maneira alguma na forma viril de justiça, Virilem formam iustitie nullatenus labefactet, pois sinta tão grande cargo mais como um pêso que como uma honra. Entretanto, não nasça a moleza da mansidão supérflua, nem a dissolução da disciplina de uma indulgência relaxada, de modo que, com amor por todos, não deixe de ser terror para os que fazem o mal”. “Quero que eles tenham companheiros dotados de honestidade, que a ele e entre si dessem exemplo de todos os bens; firmes diante das angústias, afáveis como é conveniente, e que recebessem com jovialidade todos os que chegassem.. Eis, disse, como deveria ser o ministro geral”.



[44]

Interrogado uma vez por que tinha assim rejeitado todos os frades do seu cuidado, entregando-os a outras mãos, como se não lhes pertencessem, respondeu: “Filho, amo os frades como posso; mas, se seguissem meus vestígios, certamente os amaria mais e não ficaria alheio a eles. Pois há alguns entre os prelados que os arrastam para outras coisas, propondo-lhes exemplos dos antigos e fazendo pouco dos meu avisos. Mas no fim vai ser visto o que estão fazendo”. Pouco depois, quando foi oprimido por doença demasiada, em sua cama dirigiu com veemência de espírito dizendo: “Quem são esses que arrebataram de minhas mãos a minha religião e os meus irmãos? Se eu for ao capítulo geral, vou lhes mostrar qual é minha vontade”.



[45]

O bem-aventurado Francisco não se envergonhava de pedir carne para um frade doente nos lugares públicos das cidades. Mas admoestavam o que se sentiam mal a sofrer com paciência as privações, e a não criarem escândalo se não fizessem tudo que queriam. Por isso fez escrever estas palavras numa das Regras: “Rodo a todos os meus irmãos doentes que, em suas doenças, não se irem ou perturbem contra o Senhor ou contra os frades, Não peçam remédios com muita insistência; nem desejem demasiadamente libertar a carne, que logo vai morrer, e que é inimiga da alma. Dêem graças por tudo, e desejem ser como Deus quer que sejam. Pois Deus ensina com os estímulos dos flagelos e das doenças aqueles que Ele preordenou para a vida eterna, como Ele mesmo disse: repreendo e castigo os que amo (cfr. Heb 12,6; Apoc 3,19)”.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Legenda Perusina 16-20.

[16]

Quando os frades ministros lhe sugeriram que concedesse alguma coisa, pelo menos em comum, para que tamanha multidão tivesse ao que recorrer, São Francisco invocou Cristo na oração e o consultou a respeito. Ele respondeu imediatamente que tirasse todas as coisas, tanto em particular como em comum, dizendo esta é a sua família, que estava sempre pronto para prove-la, por mais que crescesse, e que sempre a ajudaria, enquanto esperasse nele.



[17]

Quando o bem-aventurado Francisco estava em certo monte com Frei Leão de Assis e Frei Bonício de Bolonha para fazer a Regra - porque a primeira, que tinha mandado escrever ouvindo Cristo - muitos ministros se reuniram com Frei Elias, que era o vigário do bem-aventurado Francisco, e lhe disseram: “Ouvimos que esse Frei Francisco está fazendo uma regra nova; tememos que a faça tão áspera que não a possamos observar. Queremos que te apresentes a ele e lhe digas que nós não queremos ser obrigados a essa Regra; faça-a para ele, não para nós”.

Frei Elias respondeu-lhes que não queria ir, pois temia a repreensão de Frei Francisco. Como eles insistiam para que fosse, disse que não iria sem eles. Então, foram todos. Quando Frei Elias estava com esses ministros perto do lugar onde estava o bem-aventurado Francisco, chamou-o; quando o bem-aventurado Francisco respondeu e viu os referidos ministros, disse: “O que querem esses frades?” Frei Elias respondeu: “Estes são ministros, que, ouvindo dizer que fazes uma nova Regra, e temendo que a faças áspera demais, dizem e protestam que não querem ser obrigados a ela. Que a faças para ti, e não para eles”.

Então o bem-aventurado Francisco voltou sua face para o céu e assim falou com Cristo: “Senhor, eu não disse que não creriam em ti?” Então se ouviu no ar a voz de Cristo que respondia: “Francisco, não há nada de teu na Regra; tudo que está lá é meu”. E quero que a regra seja observada à letra, à letra, à letra, e sem glosa, sem glosa, sem glosa”. E acrescentou: “Eu sei do que é capaz a fraqueza humana e quanto quero ajudá-los. Os que não quiserem observá-la, que saiam da Ordem”. Então o bem-aventurado Francisco voltou-se para aqueles frades e lhes disse: “Ouvistes? Ouvistes? Querem que os faça ouvir outra vez?”. Então aqueles ministros, confundidos e reconhecendo sua culpa, foram embora.



[18]

Quando o bem-aventurado Francisco estava no capítulo geral em Santa Maria dos Anjos, que foi chamado capítulo das esteiras, e estavam presentes cinco mil frades, muitos irmãos sábios e doutos por sua ciência disseram ao senhor Cardeal, que depois foi Papa Gregório IX, que estava presente no capítulo, que convencesse o bem-aventurado Francisco, a seguir os conselhos dos referidos frades sábios e deixasse que eles o guiassem de vez em quando, alegando a Regra do bem-aventurado Bento, do bem-aventurado Agostinho e do bem-aventurado Bernardo, que ensinam assim e assim aviver ordenadamente.

Então o bem-aventurado Francisco, ouvindo a palavra do Cardeal sobre isso, tomou-o pela mão e o levou onde os frades estavam reunidos em capítulo e assim falou aos irmãos: “Irmãos meus, irmãos meus, Deus me chamou pelo caminho da humildade e me mostrou o caminho da simplicidade: não quero que me falem de nenhuma Regra, nem de Santo Agostinho, nem de São Bernardo, nem de São Bento. O senhor me disse que queria que eu fosse um “moço doido” no mundo; e Deus não quis conduzir-nos por outro caminho mas por esta ciência; mas por vossa ciência e sabedoria Deus vai confundir-vos. Mas eu confio nos esbirros do Senhor, que vai punir-vos através deles, e ainda voltareis ao vosso estado, ao vosso vitupério, queirais ou não”. Então o Cardeal ficou estupefato e não respondeu nada. Todos os frades ficaram com medo.



[19]

Embora o bem-aventurado Francisco quisesse que seus filhos vivessem em paz com todas as pessoas e que a todos se apresentassem como pequeninos, ensinou pela palavra e mostrou pelo exemplo que deviam ter a maior humildade diante dos clérigos. Pois dizia: “Fomos enviados para ajudar os clérigos para a salvação das almas, para que o que houver de menos neles seja suprido por nós. Cada um recebe o prêmio não segundo a autoridade mas segundo o trabalho.

Sabei, irmãos, que é agradabilíssimo para Deus o lucro ou o fruto das almas, e que se pode consegui-lo mais com a paz do que com a discórdia dos clérigos. Se eles estiverem impedindo a salvação dos povos, a vingança cabe a Deus e Ele há de retribuí-los no seu tempo. Por isso, sede submissos aos prelados, para não suscitar ciúmes no que depender de vós. Se fordes filhos da paz, lucrareis para Deus o clero e o povo, o que Deus acha mais aceitável do que lucrar só o povo, escandalizando o clero. Encobri, disse, as suas quedas, supri suas múltiplas deficiências; e quando fizerdes essas coisas, sede mais humildes”.



[20]

Uma vez alguns frades disseram ao bem-aventurado Francisco: “Pai, será que não vês que às vezes os bispos não nos permitem pregar, e nos fazem ficar muitos dias ociosos em algum lugar, antes de podermos pregar ao povo? Seria melhor que pedisses que os frades tivessem um privilégio do senhor papa, e fosses a salvação das almas”.

Respondeu-lhes com uma grande repreensão, dizendo: “Vós, Frades menores, não conheceis a vontade de Deus, e não me permitis converter todo o mundo, como Deus quer. Porque eu quero converter primeiro os prelados, pela humildade e a reverência, e quando eles virem vossa vida santa e a reverência que tendes para com eles, vão rogar eles mesmos que vós pregueis e convertais o povo. E vão convoca-lo para vós melhor do que os privilégios que quereis, que vos levarão à soberba. Se fordes alheios a toda avareza e inculcardes ao povo para que entreguem às igrejas os seus direitos, eles mesmos vão rogar que escuteis a confissão do seu povo; ainda que não devais pensar nisso, porque, se se converterem, vão saber encontrar confessores. Eu quero para mim este privilégio do Senhor: não ter nenhum privilégio que venha dos homens, a não ser prestar reverência a todos e pela obediência da santa Regra converter a todos mais pelo exemplo do que pela palavra”.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Jejum e Abstinência.


Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.

Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].
A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252].

Jejum e abstinência tradicionais conforme o Código de Direito Canônico de 1917.

Entre 1917 e o Novo Código de 1983, certos países tinham dias de jejum e abstinência particulares, e.g., os Estados Unidos tinham a vigília da Imaculada Conceição em vez da Assunção como dia de abstinência; dispensas para S. Patrício e São José, etc. Não é possível relacioná-los todos. Publicamos as prescrições do código de 1917, com menção da extensão do jejum e abstinência até meia noite do Sábado Santo que foi ordenada por Pio XII.

Dias de jejum simples:

O jejum consiste numa refeição completa e duas menores, que juntas são menos que uma refeição inteira. Não é permitido comer entre as refeições, mas líquidos podem ser tomados. É permitido comer carne em dia de jejum simples. Os dias de jejum simples são: segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Quaresma. [Cânon 1252/3]
Todos eram vinculados à lei do jejum a partir dos 21 até os 60 anos.

Dias de abstinência:
A abstinência consiste em abster-se de comer carne de animais de sangue quente, molhos ou sopa de carne nos dias de abstinência. A abstinência era em todas as sextas-feiras, a não ser que fosse um Dia de Guarda [cânon 1252/4]. A lei da abstinência vinculava a todos que tinham completado 7 anos de idade. [Cânon 1254/1].

Dias de jejum e abstinência:
O jejum e abstinência consistem numa refeição completa e duas refeições menores que juntas são menos que uma refeição inteira. Não era permitido comer carne de animais de sangue quente, molhos e sopas de carne. Não era permitido comer entre as refeições, embora bebidas pudessem ser tomadas. Esses dias eram: quarta-feira de cinzas, toda sexta e sábado da Quaresma (até meia noite no Sábado Santo), em cada uma das Quatro Temporas, Vigília de Pentecostes, Assunção, Todos os Santos e Natal. [Cânon 1252/2]

Os dias tradicionais de abstinência aos que usam o Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo são Quartas e Sábados.

Fonte: The year of Our Lord Jesus Christ 2009, The Desert Will Flower Press (do website Fratres in Unum).

AS QUATRO TÊMPORAS (fonte: http://preciosodeposito.blogspot.com.br).


O Papa Gregório fixou as Têmporas da seguinte forma:

3ª Semana do Advento (Têmporas do Advento)

1ª Semana da quaresma (Têmporas da Quaresma)

Semana de Pentecostes (Têmporas de Pentecostes)

Semana do 17º Domingo depois de Pentecostes (Têmporas de Setembro)

Para termos uma noção mais simplificada sobre as têmporas, seria basicamente uma miniquaresma durante quatro vezes ao ano. Nesse período dedicamos nossas práticas de piedade pedindo perdão pelos pecados cometidos e em ação de graças pelos dons concedidos por ele a nós.

A Dignidade da Missa.

Santo Afonso, nesta meditação nos ajuda a refletir sobre o infinito valor da Santa Missa diante de Deus e nos ajuda a nos revermos sobre como temos participado da Eucaristia:

I. Nunca um sacerdote celebrará a Santa Missa com a necessária devoção, nem nunca o cristão lhe assistirá com o devido respeito, se não tiverem de tamanho sacrifício e estimação que merece.

“É certo”, diz o Concílio de Trento, “que o homem não faz ação mais sublime e mais santa do que a celebração da Missa”; mais, Deus mesmo não pode fazer que se cometa no mundo ação mais sublime do que esta.

A Missa não é somente uma recordação do sacrifício da Cruz, senão o mesmo sacrifício, porque em ambos o oferente é o mesmo, a mesma é a vítima, a saber: o Verbo encarnado. A diferença está unicamente no modo de se oferecer; porquanto o sacrifício da Cruz foi feito com derramamento de sangue, e o sacrifício da Missa é incruento. No primeiro Jesus Cristo morreu verdadeiramente, no segundo morre de morte mística. Por isso, todos os sacrifícios antigos, apesar da grande glória que deram a Deus, não foram senão uma sombra e figura de nosso sacrifício do altar.

Todas as honras que jamais tem dado e darão a Deus os anjos com os seus louvores, os homens com as suas boas obras, penitências e martírios, e mesmo a divina Mãe com a prática das mais sublimes virtudes, nunca chegaram nem poderão chegar a glorificar o Senhor tanto como uma só Missa. A razão é que todas as honras das criaturas são honras finitas, mas a glória que Deus recebe no sacrifício do altar, no qual se lhe oferece uma vítima de valor infinito, é uma glória igualmente infinita.
Numa palavra, a Missa é uma ação pela qual se tributa a Deus a maior honra que lhe pode ser tributada. Pela Missa cumprimos o nosso dever primário, sublime e essencial, o de louvarmos a Deus segundo a sua grandeza.

Se tu, que fazes a presente meditação, tens a grande dita de ser padre, emprega toda a diligência para celebrar este divino sacrifício com a maior pureza e devoção possíveis.

Lembra-te de que a maldição fulminada contra aqueles que exercem as funções sagradas negligentemente, diz exatamente respeito aos sacerdotes que celebram a Missa de modo irreverente: “Maldito o que faz a obra de Deus com negligência”(Jr 48,10).

Se não és padre, esforça-te por ouvir ao menos cada dia devotamente a Missão, mesmo à custa de algum incômodo; especialmente nestes dias de carnaval, para desagravar Jesus dos ultrajes que lhe são feitos.

Santa Margarida de Cortona desejava ter para amar e louvar a Deus tantos corações e tantas línguas, quantas são as estrelas do céu, as folhas das árvores, as gotas de água do mar. Mas o Senhor dignou-se dizer-lhe: “Consola-te; se ouvires devotamente uma única Missa, tributar-me-ás toda a glória que possa desejar, e infinitamente mais”.

Meu Deus, adoro a vossa majestade e grandeza infinita; comprazo-me com as vossas infinitas perfeições e quizera honrar-vos tanto quanto mereceis. Que honra Vos posso tributar eu, miserável pecador digno de mil infernos?

“Eterno Pai, ofereço-vos o sacrifício que o vosso dileto Filho fez de si mesmo sobre a cruz, e agora renova sobre o altar. Eu Vo-lo ofereço em nome de todas as criaturas em união com as Missas que já foram celebradas e ainda serão celebradas em todo o mundo, para Vos adorar e louvar como mereceis; para agradecer os vossos inúmeros benefícios; para aplacar a vossa ira, excitada por tantos pecados nossos; e dar-vos uma satisfação digna, para Vos suplicar por mim, pelo mundo e pelas almas do purgatório”.

Ó Maria, minha Mãe, em vós repousou o Deus que se sacrifica sobre os nossos altares, ajudai-me a ouvir sempre (e celebrar) a Missa com a devida devoção.

Jaculatórias da Alma Penitente.

Gemidos da alma penitente - jaculatórias do Pe. Manuel Bernardes

PADRE MANUEL BERNARDES (1644-1710)

O Padre Manuel Bernardes, oratoriano, nasceu em Lisboa. São de Mendes dos Remédios as palavras seguintes: “Vieira e Bernardes [...] distanciaram-se na prédica como na vida. Vieira foi um lutador; a sua vida prende-se por mais de um laço à história política de Portugal; Bernardes viveu o melhor e maior tempo da sua vida — 36 anos — entregue à meditação e à redação dos seus livros na pobre cela da Congregação do Oratório. Lendo-os com atenção, escreve Antônio Feliciano de Castilho, sente-se que Vieira, ainda falando do Céu, tinha os olhos nos seus ouvintes; Bernardes, ainda falando das criaturas, estava absorto no Criador. Vieira vivia para fora, para a cidade, para a corte, para o mundo; Bernardes, para a cela, para si, para o seu coração. Vieira estudava galas e louçainhas de estilo. Bernardes era como estas formosas de seu natural, que se não cansam com alindamentos, a quem tudo fica bem, que brilham mais com uma flor apanhada ao acaso do que outras com pedrarias de grande custo.”

A coleção das obras do Padre Manuel Bernardes compreende dezenove volumes, entre os quais se contam os Sermões e Práticas, os Exercícios Espirituais e Meditações da Vida Purgativa, Os Últimos Dias do Homem, os Tratados Vários, em cujo 2º tomo entra o Pão Partido em Pequeninos, alguns opúsculos e as suas melhores obras, Luz e Calor e a Nova Floresta. Durante o largo período em que viveu na Congregação do Oratório, o Padre Bernardes não cessou de trabalhar, até perder a vista e a lucidez dois anos antes de morrer.

As Jaculatórias que transcrevemos a seguir se encontram no fim da Segunda Parte de Luz e Calor.


O P Ú S C U L O V

ORAÇÕES JACULATÓRIAS, OU SETAS ESPIRITUAIS PARA ATIRAR AO CÉU E FERIR O CORAÇÃO DE DEUS

O modo de exercitar esta Oração dissemos acima na Doutrina VII. Agora damos alguns exemplos, ou fórmulas das Jaculatórias; não para que a alma devota se ate a palavras certas, e as profira mais como lição decorada na memória do que como parto afetuoso da vontade; senão para que, à vista destes exemplos, conheça melhor o modo de as fazer, e adestre o seu arco. Vão repartidas em três como aljavas, conforme as três vias do Espírito, Purgativa, Iluminativa e Unitiva (que Molinos impiamente chamava o maior disparate da Mística); e assim podemos dizer que as primeiras são de ferro, as segundas de prata, e as terceiras de ouro; se bem aquelas ferirão mais altamente o coração de Deus que procederem de maior auxílio de sua graça, e maior intenção da nossa caridade. Se o Leitor achar em alguma aljava seta que parece pertencer mais propriamente a outra, não forme disso reparo, porque estas coisas morais pouco importa se não pesem ouro fio com os escrúpulos da balança Teológica.

1º — GEMIDOS DA ALMA PENITENTE PARA OS PRINCIPIANTES

DÉCADA I

405 — Senhor Deus: eu sou a miséria, a ingratidão, a indignidade; sou um pecador vilíssimo, a quem não devia cobrir o Céu nem sustentar a Terra. Havei de mim misericórdia, e salvai-me por amor de vossa bondade.

Pai: pequei contra o Céu, e em vossa presença; não sou digno de me chamar filho vosso; fazei-me como qualquer de vossos mercenários.

Lavai-me, meu Senhor Jesus Cristo, nas correntes de Vosso precioso Sangue; e limpai minha alma das manchas de todo o pecado.

Desgarrei-me como ovelha perdida. Que fora de mim, ó bom Pastor, se me não buscásseis, e tomásseis sobre vossos ombros?

Eis aqui está à vossa porta o pobre: eis aqui o leproso e cego, e tolhido, e coberto de inumeráveis chagas. Não necessitam de médico os sãos, mas os enfermos; vinde, e curai-me com a vossa palavra, para glória de vosso nome.

Que era eu, Senhor, no meio de meus vícios, e fora de vossa graça, senão um cão morto, coberto das moscas dos demônios, que em minha podridão se cevavam. Vistes minha miséria, e vos apiedastes. Destes-me vida e misericórdia. Oh, bendito seja tal amor!

Inclinai, Senhor, para mim vossos amorosos olhos, e apagai meus pecados. Concedei-me a graça da renovação de meu espírito, com uma vida totalmente conforme à vossa lei.

Deus meu: proponho firmemente, com o auxílio de vossa graça, não admitir jamais ofensa vossa. Oh! não mais pecar, não mais desprezar vossos preceitos; guardá-los, sim, mais que as meninas dos meus olhos.

Senhor: alcance eu de vós esta mercê; que, no ponto em que certamente hei de cair de vossa graça, antes caia morto de repente; porque viver com injúria vossa pior morte é que a mesma morte, e maior desgraça que o inferno.

Jesus amorosíssimo, Jesus minha Redenção e remédio: de tantas lágrimas que andando neste mundo chorastes, dai-me uma para que amoleça este coração, e o derreta pelos olhos. Dai-me uma lágrima vossa, para que a apresente a vosso Eterno Padre em remissão de meus pecados.

DÉCADA II

406 — Não entreis, Senhor, em juízo com vosso servo; porque nenhum vivente se justificará diante de vós. De mil cargos que me fizerdes, não poderei responder a um só. Todo me entrego nos braços de vossa misericórdia.

Que maldade há no mundo tão execrável, que eu não esteja pronto para a cometer? Senhor, amarrai com as cadeias de vosso santo temor as fúrias de minha liberdade; porque sou capaz de tornar a crucificar-vos.

Isto me pasma, Senhor: como não respeitei vossa presença! Como não temi vossa indignação! Como me não compadeci de vossas dores! Como pisei vosso Sangue! Como não correspondi a tanto amor! Não pode haver maior cegueira.

Pecaste, alma minha: diz-me, agora, que fruto tiraste do teu pecado? Amaste as criaturas mais que ao Criador: que te ficou rendendo esta desordem? Perda da amizade de Deus, e do direito à sua glória, remorso de consciência, costume de tornar a pecar, escravidão ao demônio, reato da culpa, dívida da pena eterna. Oh, quem dera rios de lágrimas a meus olhos, para lamentar tão grave desgraça!

Vinde, vinde, Senhor, ao meu coração; formai um azorrague das cordas de vosso amor e temor, e lançai daqui todos os maus afetos que profanam a vossa casa.

Rogo-vos, meu Jesus, por aquele primeiro leite que bebeste nos peitos virginais de vossa Mãe Santíssima; e por aquelas sagradas primícias de vosso Sangue, que derramastes na Circuncisão, que não permitais que jamais caia de vossa graça nem esteja um ponto fora dela.

Pequei mais que o número das areias do mar. Porém, Senhor, as vossas misericórdias não têm número. Em vós ponho toda a minha esperança: não padecerei confusão eterna.

Eu a pecar; vós, Senhor, a perdoar-me. Eu a fazer-vos injúrias; vós a fazer-me benefícios. O certo é, Senhor, que cada um obra como quem é. Bendita seja vossa paciência, que tanto me esperou.

Muito agravado estais de mim, e vos sobra razão. Oh, quem para aplacar-vos tivera as lágrimas de uma Madalena, as penitências de uma Egipcíaca, os gemidos de um Agostinho, a compunção de um S. Pedro!

Ah, pecador atrevido e infame! Tu foste o que açoutaste a JESUS, tu o que o coroaste de espinhos; o que lhe lançaste salivas no rosto, o que o pregaste na Cruz. Como te não confundes?

DÉCADA III

407 — Lembrai-vos, Senhor, que sou obra de vossas mãos; lembrai-vos que vos custei muito na Cruz. Não entregueis às bestas infernais as almas que vos confessam.

Não me dirás, alma minha, que males te fez teu Deus, para que assim o ofendesses? Acaso foi crime o morrer por ti de amor em uma Cruz? Porventura te agravou em querer salvar-te, e dar-te o Reino de sua Glória? Que razão posso dar, Senhor, do pecado, que é a mesma sem-razão? Misericórdia.

Ora pazes, Senhor; pazes para sempre; fiz mal, assim o confesso diante do Céu e da Terra. Não farei mais; perdoai-me por quem sois.

Vaidade de vaidades, e tudo vaidade. Que me pode render o amor do mundo, e todas as suas coisas, senão deleite falso, que em um momento passa; tormento verdadeiro, que em uma eternidade não passa?

Que fará um desgraçado a quem a morte colheu em pecado mortal e sepultou nas profundezas? Oh, que gemidos! Oh, que ânsias! Oh, que remorsos! Oh, que desesperações! Oh, que incêndios! Tu não puderas já ser este? Quanto devo, Senhor, à vossa paciência! Bendita seja eternamente.

Não dissestes vós, Senhor, que havia grande festa e alegria no Céu quando algum pecador se convertia? Eia, amorosíssimo Jesus, fazei com vossa graça que seja eu o assunto desta alegria e festa.

Eis-me, aqui Senhor, que sou o filho pródigo, e dissipei a substância de vossa graça, e andei na região remota de vossa presença, apascentando os animais imundos de meus apetites; já torno para vossa graça, lançai-me os braços de vossa caridade.

Oh, banhe-me esse precioso Sangue, que com tanto amor derramastes pelos pecadores! Banhe-me todo com um perfeito batismo, e ficarei mais alvo que a neve.

Senhor Deus: aqui nesta vida me castigai, aqui me abrasai, contanto que me perdoeis eternamente. Não queirais, Senhor, entesourar contra mim vossa ira; não me guardeis para a outra vida a satisfação de vossa justiça.

Oh, horas preciosas dadas para servir e amar a Deus, e empregadas em ofendê-lo! Quem nunca houvera nascido para tanto mal! Ou quem de novo tornara a nascer, para o emendar!

DÉCADA IV

408 — Oh, que cego andava eu Senhor, pois estava sem vós, e vós sois Luz! Oh, como ia errado, pois estava fora de vós, e vós sois Caminho! Oh, que nesciamente procedia, pois estava sem vós, e vós sois Sabedoria! Oh, como estava morto, pois estava sem vós, e vós sois vida!

Nada sou, nada valho, nada posso senão ofender-vos, e precipitar-me no inferno. Esta mesma verdade que agora conheço, se afastares vossa luz, me ficará oculta; e sobre tantas misérias minhas se acrescentará outra, de as não conhecer.

Oh, alma minha, em que te ocupas, em que te enredas? O teu Jesus coroado de espinhos, e tu de flores? Ele suando Sangue, e tu buscando refrigérios? Ele farto de opróbrios, tu faminta de honras? Oh, confusão! Mudemos de vida; tomemos a Cruz; sigamos os passos de Cristo.

De quantos bens me destes, Senhor, usei mal, e em ofensa vossa. Se me fizésseis Anjo, creio que já também fora demônio. Oh, quem tivera digno sentimento de tão enormes excessos, verdadeira dor de pecados tão graves!

O ofício que tomei, Senhor, foi o de pecar; e neste me exercitei com toda a diligência, estudando muito de propósito na maldade. Oh, que bem concordava isto com o fim para que vós me criastes, que é amar-vos, e gozar-vos eternamente! Só vós, que sois infinito em bondade, podereis sofrer tanto.

Onde me esconderei, Senhor, até que passe a vossa ira? Fugirei de vós para vós mesmo; de vós, reto Juiz, para vós, Pai clementíssimo. Em vossas chagas me recolho, que este é o sagrado que vale aos que vão fugindo à vossa justiça.

Oh, quanta foi até agora minha negligência e descuido! O tempo que me concedestes para a penitência, desperdicei-o; os auxílios de vossa graça, rejeitei-os; às vozes com que me chamáveis me fiz surdo. E agora, Senhor, que hei de fazer? Pesa-me de haver pecado; havei de mim misericórdia, misericórdia.

Que dormisse eu tão seguro sobre a vossa ofensa, pendurado do fio da vida sobre a boca do inferno! Grande temeridade a minha! Senhor, dai-me entendimento, e viverei amando-vos e servindo-vos.

Oh, se eu já desprezasse o mundo como ele merece! Oh, se metera debaixo dos pés todas as coisas terrenas! Oh, se somente fizera estimação das eternas!

Afastai, Senhor, vosso rosto de meus pecados; e apagai e extingui todas as minhas iniqüidades. Criai em mim um coração novo; e renovai o espírito reto em minhas entranhas.

DÉCADA V

409 — Sei que hei de aparecer em vosso tribunal; sei que hei de dar-vos estreita conta de toda a minha vida. Não me atrevo, Senhor, a suportar vossos olhos irados. Ordenai agora minha vida, de modo que não desmereça então vê-los benignos.

Aqui vos mostro, Senhor, todas as minhas chagas. Vede como são muitas, como são profundas, como são envelhecidas? Ó médico Divino, sarai as minhas chagas com as vossas; que, para os filhos de Adão estarem sãos, quis o Filho de Deus estar chagado.

Não te desalentes, Alma minha, com a enormidade e multidão de teus pecados. Espera sempre em Deus até à noite cerrada da tua morte; que em Deus há infinita misericórdia e redenção copiosa.

Ajudai-me, Deus Salvador meu; livrai-me por amor da glória do vosso nome. Não vos lembreis de minhas maldades; submergi-as no mar de vossa bondade imensa.

Olha, Alma minha, olha para teu Deus posto por ti em uma Cruz, eis ali o que perdoa, e apaga os teus pecados. Vê quanto padeceu por te salvar; vê com que fina caridade te ama. Guarda-te de jamais tornar a ofendê-lo.

A vós, Senhor, que sois dulcíssimo Esposo de minha alma, desprezei-vos; ao demônio, que é adúltero, fiz-lhe a vontade. Tomara morrer de sentimento de tão feia desordem. Tomara chorar de dia e de noite tão execranda maldade.

Que tenho eu com o mundo, que passa como figura? Que tenho eu com a carne, que murcha como flor? Que tenho com as coisas transitórias, que tudo é engano, perigo, trabalho, vaidade? Eia, eia, salvemos a alma nas tabuas da Cruz, fazendo penitência.

Oh, momento do qual pende a eternidade! Só quem te não considera te não teme. Abri-me, Senhor, os olhos da alma, não me suceda adormecer no letargo da morte eterna.

Senhor, aqui venho fugindo de meus inimigos: abri-me as portas de vossa misericórdia. Recolhei o vosso fugitivo, meu Deus; recolhei-me depressa, que meus inimigos me vêm ao alcance.

Dulcíssimo Jesus: o vosso soberano nome quer dizer Salvador; obrai em mim conforme vosso nome e salvai-me.

Fonte: http://permanencia.org.br

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bloco carnavalesco ou procissão da Confraria?


Ao invés de blocos carnavalescos, que tal...

...as procissões de Confrarias de Penitentes (Semana Santa em Sevilha, Espanha)?

A tradição da Semana Santa de Sevilha remonta ao século XIV e tem origem nos grémios e nas confrarias de penitência daquela cidade, que surgiram nos séculos XIII e XIV e se consolidaram definitivamente, em termos de estatutos e natureza, nos séculos XV e XVI. 

Os grémios são associações de homens livres que vivem do comércio ou praticam um ofício, geralmente agrupados em ruas ou bairros por corporações. Alguns destes grémios terão estado estreitamente vinculados às primeiras confrarias que mantiveram a sua índole profissional até ao século XVI e que depois abraçaram uma vertente devocional. Esta vinculação surgiu por uma necessidade de unir as ações sociais de caridade e as práticas de beneficência e hospitalares ao culto religioso. 

Em termos gerais e um pouco indistintos, a confraria define-se desde a época medieval como uma associação ou irmandade com fins religiosos, de pessoas de sexo diferente, pertencentes ou não a uma mesma profissão, grémio ou estatuto social. O seu carácter laico está associado a uma determinada causa social ou de beneficência e funciona soba proteção de um santo patrono protetor ou do Cristo Redentor. Muitas confrarias foram fundadas através das Ordens Mendicantes, como os Franciscanos ou os Carmelitas, para além dos Jesuítas, que seguem os exemplos dos seus mestres.

A Semana Grande, ou Santa, de Sevilha tem um ambiente muito especial que a distingue das demais celebrações que existem um pouco por toda a Andaluzia. A preparação das procissões começa semanas antes, com a colocação de barras metálicas nos percursos, enquanto que nas montras das lojas e cafés se podem ver reproduções de imagens ou andores em miniatura e nazarenos de caramelo reproduzidos ao pormenor nos escaparates das pastelarias. Durante esta semana é também tradição comer as torrijas e os pestiños.

As cerca de 57 confrarias de Sevilha - das quais a mais antiga, El Silencio (fotos abaixo), tem mais de 650 anos - preparam-se durante todo o ano para a Semana Santa e rivalizam em talento para enfeitar os andores de Cristo e da Virgem que fazem desfilar pela cidade, desde a sua igreja de bairro até à Santa Iglesia Catedral e de volta - a Recogía - ao seu templo inicial. A Carrera Oficial - percurso de penitência efetuado pelas confrarias - teve origem na necessidade de se regulamentar este ato, no início do século XVII, devido ao grande aumento de confrarias no século anterior, como resposta da Igreja Católica contra a reforma luterana. A proliferação de confrarias e os distintos percursos utilizadoscausavam problemas de circulação que frequentemente causavam desordem e violência entre os confrades. O então Arcebispo de Sevilha estabeleceu o percurso e os dias a que as confrarias poderiam sair. Hoje em dia, as procissões das distintas confrarias têm lugar nos oito dias que decorrem entre o Domingo de Ramos e o de Páscoa e constam do programa oficial, com horas e percursos definidos, que tradicionalmente começam pela La Borriquita, no Domingo de Ramos, e terminam com La Resurrección, no Domingo de Páscoa.

Enquadrados na procissão, os nazarenos, penitentes laicos de túnica, capuz com máscara e por vezes uma capa, com as cores da sua confraria, desfilam muitas vezes descalços com um passo lento e ritmado pelo martelo do Capataz, que também impõe a marcha aos dezenas de costaleros de olhos vendados que carregam os andores com as imagens sagradas - os pasos -, que chegam a pesar 2000 kg. Mas são talvez os aguaó, os confrades que realizam a penitência mais dura dado que têm a missão de levar água aos costaleros para lhes saciar a sede, carregando bidões de água que recolhem dos cafés, bares e restaurantes durante todo o percurso. Cada hermandade transporta o seu estandarte,popularmente chamado de bacalao, com o respetivo escudo bordado.
A multidão reúne-se durante todo o percurso para venerar as imagens santas e para testemunhar o sacrifício dos costaleros e a autoflagelação dos nazarenos. A aglomeração de pessoas dá lugar à vulgarmente chamada bulla, um engarrafamento de grande aperto que frequentemente provoca desmaios e gritos. O aroma da primavera confunde-se com os do incenso e da cera, intensificando o ambiente religioso que se vive nesta altura. Quase todas as confrarias que fazem penitência são acompanhadas pelos cantos da saeta, por martinete.

A tradição manda que se estreie alguma coisa no Domingo de Ramos, para que as mãos não caiam. Na Quinta e na Sexta-feira Santas as mulheres vestem traje de mantilla, adornado de cravos na Quinta-Feira Santa e sem cravos na Sexta-Feira Santa, como sinal de luto, e visitam-se sete sacrários, como impõe a ocasião.

Fonte: http://www.infopedia.pt/$a-semana-santa-de-sevilha

Em Sergipe:

- Tradição - O município mantém a tradição religiosa-cultural já centenária dos penitentes. O movimento adquiriu um cunho religioso a partir de promessas feitas por pessoas que viam na penitência a maneira mais correta de agradecer as graças recebidas. Apenas homens são recebidos no grupo dos penitentes. Eles ficam envoltos em túnica e capuz brancos, cobrindo todo o corpo e rosto. Toda Sexta-Feira da Paixão eles percorrem cruzeiros e santa-cruzes do subúrbio da cidade,em cada parada eles colocam uma cruz e uma vela e rezam...no total hoje em dia são 15 estações...[15 paradas ]

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