Métodos dos Santos para Assistir à Santa Missa.
De trechos das Obras de
São Francisco de Sales,
São Leonardo de Porto-Maurício, São
Pedro Julião Eymard e Santo Afonso de Ligório (Doutor da Igreja).
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Compilados para os fiéis eucarísticos.
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MMXVI
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“Nunca mais vos
virá à idéia dizer:
Uma
Missa a mais, uma Missa a menos,
que importa!”
(São Leonardo
de Porto-Maurício)
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O Sacrifício da Missa
Por Edward Saint-Omer
Baseado na doutrina de Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja, o
autor, também ele já clássico, nos oferece uma exposição bastante clara e
objetiva do que é a Santa Missa e das suas quatro finalidades: na Missa, os
fiéis louvam a Deus, agradecem-lhe, pedem-lhe perdão pelos seu pecados e também
as graças de que necessitam.
A GRANDEZA DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
I. É Jesus Cristo a vítima oferecida na Santa Missa
O Concílio de Trento (Sess. 22) diz da Santa Missa: “Devemos reconhecer que nenhum outro ato pode ser praticado pelos fiéis que seja tão santo como a celebração deste imenso mistério”. O próprio Deus todo-poderoso não pode fazer que exista uma ação mais sublime e santa do que o santo sacrifício da Missa. Este sacrifício de nossos altares sobrepassa imensamente todos os sacrifícios do Antigo Testamento, pois não são mais bois e cordeiros que são sacrificados, mas é o próprio Filho de Deus que se oferece em sacrifício. “O judeu tinha o animal para o sacrifício, o cristão tem Cristo”, escreve o venerável Pedro de Clugny; “seu sacrifício é, pois, tanto mais precioso, quanto mais acima de todos os sacrifícios dos judeus está Jesus Cristo”. E acrescenta que, “para os servos (isto é, para os judeus, no Antigo Testamento), não convinham outros animais senão aqueles que eram destinados ao serviço do homem; para os amigos e filhos foi Jesus Cristo reservado como cordeiro que nos livra do pecado e da morte eterna” (Ep. cont. Petrobr.). Tem, portanto, razão São Lourenço Justiniano, dizendo que não há sacrifício maior, mais portentoso e mais agradável a Deus do que o santo sacrifício da Missa (cfr. Sermo de Euch.).
S. João Crisóstomo diz que durante a Santa Missa o altar está circundado de anjos que aí se reúnem para adorar a Jesus Cristo que, nesse sacrifício sublime, é oferecido ao Pai celeste (De sac., 1, 6). Que cristão poderá duvidar, escreve S. Gregório (Dial. 4, c. 58), que os céus se abram à voz do sacerdote, durante esse Santo Sacrifício, e que coros de anjos assistam a esse sublime mistério de Jesus Cristo. S. Agostinho chega até a dizer que os anjos se colocam ao lado do sacerdote para servi-lo como ajudantes.
II. Na Santa Missa é Jesus Cristo o oferente principal
O Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2) ensina-nos também que neste sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo é o próprio Salvador que oferece em primeiro lugar esse sacrifício, mas que o faz pelas mãos do sacerdote que escolheu para seu ministro e representante. Já antes dissera São Cipriano: “O sacerdote exerce realmente o ofício de Jesus Cristo” (Ep. 62). Por isso o sacerdote diz, na elevação: Isto é o meu corpo; este é o cálice de meu sangue.
Belarmino (De Euch., 1. 6, c. 4) escreve que o santo sacrifício da missa é oferecido por Jesus Cristo, pela Igreja e pelo sacerdote; não, porém, do mesmo modo por todos: Jesus Cristo oferece como o sacerdote principal, ou como o oferente próprio, contudo, por intermédio de um homem, que é, no mesmo tempo sacerdote e ministro de Cristo; a Igreja não oferece como sacerdotisa, por meio de seu ministro, mas como povo, por intermédio do sacerdote; o sacerdote, finalmente, oferece como ministro de Jesus Cristo e como medianeiro ele todo o povo.
Jesus Cristo, contudo, é sempre o sacerdote principal na Santa Missa, onde ele se oferece continuamente e sob as espécies de pão e de vinho por intermédio dos sacerdotes, seus ministros, que representam a sua Pessoa quando celebram os santos mistérios. Por isso diz o quarto Concílio de Latrão (Cap. Firmatur, de sum. Trinit.) que Jesus Cristo é ao mesmo tempo o sacerdote e o sacrifício. De fato, convém à dignidade deste sacrifício que ele não seja oferecido, em primeiro lugar, por homens pecadores, mas por um sumo sacerdote que não esteja sujeito ao pecado, mas que seja santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e mais elevado que os céus (Heb 7, 26).
III. A Santa Missa é uma representação e renovação do sacrifício da cruz
Segundo São Tomás (Off. Ss. Sac., I. 4), o Salvador nos deixou o Santíssimo Sacramento para conservar viva entre nós a lembrança dos bens que nos adquiriu e do amor que nos testemunhou com sua morte. Por isso o mesmo Doutor chama a Sagrada Eucaristia “um manancial perene da paixão”.
Ao assistires, pois, à Santa Missa, alma cristã, pondera que a hóstia que o sacerdote oferece é o próprio Salvador que por ti sacrificou o seu sangue e a sua vida. Entretanto, a Santa Missa não é somente uma representação do sacrifício da cruz, mas também uma renovação do mesmo, porque em ambos é o mesmo sacerdote e a mesma vítima, a saber, o Filho de Deus Humanado. Só no modo de oferecer há uma diferença: o sacrifício da cruz foi oferecido com derramamento de sangue; o sacrifício da missa é incruento; na cruz, Jesus morreu realmente; aqui, morre só misticamente (Conc. Trid., Sess. 22, c. 2).
Imagina, durante a Santa Missa, que estás no monte Calvário, para ofereceres a Deus o sangue e a vida de seu adorável Filho, e, ao receberes a Santa Comunhão, imagina beberes seu precioso sangue das chagas do Salvador. Pondera também que em cada Missa se renova a obra da Redenção, de maneira que, se Jesus Cristo não tivesse morrido na cruz, o mundo receberia, com a celebração de uma só Missa, os mesmos benefícios que a morte do Salvador lhe trouxe. Cada Missa celebrada encerra em si todos os grandes bens que a morte na cruz nos trouxe, diz São Tomás (In Jo 6, lect. 6). Pelo sacrifício do altar nos é aplicado o sacrifício da cruz. A paixão de Jesus Cristo nos habilitou à Redenção; a Santa Missa nos faz entrar na posse dela e comunica-nos os merecimentos de Jesus Cristo.
IV. A Santa Missa é o maior presente de Deus
Na Santa Missa, o próprio Jesus Cristo dá-se a nós. É uma verdade de fé que o Verbo Encarnado se obrigou a obedecer ao sacerdote, quando este pronuncia as palavras da consagração e a vir às suas mãos sob as espécies do pão e do vinho. Fica-se estupefato por Deus ter obedecido outrora a Josué e mandado ao sol que parasse, quando ele disse: Sol, não te movas de Gabaon, e tu, ó lira, do vale de Ajalon (Jos 10, 12). Entretanto, muito mais admirável é que Deus mesmo desce ao altar ou a qualquer outro lugar a que o Padre o chama com umas poucas palavras, e isso tantas vezes quantas é chamado pelo sacerdote, mesmo que este seja seu inimigo. E, tendo vindo, se põe o Senhor à inteira disposição do sacerdote; este o leva, à vontade, de um lugar para o outro, coloca-o sobre o altar, fecha-o no tabernáculo, tira-o da igreja, toma-o na Santa Comunhão, e o dá em alimento a outros. São Boaventura diz que o Senhor, em cada Missa, faz ao mundo um benefício igual àquele que lhe fez outrora pela encarnação (cfr. De inst. Novit., p. 1, c. 11). Se Jesus Cristo não tivesse vindo ao mundo, o sacerdote, pronunciando as palavras da consagração, o introduziria nele. “Ó dignidade sublime a do sacerdote”, exclama por isso Santo Agostinho (Mol. lnstr. Sach., t. 1, c. 5), “em cujas mãos o Filho de Deus se reveste de carne, como no seio da Virgem Mãe”.
Numa palavra, a Santa Missa, conforme a predição do profeta (Zac 9, 17), é a coisa mais preciosa e bela que possui a Igreja. São Boaventura (De inst. Nov., 1. c.) diz que a Santa Missa nos põe diante dos olhos todo o amor que Deus nos dedicou e que é, de certo modo, um compêndio de todos os benefícios que ele nos fez.
OS QUATRO FINS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
I. A Santa Missa é um sacrifício latrêutico
No Antigo Testamento os homens procuravam honrar a Deus por toda a espécie de sacrifícios, no Novo Testamento, porém, presta-se maior honra a Deus com um só sacrifício da Missa do que com todos os sacrifícios do Antigo Testamento, que eram só figuras e sombras da Sagrada Eucaristia. Pela Santa Missa se presta a Deus a honra que lhe é devida, porque, por meio dela, Ele recebe a mesma honra infinita que Jesus Cristo lhe prestara sacrificando-se na cruz. Uma só Missa presta a Deus maior honra que todas as orações e penitências dos santos, todos os trabalhos dos apóstolos, todos os sofrimentos dos mártires, todo o amor dos serafins e mesmo da Mãe de Deus, porque todas as honras dos homens são de natureza finita, enquanto a honra que Deus recebe pela Missa é infinita, pois lhe é prestada por uma pessoa divina, o seu Filho.
Devemos por isso reconhecer, com o santo Concílio de Trento, que a Santa Missa é a mais santa e divina de todas as obras (Sess. 22). Nosso Senhor morreu especialmente para esse fim, para poder criar sacerdotes do Novo Testamento. Não era necessário que o Salvador morresse para remir o mundo; uma só gota do seu sangue, uma lágrima, uma só oração teria bastado para operar a salvação de todos, porque, sendo essa oração de valor infinito, seria suficiente para remir não só um mundo, mas também mil mundos. Para criar, porém, um sacerdote devia Jesus Cristo morrer, pois, do contrário, donde se tiraria esse sacrifício que agora oferecem a Deus os sacerdotes do Novo Testamento, esse santo e imaculado sacrifício que, por si só, basta para dar a Deus a honra que lhe é devida? Ainda que se sacrificasse a vida de todos os anjos e santos, mesmo assim, esse sacrifício não prestaria a Deus essa honra infinita, que lhe dá uma única Santa Missa.
II. A Santa Missa é um sacrifício propiciatório
Pode-se deduzir já da instituição da Sagrada Eucaristia que a Santa Missa é verdadeiramente um sacrifício propiciatório, ou seja, que inclina Deus a nos perdoar a pena e a culpa dos pecados, que foi feita especialmente para a remissão dos pecados: Este é o meu, sangue, que será derramado por muitos, para remissão dos pecados, disse Jesus Cristo (Mt 26, 28). A Santa Missa perdoa até os maiores pecados, não imediatamente, mas só mediatamente, como afirmam os teólogos, isto é, Deus, em consideração ao sacrifício do altar, concede a graça que leva o homem a detestar seus pecados e a purificar-se deles no sacramento da Penitência. Quanto às penas temporais, que devem ser expiadas depois da destruição da culpa, são elas perdoadas por virtude da Santa Missa, ao menos parcialmente, quando não de todo. Numa palavra, a Santa Missa abre os tesouros da divina misericórdia em favor dos pecadores.
Desgraçados de nós se não houvesse esse grande sacrifício, que impede à justiça divina de nos enviar os castigos que merecemos por nossos pecados. É certo que todos os sacrifícios do Antigo Testamento não podiam aplacar a ira de Deus contra os pecadores. Se se sacrificasse a vida de todos os homens e anjos, a justiça divina não seria satisfeita devidamente nem sequer por uma única falta que a criatura tivesse cometido contra seu Criador. Só Jesus Cristo podia satisfazer por nossos pecados: Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2, 2). Por isso o Padre Eterno enviou o seu Filho ao mundo, para que se fizesse homem mortal e, pelo sacrifício de sua vida, o reconciliasse com os pecadores. Esse sacrifício é renovado em cada Missa. Não há dúvida: o sangue inocente do Redentor clama muito mais fortemente por misericórdia em nosso favor, que o sangue de Abel por vingança contra Caim.
Este sacrifício pode ser oferecido também pelos defuntos. Por isso o sacerdote, na Santa Missa, pede ao Senhor que se recorde de seus servos que partiram para a outra vida e que lhes conceda, pelos merecimentos de Jesus Cristo, o lugar de repouso, da luz e da paz. Se o amor de Deus que possuem as almas ao saírem desta vida não basta para purificá-las, essa falta será reparada pelo fogo do Purgatório; muito melhor, porém, a repara o amor de Jesus Cristo por meio do sacrifício eucarístico, que traz às almas grande alívio e, muitas vezes, até a libertação completa dos seus sofrimentos. O Concílio de Trento declara que as almas que sofrem no Purgatório podem ser muito auxiliadas pela intercessão dos fiéis, mas em especial pelo santo sacrifício da Missa. E acrescenta (Sess. 22, c. 2) que isso é uma tradição apostólica. Santo Agostinho exorta-nos a oferecer o sacrifício cia Santa Missa por todos os defuntos, caso que não possa aproveitar às almas pelas quais pedimos.
III. A Santa Missa é um sacrifício eucarístico
É justo e razoável que agradeçamos a Deus pelos benefícios que nos fez em sua infinita bondade. Mas que digno agradecimento podemos dar-lhe nós, miseráveis? Se Deus nos tivesse dado uma única vez um sinal de sua afeição, estaríamos obrigados a um agradecimento infinito, porque esse sinal de amor seria o favor e dom de um Deus infinito. Mas eis que o Senhor nos deu esse meio de cumprir com nossa obrigação e de agradecer-lhe dignamente. E como? Tornando-nos possível oferecer-lhe na Santa Missa a Jesus Cristo. Dessa maneira dá-se a Deus o mais perfeito agradecimento e satisfação; pois, quando o sacerdote celebra a Santa Missa, dá-lhe um digno agradecimento por todas as graças, mesmo por aquelas que foram concedidas aos santos no céu; uma tal ação de graças, porém, não podem prestar a Deus todos os santos juntos, de maneira que também nesse respeito a dignidade sacerdotal sobrepuja todas as dignidades, não excetuadas as do céu.
Na Santa Missa, a vítima que é oferecida ao Eterno Pai é seu próprio Filho, em quem pôs toda a sua complacência. Por isso dirigia Davi suas vistas a este sacrifício, quando pensava num meio de agradecer a Nosso Senhor pelas graças recebidas: Que darei ao Senhor por tudo que ele me tem feito? pergunta ele, e responde: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (S1 115, 12). O próprio Jesus Cristo agradeceu a seu Pai celeste todos os benefícios que tinha feito aos homens, por meio deste sacrifício: E, tomando o cálice, deu graças e disse: Tomai-o e distribuí-o entre vós (Lc 22, 17).
IV. A Santa Missa é um sacrifício impetratório
Se já temos a segura promessa de alcançar tudo que pedimos a Deus em nome de Jesus Cristo (cfr. Jo 16, 23), muito maior deve ser a nossa confiança se oferecemos a Deus seu próprio Filho. Este Salvador que nos ama roga por nós sem cessar lá no céu (cfr. Rom 8, 31), mas, de modo todo especial, durante a Santa Missa, em que se sacrifica a seu Eterno Pai, pelas mãos do sacerdote, para nos alcançar suas graças. Se soubéssemos que todos os santos e a Santíssima Virgem estão rezando por nós, com que confiança não esperaríamos de Deus os maiores favores e graças. Está, porém, fora de dúvida que um só rogo de Jesus Cristo pode infinitamente mais que todas as suplicas dos santos.
No Antigo Testamento era permitido unicamente ao sumo sacerdote, e isso uma só vez no ano, entrar no santo dos santos; hoje, porém, todos os sacerdotes podem sacrificar todos os dias ao Eterno Pai o cordeiro divino, para alcançar de Deus graças para si e para todo o povo.
O sacerdote sobe ao altar para ser o intercessor de todos os pecadores. “Ele exerce o ofício de um medianeiro”, diz São Lourenço Justiniano (Sermo de Euchar.), “e por isso deve ser um intercessor para todos que pecam”. Dessa maneira“, diz São João Crisóstomo, “está o Padre no altar, no meio, entre Deus e o homem; oferece a Deus as súplicas dos homens e alcança-lhes as graças de que precisam” (Hom. 5 in Jo.). Deus distribui as suas graças sempre que é rogado em nome de Jesus Cristo, mas as distribui com mais largueza durante a Santa Missa, atendendo às suplicas do sacerdote, diz São João Crisóstomo; pois essas súplicas são então acompanhadas e secundadas pela oração de Jesus Cristo, que é o sacerdote principal, visto que é ele mesmo que se oferece neste sacrifício para nos alcançar graças de seu Eterno Pai.
Segundo o Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2), é especialmente durante a Santa Missa que o Senhor está sentado naquele trono de graças ao qual devemos nos chegar, diz o Apóstolo, para alcançarmos misericórdia e encontrarmos graças no momento oportuno (Heb 4, 16). Até os anjos esperam o tempo da Santa Missa, diz São João Crisóstomo (Hom 13. De incomp. Dei nat.), para pedirem com mais resultado por nós, acrescentando que dificilmente se alcançará aquilo que não se consegue durante a Santa Missa.
A Santíssima Virgem, depondo uma vez o Menino Jesus nos braços de Santa Francisca Farnese, disse-lhe: “Eis aqui o meu Filho; aprende a torná-lo favorável a ti, oferecendo-o muitas vezes a Deus. Dize, por isso, a Deus, quando vires presente no altar o divino Cordeiro: Ó Pai Eterno, ofereço-vos hoje todas as virtudes, todos os atos e todos os afetos de vosso mui amado Filho. Recebei-os por mim, e por seus merecimentos, que ele mos deu e, por isso, são meus, dai-me as graças que Jesus Cristo pedir por ruim. Ofereço-vos esses merecimentos para vos agradecer por todas as misericórdias que tendes usado comigo e para satisfazer por meus pecados. Pelos merecimentos de Jesus Cristo espero alcançar de vós todas as graças, o perdão, a perseverança, o céu, mas especialmente o mais precioso de todos os dons, o vosso puro e santo amor”.
I. É Jesus Cristo a vítima oferecida na Santa Missa
O Concílio de Trento (Sess. 22) diz da Santa Missa: “Devemos reconhecer que nenhum outro ato pode ser praticado pelos fiéis que seja tão santo como a celebração deste imenso mistério”. O próprio Deus todo-poderoso não pode fazer que exista uma ação mais sublime e santa do que o santo sacrifício da Missa. Este sacrifício de nossos altares sobrepassa imensamente todos os sacrifícios do Antigo Testamento, pois não são mais bois e cordeiros que são sacrificados, mas é o próprio Filho de Deus que se oferece em sacrifício. “O judeu tinha o animal para o sacrifício, o cristão tem Cristo”, escreve o venerável Pedro de Clugny; “seu sacrifício é, pois, tanto mais precioso, quanto mais acima de todos os sacrifícios dos judeus está Jesus Cristo”. E acrescenta que, “para os servos (isto é, para os judeus, no Antigo Testamento), não convinham outros animais senão aqueles que eram destinados ao serviço do homem; para os amigos e filhos foi Jesus Cristo reservado como cordeiro que nos livra do pecado e da morte eterna” (Ep. cont. Petrobr.). Tem, portanto, razão São Lourenço Justiniano, dizendo que não há sacrifício maior, mais portentoso e mais agradável a Deus do que o santo sacrifício da Missa (cfr. Sermo de Euch.).
S. João Crisóstomo diz que durante a Santa Missa o altar está circundado de anjos que aí se reúnem para adorar a Jesus Cristo que, nesse sacrifício sublime, é oferecido ao Pai celeste (De sac., 1, 6). Que cristão poderá duvidar, escreve S. Gregório (Dial. 4, c. 58), que os céus se abram à voz do sacerdote, durante esse Santo Sacrifício, e que coros de anjos assistam a esse sublime mistério de Jesus Cristo. S. Agostinho chega até a dizer que os anjos se colocam ao lado do sacerdote para servi-lo como ajudantes.
II. Na Santa Missa é Jesus Cristo o oferente principal
O Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2) ensina-nos também que neste sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo é o próprio Salvador que oferece em primeiro lugar esse sacrifício, mas que o faz pelas mãos do sacerdote que escolheu para seu ministro e representante. Já antes dissera São Cipriano: “O sacerdote exerce realmente o ofício de Jesus Cristo” (Ep. 62). Por isso o sacerdote diz, na elevação: Isto é o meu corpo; este é o cálice de meu sangue.
Belarmino (De Euch., 1. 6, c. 4) escreve que o santo sacrifício da missa é oferecido por Jesus Cristo, pela Igreja e pelo sacerdote; não, porém, do mesmo modo por todos: Jesus Cristo oferece como o sacerdote principal, ou como o oferente próprio, contudo, por intermédio de um homem, que é, no mesmo tempo sacerdote e ministro de Cristo; a Igreja não oferece como sacerdotisa, por meio de seu ministro, mas como povo, por intermédio do sacerdote; o sacerdote, finalmente, oferece como ministro de Jesus Cristo e como medianeiro ele todo o povo.
Jesus Cristo, contudo, é sempre o sacerdote principal na Santa Missa, onde ele se oferece continuamente e sob as espécies de pão e de vinho por intermédio dos sacerdotes, seus ministros, que representam a sua Pessoa quando celebram os santos mistérios. Por isso diz o quarto Concílio de Latrão (Cap. Firmatur, de sum. Trinit.) que Jesus Cristo é ao mesmo tempo o sacerdote e o sacrifício. De fato, convém à dignidade deste sacrifício que ele não seja oferecido, em primeiro lugar, por homens pecadores, mas por um sumo sacerdote que não esteja sujeito ao pecado, mas que seja santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e mais elevado que os céus (Heb 7, 26).
III. A Santa Missa é uma representação e renovação do sacrifício da cruz
Segundo São Tomás (Off. Ss. Sac., I. 4), o Salvador nos deixou o Santíssimo Sacramento para conservar viva entre nós a lembrança dos bens que nos adquiriu e do amor que nos testemunhou com sua morte. Por isso o mesmo Doutor chama a Sagrada Eucaristia “um manancial perene da paixão”.
Ao assistires, pois, à Santa Missa, alma cristã, pondera que a hóstia que o sacerdote oferece é o próprio Salvador que por ti sacrificou o seu sangue e a sua vida. Entretanto, a Santa Missa não é somente uma representação do sacrifício da cruz, mas também uma renovação do mesmo, porque em ambos é o mesmo sacerdote e a mesma vítima, a saber, o Filho de Deus Humanado. Só no modo de oferecer há uma diferença: o sacrifício da cruz foi oferecido com derramamento de sangue; o sacrifício da missa é incruento; na cruz, Jesus morreu realmente; aqui, morre só misticamente (Conc. Trid., Sess. 22, c. 2).
Imagina, durante a Santa Missa, que estás no monte Calvário, para ofereceres a Deus o sangue e a vida de seu adorável Filho, e, ao receberes a Santa Comunhão, imagina beberes seu precioso sangue das chagas do Salvador. Pondera também que em cada Missa se renova a obra da Redenção, de maneira que, se Jesus Cristo não tivesse morrido na cruz, o mundo receberia, com a celebração de uma só Missa, os mesmos benefícios que a morte do Salvador lhe trouxe. Cada Missa celebrada encerra em si todos os grandes bens que a morte na cruz nos trouxe, diz São Tomás (In Jo 6, lect. 6). Pelo sacrifício do altar nos é aplicado o sacrifício da cruz. A paixão de Jesus Cristo nos habilitou à Redenção; a Santa Missa nos faz entrar na posse dela e comunica-nos os merecimentos de Jesus Cristo.
IV. A Santa Missa é o maior presente de Deus
Na Santa Missa, o próprio Jesus Cristo dá-se a nós. É uma verdade de fé que o Verbo Encarnado se obrigou a obedecer ao sacerdote, quando este pronuncia as palavras da consagração e a vir às suas mãos sob as espécies do pão e do vinho. Fica-se estupefato por Deus ter obedecido outrora a Josué e mandado ao sol que parasse, quando ele disse: Sol, não te movas de Gabaon, e tu, ó lira, do vale de Ajalon (Jos 10, 12). Entretanto, muito mais admirável é que Deus mesmo desce ao altar ou a qualquer outro lugar a que o Padre o chama com umas poucas palavras, e isso tantas vezes quantas é chamado pelo sacerdote, mesmo que este seja seu inimigo. E, tendo vindo, se põe o Senhor à inteira disposição do sacerdote; este o leva, à vontade, de um lugar para o outro, coloca-o sobre o altar, fecha-o no tabernáculo, tira-o da igreja, toma-o na Santa Comunhão, e o dá em alimento a outros. São Boaventura diz que o Senhor, em cada Missa, faz ao mundo um benefício igual àquele que lhe fez outrora pela encarnação (cfr. De inst. Novit., p. 1, c. 11). Se Jesus Cristo não tivesse vindo ao mundo, o sacerdote, pronunciando as palavras da consagração, o introduziria nele. “Ó dignidade sublime a do sacerdote”, exclama por isso Santo Agostinho (Mol. lnstr. Sach., t. 1, c. 5), “em cujas mãos o Filho de Deus se reveste de carne, como no seio da Virgem Mãe”.
Numa palavra, a Santa Missa, conforme a predição do profeta (Zac 9, 17), é a coisa mais preciosa e bela que possui a Igreja. São Boaventura (De inst. Nov., 1. c.) diz que a Santa Missa nos põe diante dos olhos todo o amor que Deus nos dedicou e que é, de certo modo, um compêndio de todos os benefícios que ele nos fez.
OS QUATRO FINS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
I. A Santa Missa é um sacrifício latrêutico
No Antigo Testamento os homens procuravam honrar a Deus por toda a espécie de sacrifícios, no Novo Testamento, porém, presta-se maior honra a Deus com um só sacrifício da Missa do que com todos os sacrifícios do Antigo Testamento, que eram só figuras e sombras da Sagrada Eucaristia. Pela Santa Missa se presta a Deus a honra que lhe é devida, porque, por meio dela, Ele recebe a mesma honra infinita que Jesus Cristo lhe prestara sacrificando-se na cruz. Uma só Missa presta a Deus maior honra que todas as orações e penitências dos santos, todos os trabalhos dos apóstolos, todos os sofrimentos dos mártires, todo o amor dos serafins e mesmo da Mãe de Deus, porque todas as honras dos homens são de natureza finita, enquanto a honra que Deus recebe pela Missa é infinita, pois lhe é prestada por uma pessoa divina, o seu Filho.
Devemos por isso reconhecer, com o santo Concílio de Trento, que a Santa Missa é a mais santa e divina de todas as obras (Sess. 22). Nosso Senhor morreu especialmente para esse fim, para poder criar sacerdotes do Novo Testamento. Não era necessário que o Salvador morresse para remir o mundo; uma só gota do seu sangue, uma lágrima, uma só oração teria bastado para operar a salvação de todos, porque, sendo essa oração de valor infinito, seria suficiente para remir não só um mundo, mas também mil mundos. Para criar, porém, um sacerdote devia Jesus Cristo morrer, pois, do contrário, donde se tiraria esse sacrifício que agora oferecem a Deus os sacerdotes do Novo Testamento, esse santo e imaculado sacrifício que, por si só, basta para dar a Deus a honra que lhe é devida? Ainda que se sacrificasse a vida de todos os anjos e santos, mesmo assim, esse sacrifício não prestaria a Deus essa honra infinita, que lhe dá uma única Santa Missa.
II. A Santa Missa é um sacrifício propiciatório
Pode-se deduzir já da instituição da Sagrada Eucaristia que a Santa Missa é verdadeiramente um sacrifício propiciatório, ou seja, que inclina Deus a nos perdoar a pena e a culpa dos pecados, que foi feita especialmente para a remissão dos pecados: Este é o meu, sangue, que será derramado por muitos, para remissão dos pecados, disse Jesus Cristo (Mt 26, 28). A Santa Missa perdoa até os maiores pecados, não imediatamente, mas só mediatamente, como afirmam os teólogos, isto é, Deus, em consideração ao sacrifício do altar, concede a graça que leva o homem a detestar seus pecados e a purificar-se deles no sacramento da Penitência. Quanto às penas temporais, que devem ser expiadas depois da destruição da culpa, são elas perdoadas por virtude da Santa Missa, ao menos parcialmente, quando não de todo. Numa palavra, a Santa Missa abre os tesouros da divina misericórdia em favor dos pecadores.
Desgraçados de nós se não houvesse esse grande sacrifício, que impede à justiça divina de nos enviar os castigos que merecemos por nossos pecados. É certo que todos os sacrifícios do Antigo Testamento não podiam aplacar a ira de Deus contra os pecadores. Se se sacrificasse a vida de todos os homens e anjos, a justiça divina não seria satisfeita devidamente nem sequer por uma única falta que a criatura tivesse cometido contra seu Criador. Só Jesus Cristo podia satisfazer por nossos pecados: Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2, 2). Por isso o Padre Eterno enviou o seu Filho ao mundo, para que se fizesse homem mortal e, pelo sacrifício de sua vida, o reconciliasse com os pecadores. Esse sacrifício é renovado em cada Missa. Não há dúvida: o sangue inocente do Redentor clama muito mais fortemente por misericórdia em nosso favor, que o sangue de Abel por vingança contra Caim.
Este sacrifício pode ser oferecido também pelos defuntos. Por isso o sacerdote, na Santa Missa, pede ao Senhor que se recorde de seus servos que partiram para a outra vida e que lhes conceda, pelos merecimentos de Jesus Cristo, o lugar de repouso, da luz e da paz. Se o amor de Deus que possuem as almas ao saírem desta vida não basta para purificá-las, essa falta será reparada pelo fogo do Purgatório; muito melhor, porém, a repara o amor de Jesus Cristo por meio do sacrifício eucarístico, que traz às almas grande alívio e, muitas vezes, até a libertação completa dos seus sofrimentos. O Concílio de Trento declara que as almas que sofrem no Purgatório podem ser muito auxiliadas pela intercessão dos fiéis, mas em especial pelo santo sacrifício da Missa. E acrescenta (Sess. 22, c. 2) que isso é uma tradição apostólica. Santo Agostinho exorta-nos a oferecer o sacrifício cia Santa Missa por todos os defuntos, caso que não possa aproveitar às almas pelas quais pedimos.
III. A Santa Missa é um sacrifício eucarístico
É justo e razoável que agradeçamos a Deus pelos benefícios que nos fez em sua infinita bondade. Mas que digno agradecimento podemos dar-lhe nós, miseráveis? Se Deus nos tivesse dado uma única vez um sinal de sua afeição, estaríamos obrigados a um agradecimento infinito, porque esse sinal de amor seria o favor e dom de um Deus infinito. Mas eis que o Senhor nos deu esse meio de cumprir com nossa obrigação e de agradecer-lhe dignamente. E como? Tornando-nos possível oferecer-lhe na Santa Missa a Jesus Cristo. Dessa maneira dá-se a Deus o mais perfeito agradecimento e satisfação; pois, quando o sacerdote celebra a Santa Missa, dá-lhe um digno agradecimento por todas as graças, mesmo por aquelas que foram concedidas aos santos no céu; uma tal ação de graças, porém, não podem prestar a Deus todos os santos juntos, de maneira que também nesse respeito a dignidade sacerdotal sobrepuja todas as dignidades, não excetuadas as do céu.
Na Santa Missa, a vítima que é oferecida ao Eterno Pai é seu próprio Filho, em quem pôs toda a sua complacência. Por isso dirigia Davi suas vistas a este sacrifício, quando pensava num meio de agradecer a Nosso Senhor pelas graças recebidas: Que darei ao Senhor por tudo que ele me tem feito? pergunta ele, e responde: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (S1 115, 12). O próprio Jesus Cristo agradeceu a seu Pai celeste todos os benefícios que tinha feito aos homens, por meio deste sacrifício: E, tomando o cálice, deu graças e disse: Tomai-o e distribuí-o entre vós (Lc 22, 17).
IV. A Santa Missa é um sacrifício impetratório
Se já temos a segura promessa de alcançar tudo que pedimos a Deus em nome de Jesus Cristo (cfr. Jo 16, 23), muito maior deve ser a nossa confiança se oferecemos a Deus seu próprio Filho. Este Salvador que nos ama roga por nós sem cessar lá no céu (cfr. Rom 8, 31), mas, de modo todo especial, durante a Santa Missa, em que se sacrifica a seu Eterno Pai, pelas mãos do sacerdote, para nos alcançar suas graças. Se soubéssemos que todos os santos e a Santíssima Virgem estão rezando por nós, com que confiança não esperaríamos de Deus os maiores favores e graças. Está, porém, fora de dúvida que um só rogo de Jesus Cristo pode infinitamente mais que todas as suplicas dos santos.
No Antigo Testamento era permitido unicamente ao sumo sacerdote, e isso uma só vez no ano, entrar no santo dos santos; hoje, porém, todos os sacerdotes podem sacrificar todos os dias ao Eterno Pai o cordeiro divino, para alcançar de Deus graças para si e para todo o povo.
O sacerdote sobe ao altar para ser o intercessor de todos os pecadores. “Ele exerce o ofício de um medianeiro”, diz São Lourenço Justiniano (Sermo de Euchar.), “e por isso deve ser um intercessor para todos que pecam”. Dessa maneira“, diz São João Crisóstomo, “está o Padre no altar, no meio, entre Deus e o homem; oferece a Deus as súplicas dos homens e alcança-lhes as graças de que precisam” (Hom. 5 in Jo.). Deus distribui as suas graças sempre que é rogado em nome de Jesus Cristo, mas as distribui com mais largueza durante a Santa Missa, atendendo às suplicas do sacerdote, diz São João Crisóstomo; pois essas súplicas são então acompanhadas e secundadas pela oração de Jesus Cristo, que é o sacerdote principal, visto que é ele mesmo que se oferece neste sacrifício para nos alcançar graças de seu Eterno Pai.
Segundo o Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2), é especialmente durante a Santa Missa que o Senhor está sentado naquele trono de graças ao qual devemos nos chegar, diz o Apóstolo, para alcançarmos misericórdia e encontrarmos graças no momento oportuno (Heb 4, 16). Até os anjos esperam o tempo da Santa Missa, diz São João Crisóstomo (Hom 13. De incomp. Dei nat.), para pedirem com mais resultado por nós, acrescentando que dificilmente se alcançará aquilo que não se consegue durante a Santa Missa.
A Santíssima Virgem, depondo uma vez o Menino Jesus nos braços de Santa Francisca Farnese, disse-lhe: “Eis aqui o meu Filho; aprende a torná-lo favorável a ti, oferecendo-o muitas vezes a Deus. Dize, por isso, a Deus, quando vires presente no altar o divino Cordeiro: Ó Pai Eterno, ofereço-vos hoje todas as virtudes, todos os atos e todos os afetos de vosso mui amado Filho. Recebei-os por mim, e por seus merecimentos, que ele mos deu e, por isso, são meus, dai-me as graças que Jesus Cristo pedir por ruim. Ofereço-vos esses merecimentos para vos agradecer por todas as misericórdias que tendes usado comigo e para satisfazer por meus pecados. Pelos merecimentos de Jesus Cristo espero alcançar de vós todas as graças, o perdão, a perseverança, o céu, mas especialmente o mais precioso de todos os dons, o vosso puro e santo amor”.
Fonte:
LIGÓRIO, Santo Afonso Maria. Escola da Perfeição Cristã. Org:
Pe. Saint-Omer.
Tradução: Quadrante.
Fonte: Editora Quadrante
Vários Métodos para assistir à Santa
Missa
(São Leonardo de Porto-Maurício, As
Excelências da Santa Missa)
O desígnio exclusivo
do presente opúsculo é levar aqueles que o quiserem ler, a adotar com fervor um
método de assistir à Santa Missa, conforme vou expor.
Como, porém, muitas
maneiras de assistir à Santa Missa, todas louváveis e santas, têm sido
ensinadas até hoje, não tenho a intenção de impor-vos a minha.
Deixo-vos, portanto,
a liberdade de escolher aquele modo que mais vos agradar e vos parecer
mais conforme à vossa devoção e capacidade, e farei junto de vós
apenas o ofício de Anjo da Guarda, propondo-vos o método mais frutuoso, quero
dizer, o que, a meu humilde julgamento, poderá ser para vós mais vantajoso e
fácil. Neste fim, distinguimos três classes de métodos.
O PRIMEIRO é
o das pessoas que, de livro na mão, seguem atentamente todas as ações do
sacerdote, a cada uma recitam outra prece vocal que lêem no livro, e assim
passam todo o tempo da Missa a ler. Não há dúvida que, se a essa leitura se
junta a meditação dos grandes mistérios, é uma excelente maneira de assistir ao
Santo Sacrifício e produz também grandes frutos.
Visto, porém, exigir
atenção excessiva, pois é necessário seguir todas as cerimônias que o sacerdote
efetua, e em seguida dirigir os olhos ao livro para aí ler a oração
correspondente, torna-se uma prática fatigante, na qual poucas pessoas, creio,
hão de persistir, dada a fraqueza do nosso espírito que se enfada facilmente de
refletir sobre tantas ações diversas que o sacerdote executa no altar. Enfim,
aquele que se acha bem assim e tira proveito espiritual, continue a seguir este
sistema; pois à prática tão laboriosa não faltará uma recompensa da parte de
DEUS.
A SEGUNDA maneira
de assistir à Santa Missa é a das pessoas que não se servem de livros e não
lêem absolutamente nada durante todo o tempo do santo Sacrifício, mas
que, com viva fé, fixam os olhos da alma em JESUS crucificado, e, apoiadas na
árvore da Cruz, dela recolhem os frutos por meio de doce contemplação. Passam
todo esse tempo em piedoso recolhimento interior e na consideração dos sagrados
mistérios da Paixão de JESUS CRISTO, que são, não somente representados, mas
misticamente reproduzidos na Santa Missa. É certo que estas pessoas, mantendo
suas almas assim recolhidas em DEUS, exercem atos heróicos de Fé, Esperança
e Caridade e de outras virtudes, e não há dúvida que esta maneira de
assistir à Santa Missa é muito mais perfeita que a primeira, e também mais doce
e mais suave, como o atesta a experiência de um bom irmão converso.
Costumava ele dizer
que, ao assistir à Santa Missa, não lia mais que três letras: a primeira,
negra, era a consideração de seus pecados que lhe produziam confusão e
arrependimento, e ocupava-o desde o começo até ao ofertório.
A segunda era
vermelha: a meditação da Paixão de CRISTO, na qual considerava o preciosíssimo
Sangue que JESUS derramou por nós no Calvário, sofrendo morte tão cruel; nisto
se entretinha até à Comunhão.
A terceira letra era
branca, pois enquanto o sacerdote comungava, ele se unia a JESUS pela comunhão
espiritual, ficando, em seguida, todo absorto em DEUS, contemplando a glória
eterna que esperava como fruto do divino Sacrifício. Esse homem simples
assistia à Santa Missa com grande perfeição; quisera eu que todos aprendessem
dele tão alta sabedoria.
Método de São Leonardo de
Porto-Maurício
(As Excelências da Santa Missa)
O TERCEIRO método
para assistir com fruto à Santa Missa, é como que a média dos dois precedentes.
Não exige a leitura de inúmeras preces vocais do primeiro, nem obriga a um
espírito de contemplação tão elevado como o segundo. Bem compreendido, porém, é
o mais conforme ao espírito da Santa Igreja, que almeja ver-vos unidos aos
sentimentos do sacerdote que celebra.
Ora, o sacerdote deve
oferecer o sacrifício pelos quatro fins explicados na instrução precedente,
pois que a Missa, no dizer de Santo Tomás, é o meio mais eficaz de cumprir os
quatro grandes deveres que temos para com DEUS (Nota: adorar, pedir perdão, pedir graças e agradecer.). Por
conseguinte, já que exerceis de certo modo o ofício do sacerdote, ao assistir à
Santa Missa, deveis aplicar-vos quanto possível à consideração dos ditos quatro
fins, que atingis muito facilmente se, durante a Missa fizerdes as
quatro ofertas indicadas a seguir. Tomai convosco, durante algum tempo, este
livrinho, até que tenhais aprendido bem estes atos, ou ao menos até lhes terdes
penetrado bastante o sentido, pois não tenho em mira que estejais ligados
demais às palavras.
Logo que a Santa Missa começa, enquanto
o sacerdote se humilha ao pé do altar, dizendo o Confiteor, fazei também um pequeno exame,
excitai em vosso coração um ato de contrição sincera, pedindo a DEUS perdão de
vossos pecados.
Implorai, ao mesmo
tempo, o auxílio do ESPÍRITO SANTO e da Santíssima Virgem Maria, a fim de
assistir à Santa Missa com todo o respeito e devoção possíveis. Em seguida,
dividi em quatro partes o tempo da Missa, para, nessas quatro partes, vos
desobrigardes dos quatro grandes deveres, e isso do modo que segue:
Na primeira parte, que irá desde o
começo até ao Evangelho,
cumpris o primeiro dever de honrar e louvar a majestade de DEUS, digno de
receber honras e louvores infinitos. Para isso humilhai-vos com JESUS,
abaixando-vos na consideração do vosso nada, e confessai sinceramente que nada
sois absolutamente diante da imensa Majestade divina. Dizei-o, humilhando-vos
não só em vosso coração, como também exteriormente, pois importa assistir à
Santa Missa com uma atitude recolhida e modesta: “Ó meu DEUS,
adoro-vos e reconheço-vos como meu Senhor e o Mestre de minha alma. Tudo que
sou, tudo que tenho, reconheço dever a vós. E, como vossa soberana Majestade
merece homenagem e adoração infinitas, e eu sou a mais pobre das criaturas,
absolutamente incapaz de pagar-vos esta grande dívida, ofereço-vos os méritos
das humilhações e homenagens que JESUS vos tributa sobre o altar. O que Ele
faz, eu tenho a mesma intenção de fazer. Humilho-me e prostro-me com Ele diante
de vossa Majestade, e vos adoro pelas próprias humilhações que JESUS vos
oferece. Regozijo-me e felicito-me de que vosso FILHO bem-amado Vos preste por
mim homenagem e honra infinitas”. Amém.
Fechai agora o livro;
continuai a fazer muitos atos interiores, comprazendo-vos de que DEUS seja
infinitamente honrado, e repeti muitas vezes:
Sim, meu
DEUS, regozijo-me da honra infinita que resulta deste Santo Sacrifício, para
Vossa Majestade; felicito-me e regozijo-me quanto posso.
Não vos preocupeis em
observar à risca as palavras que vos indico, mas usai aquelas que vos inspirar
vossa piedade, mantendo-vos recolhido e unido a DEUS. Deste modo tereis saldado
bem a primeira dívida.
Durante a segunda parte da Santa Missa,
do Evangelho à elevação,
desobrigar-vos-eis do segundo dever. Lançando um rápido olhar aos vossos
pecados, e vendo a dívida imensa que por eles contraístes com a Justiça Divina,
dizei, com o coração humilhado:
Eis aqui,
ó meu DEUS, este traidor que tantas vezes se revoltou contra vós. Infeliz que
sou! Cheio de dor, detesto, odeio, com a mais viva contrição meus enormes
pecados, e ofereço-vos em reparação a própria satisfação que JESUS vos dá sobre
o altar.
Ofereço-vos
o CRISTO total, com seu preciosíssimo Sangue, e todos os Seus méritos, DEUS e
Homem, que na qualidade de vítima, de novo se sacrifica por mim. Pois que o
Senhor JESUS se faz, sobre este altar, meu mediador, meu advogado, e por seu
Sangue implora o perdão para mim, eu me uno à voz deste SENHOR tão amante, e
vos peço misericórdia por tantos pecados tão graves, que tenho cometido.
Misericórdia! Clama-vos o Sangue de JESUS. Misericórdia! Clama-vos meu coração
desolado.
Ah! Meu
adorável SENHOR, se minhas lágrimas não vos comovem, deixai-vos tocar pelos
gemidos de JESUS. Por que não obteria Ele para mim, sobre este altar, o perdão
que, na Cruz, mereceu para todo o gênero humano? Em virtude deste preciosíssimo
Sangue, espero que me perdoeis, também, todos os meus pecados, os quais não cessarei
de chorar até meu último suspiro. Amém.
Fechai o livro e
repeti muitos destes atos de profunda e sincera contrição. Dai livre curso a
vossos sentimentos e, sem confusão de palavras, mas do fundo do coração dizei a
JESUS:
JESUS
adorável, dai-me as lágrimas de São Pedro, a contrição de Madalena, e a dor
daqueles santos que, depois de terem sido grandes pecadores, se tornaram
verdadeiros penitentes, a fim de que, por esta Santa Missa, eu obtenha o mais
completo perdão de meus pecados. Amém.
Fazei muitos destes
atos, todo recolhido em DEUS, e ficai certo de que assim pagareis completamente
todas as dívidas que, por vossos pecados, contraístes com DEUS.
Na terceira parte, isto é, depois da
Elevação até à Comunhão,
considerai os imensos benefícios de que fostes cumulado e, em troca, oferecei a
DEUS um presente de valor infinito: o Corpo e o Sangue de JESUS CRISTO.
Convidai mesmo todos os Anjos e Santos a render graças a DEUS, por vós, da
maneira seguinte ou de outra qualquer equivalente:
Eis-me
aqui, meu amado SENHOR, cumulado de benefícios, tanto gerais como particulares,
que me concedestes e quereis conceder-me no tempo e na eternidade. Reconheço
que vossas misericórdias para comigo foram e são infinitas. Eis aqui, portanto,
em reconhecimento e em paga, este Sangue Divino, este Corpo Sacratíssimo, que
vos apresento pela mão do sacerdote. Estou certo de que esta oferenda é
suficiente para vos pagar por todos os bens que me tendes concedido.
Este dom
de valor infinito vale por si todos os dons que recebi, que recebo, e que ainda
receberei de vós. Ah! Santos Anjos e vós todos os habitantes do Céu, ajudai-me
a agradecer a DEUS, e oferecei-Lhe em ação de graças não só esta Santa Missa,
mas todas as que se celebram neste momento no Mundo inteiro, a fim de que sua bondade
tão cheia de amor seja dignamente agradecida, por tantas graças que me concedeu
e que quer conceder-me agora e nos séculos dos séculos. Amém.
Ah! Quanto agradará a
nosso boníssimo DEUS tão afetuoso reconhecimento! Como não ficará pago com esta
única oferta que vale mais que tudo, porque é de valor infinito! E, para mais
excitar estes piedosos sentimentos, convidai o Céu a cooperar convosco. Invocai
os Santos aos quais tendes mais devoção e dizei-lhes do fundo do coração: Ó
queridos Santos, meus advogados, agradecei por mim a DEUS de infinita bondade,
não viva e morra eu como ingrato. Peco-vos, suplicai-Lhe aceitar minha boa
vontade e levar em conta o agradecimento cheio de amor, que, por esta Santa
Missa, Lhe oferece, por mim, o adorável JESUS. Amém.
Não vos contenteis em
dizer isto uma vez, mas repeti-o, e ficai certo de que assim chegareis a pagar
completamente esta grande dívida. Maior sucesso ainda tereis se cada manhã
fizerdes o ato de oferecimento que começa com as palavras DEUS ETERNO a fim de com este intuito
oferecer todas as Santas Missas celebradas no Mundo inteiro.
Na quarta parte, depois da Comunhão até
ao fim da Santa Missa,
enquanto o sacerdote comunga sacramentalmente, fareis a COMUNHÃO ESPIRITUAL. Em seguida, contemplando a DEUS
no íntimo de vosso coração, não receeis pedir-Lhe muitas graças, pois neste
momento JESUS une-se todo a vós e Ele mesmo ora por vós.
Expandi, portanto,
vosso coração, pedindo, não coisas de pouca importância, mas grandes graças. Já
que tão grande é a oferenda que Lhe fazeis, o seu Divino Filho. Dizei-Lhe,
então, com o coração repleto de humildade:
Ó meu DEUS, reconheço-me por
demais indigno de vossos favores; confesso minha suma indignidade, e que, tendo
cometido tantos e tão grandes pecados, não mereço ser atendido. Como poderíeis,
porém, deixar de escutar vosso Divino Filho, que sobre este altar, pede por
mim, oferecendo-vos sua vida e seu Sangue? Ó meu DEUS, fonte do Amor, ouvi as
súplicas deste poderoso advogado, e, em consideração a Ele, concedei-me todas
as graças que sabeis que necessito para realizar o grande trabalho de minha
salvação eterna. É agora que ouso pedir-vos o perdão geral de todos os meus
pecados e a graça da perseverança no bem. Mais ainda, confiante nas preces de
JESUS, peço-vos, ó meu DEUS, todas as virtudes num grau heróico, e todas as
graças eficazes para tornar-me um verdadeiro santo. Peço-vos a conversão de
todos os infiéis e de todos os pecadores e particularmente daqueles a quem
estou unido pelos laços do sangue ou por um parentesco espiritual.
Imploro-vos
a libertação não só de uma, mas de todas as almas do Purgatório: libertai-as
todas e que, pela eficácia deste Divino Sacrifício, fique vazia aquela prisão.
Peço-vos, humildemente, a conversão de todos os vivos, a fim de que este
miserável Mundo se transforme num paraíso de delícias onde sejais amado,
reverenciado, adorado por todos no tempo, para depois irmos louvar-vos e
bendizer-vos por toda a eternidade. Amém.
Pedi ainda, graças
para vós, para as crianças, para vossos amigos, parentes e conhecidos; implorai
socorro para todas as vossas necessidades espirituais e temporais; rogai para a
Santa Igreja Católica Apostólica Romana, pedindo a plenitude de todos os bens,
e o fim de todos os males.
Rezai muito,
especialmente pelo Sacerdote que celebrou a Santa Missa, mais do que todos, ele
merece sua gratidão. Peça ao boníssimo DEUS a perseverança para ele e, muito
especialmente, que faça dele um grande santo.
E não façais com
negligência, mas com grande confiança, seguros de que vossas orações, unidas às
de JESUS, serão atendidas.
Terminada a Santa
Missa, fazei um ato de agradecimento a DEUS, dizendo-Lhe: Agimus tibi gratias,
etc., Se puderdes, ficai uns quinze minutos em Ação de graças, depois saí da
Igreja com o coração compungido, como se descêsseis do Calvário.
Dizei-me agora: se
tivésseis assistido deste modo a todas as Santas Missas, do passado até ao
presente, de quantos tesouros não teríeis enriquecido vossa alma!? Oh! Que
enormes prejuízos vos causastes, quando assistíeis à Santa Missa, olhando para
um e outro lado, observando os que entravam e saíam da igreja e,
muitas vezes até, conversando ou cochilando, ou, sobretudo, engrolando de
qualquer jeito algumas preces vocais, sem o menor recolhimento interior. Tomai,
portanto, a resolução de adotar este método tão fácil, tão suave, de assistir
com fruto à Santa Missa, e que consiste em cumprirdes os quatro grandes deveres
para com DEUS: não tenhais dúvida que em pouco tempo reunireis um grande
tesouro de graças especiais, e nunca mais vos virá à idéia dizer: “Uma
missa a mais, uma missa a menos, que importa!”
Método
para assistir à Santa Missa
pela meditação das Sete Palavras de Jesus Cristo na
Cruz ,
São Pedro Julião Eymard, A Divina
Eucaristia, Vol 2.
Para assistir
devotamente à Santa Missa, meditai nos diversos passos da Paixão do Salvador,
renovados ali de maneira tão admirável.
Preparação — Considerai o Templo como o
lugar mais santo e respeitável do mundo, como um novo Calvário. O Altar, de
pedra, contém os ossos dos Mártires. Os círios, que ardem e se consomem, são
o símbolo da fé, esperança e caridade. As toalhas brancas, que cobrem o
Altar, lembram-nos as mortalhas em que foi envolvido o Corpo de Jesus Cristo.
O Crucifixo no-lo representa morrendo por nós.
No sacerdote, vede Jesus Cristo com
as vestes de sua Paixão:
no amito, o pedaço de tecido com
que os carrascos velaram a Face do Salvador; na alva, a túnica branca de escárnio com que o vestiu o impudico
Herodes; no cordão, os laços com
que os Judeus o ataram no Jardim das Oliveiras, a fim de levá-lo aos
tribunais; no manípulo, as cadeias
com que foi preso à coluna de flagelação; na estola, as cordas com que o puxaram pelas ruas de Jerusalém
com a Cruz às costas; na casula, o
manto púrpura que lhe lançaram no pretório, ou a Cruz que lhe impuseram.
Numa palavra, o
ministro, trazendo as vestes sacerdotais, representa-nos o próprio Jesus
Cristo, caminhando para o suplício do Calvário. E, além disso, ensina-nos
quais as disposições com que nos devemos apresentar ao Santo Sacrifício.
O amito, colocado
primeiro na cabeça e logo depois nos ombros, é símbolo da modéstia e do
recolhimento; a alva branca e o cordão, da pureza; o manípulo, da contrição;
a estola, da veste de inocência; a casula, do amor da cruz e do jugo do
Senhor.
O sacerdote entra e se aproxima do
altar levando o cálice. Vede Jesus dirigindo-se ao Jardim de Getsêmani para ali
começar sua Paixão de Amor. Com os Apóstolos, acompanhai-o, mas ficai a velar
e rogar com Ele. Afastai toda distração e todo pensamento alheios a tão
tremendo Mistério.
O sacerdote, aos pés do Altar,
inclina-se, ora e humilha-se profundamente, à vista dos seus pecados. Jesus, no Jardim, prostra-se com a
face por terra; humilha-se pelos pecadores; um suor de Sangue, fruto de sua
imensa dor, corre-lhe pelo Corpo, ensangüentando-lhe as vestes, manchando a
terra. É que Ele tomou para si nossos pecados, com toda a amargura inerente.
A vós, então, cabe
confessar com o sacerdote vossas faltas; com ele pedir humildemente perdão e
receber a absolvição, para que, purificado, possais assistir ao Santo
Sacrifício. Se esta só consideração vos ocupar durante todo o Sacrifício; se
vos for dado participar dos sentimentos e da agonia de Jesus; se a graça vos
retiver ao seu lado, está bem. De outra forma, acompanhai-o no percurso da
Paixão.
O sacerdote, subindo o Altar, beija-o. Judas, chegando ao Jardim das
Oliveiras, dá a Jesus um beijo pérfido. Ah! Quantos não tem ele recebido dos
seus filhos e ministros infiéis!
Ai de mim! Nunca o
traí eu? Nunca o entreguei aos seus inimigos ou às minhas paixões? E, no
entanto, Ele muito me amou!
Podeis também
contemplar a Jesus preso, tornando a Jerusalém, a fim de comparecer perante
seus inimigos e deixando-se levar com a doçura do Cordeiro. Pedi-lhe a
paciência e a mansidão nas provações por parte do próximo.
O sacerdote começa o intróito e
benze-se. Jesus é conduzido à presença do sumo Pontífice Caifás,
onde Pedro o renega. Ah! Quantas vezes não reneguei a sua verdade, a sua lei,
as minhas promessas! E não foi nem o temor, nem a surpresa que me levaram a
renegar meu Salvador. Ai de mim! Sou, por conseguinte, mais culpado do que
Pedro, cujas lágrimas correram sem demora, uma vez cometida a culpa. E ele
chorou-a toda a vida, enquanto meu coração permanece duro e insensível.
O sacerdote recita o Kyrie. Jesus clama ao Pai por nós. Aceitai,
com Ele, todos os sacrifícios que Deus vos pedir.
O sacerdote recita as Orações e a
Epístola. Jesus, em presença de Caifás, confessa sua Divindade,
ciente de que a sentença de morte lhe virá punir semelhante declaração.
Meu Deus,
fortificai, aumentai minha fé nessa mesma Divindade, para que, mesmo em
perigo de vida, eu a adore, a ame e a confesse, feliz em poder dar meu sangue
para defendê-la.
O sacerdote lê o Evangelho. Jesus, na presença de Pilatos, dá
testemunho de sua realeza. Sede sempre, ó Jesus, rei do meu espírito pela
vossa Verdade, rei do meu coração pelo vosso Amor, rei do meu corpo pela
vossa Pureza, rei de toda a minha vida pela vontade que tenho de consagrá-la
à vossa maior Glória.
Recitai em seguida
o Credo, com fé e piedade, lembrando-vos de que o Salvador morreu
em defesa da Verdade.
O sacerdote oferece o pão e o vinho
do sacrifício, a hóstia a Deus Pai.
Pilatos apresenta Jesus ao povo exclamando: Ecce Homo, eis o Homem! Seu
estado excita compaixão. A flagelação feriu-o até o Sangue, e a coroa de
espinhos lhe ensangüentou a Face. Um manto de púrpura, já gasto, junto à vara
que leva na mão, fazem dele um rei de comédia. Pilatos propõe ao povo que lhe
conceda a liberdade. Mas este não quer e responde: Seja crucificado! Crucifigatur!
E nesse momento Jesus se oferecia ao Pai pela salvação do mundo todo e do seu
povo em particular, e o Pai aceitava sua oblação.
Ofereço-vos, com o
sacerdote, ó Pai Santo, a Hóstia pura e imaculada de minha salvação e da
salvação de todos os homens. Ofereço-vos, em união com essa oblação divina,
minha alma, meu corpo e minha vida. Quero continuar a fazer reviver em mim a
santidade, as virtudes e a penitência de vosso divino Filho. O
Domine, regna super nos.
O sacerdote lava as mãos. Pilatos também lavou as mãos para
protestar a inocência de Jesus. Ah! Meu Salvador, lavai-me no vosso Sangue
puríssimo e purificai-me dos muitos pecados e imperfeições que maculam minha
vida.
O sacerdote convida os fiéis, no
Prefácio, a louvar a Deus. Jesus, Homem das Dores, há pouco aclamado por aqueles que
hoje o coroam de espinhos e o atam num poste, recebe ali as homenagens
derrisórias e sacrílegas de seus carrascos, que o atormentam com ultrajes
indignos, lhe cospem na Face e dele zombam. Ai de nós! Tais são as homenagens
que nosso orgulho, nossa sensualidade, nosso respeito humano rendem a Jesus
Cristo!
No Cânon, o sacerdote inclina-se, ora
e santifica as ofertas por numerosos Sinais-da-Cruz. Jesus curva os ombros sob o fardo da
Cruz. Toma-a com amor, beija-a, leva-a com carinho, encaminhando-se para o
Calvário, dobrado sob esse peso de amor. Ah! Ele carrega meus pecados a fim
de expiá-los, e minhas cruzes a fim de santificá-las. Sigamos Jesus Cristo,
levando a Cruz e subindo penosamente o monte Calvário. Acompanhemo-lo com
Maria, as santas mulheres e Simão, o Cireneu.
O sacerdote impõe as mãos sobre o
cálice e a hóstia. Os carrascos, apoderando-se de Jesus Cristo, despem-no
violentamente, e estendem-no sobre a Cruz, onde o crucificam.
Consagração e Elevação. O sacerdote consagra o pão e vinho
no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Adora, de
joelhos, seu Salvador e seu Deus, real e verdadeiramente presente em suas
mãos. Eleva-o, em seguida, apresentando-o à adoração dos fiéis. É Jesus
erguido na Cruz, entre o céu e a terra, qual Vítima e Mediador entre Deus
irritado e nós, míseros pecadores.
Adorai e oferecei
esta Vítima Divina em expiação, não somente pelos vossos próprios pecados,
mas também pelos pecados dos homens em geral e dos vossos pais, parentes e amigos
em particular. Prostrados a seus pés, seja o grito de vosso coração: Meu
Senhor e meu Deus!
Considerai a Jesus estendido no
Altar, como outrora na
Cruz, adorando ao Pai, no profundo aniquilamento de sua própria Glória,
rendendo-lhe graças por todos os bens concedidos aos homens seus irmãos — e
irmãos redimidos — mostrando-lhe as Chagas, ainda abertas, que pedem graça e
misericórdia pelos pecadores; rezando por nós de tal forma, que o Pai nada
lhe pode recusar, a Ele, seu Filho, e Filho que se imolou por amor à sua
Glória.
Prestai ao próprio
Jesus o culto que Ele presta ao Pai. Adoro-vos, ó meu Salvador presente
realmente sobre o Altar para renovar em meu benefício o Sacrifício do
Calvário. A vós que sois o Cordeiro, ainda e diariamente imolado, bênção,
glória e poder nos séculos dos séculos! Rendo-vos, agora, e por toda a
eternidade vos renderei ações de graças pelo grande Amor que me
manifestastes.
O sacerdote invoca, profundamente
inclinado, a Clemência Divina para si e para todos. É
Jesus quem diz: Pai, perdoai-lhes, que não sabem o que fazem. Adorai tamanha Bondade que,
desculpando sempre os criminosos, não lhes quer chamar nem inimigos, nem
carrascos.
Perdoai-me, ó meu
Salvador, que minha culpa excede a deles, porquanto eu vos ofendi, embora
soubesse que éreis o Messias, meu Salvador e meu Deus. Perdoai-me. Vossa
Misericórdia será maior e, por conseguinte, mais digna ainda do vosso
Coração. Se sou pródigo, sou todavia, filho. Eis-me aos vossos pés.
O sacerdote ora pelos mortos. Jesus na Cruz reza pelos mortos
espirituais, pelos pecadores. Sua prece converte um dos dois celerados que
primeiro o haviam insultado, blasfemando contra Ele. “Lembrai-vos de mim,
Senhor, quando estiverdes no vosso Reino”, diz-lhe o bom ladrão. E Jesus
responde-lhe: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Ó meu Deus, pudesse
eu, na hora da morte, fazer-vos o mesmo pedido e ouvir a mesma resposta!
Lembrai-vos de mim nesse momento terrível, como vos lembrastes do ladrão
penitente.
No “Pater”, o sacerdote invoca o Pai
Celeste. Jesus na Cruz recomenda sua Alma ao Pai. Pedi a graça da
perseverança final.
No “Libera nos”, o
sacerdote roga para ser preservado dos males desta vida. Jesus, no grande Amor que nos tem,
tem sede de novos sofrimentos e bebe, para expiar nossas gulodices, o fel
misturado com vinagre.
O
sacerdote divide a Hóstia santa.
Jesus inclina a cabeça, a fim de lançar sobre nós um último olhar todo de
amor e expira, exclamando: Tudo está consumado.
É a Alma que se
separa do Corpo! Adora, ó minha alma, a Jesus morrendo, e já que Ele morreu
por ti, saibas tu também viver e morrer por Ele. Implorai a graça de uma
morte boa e santa, nos braços de Jesus, Maria e José.
O sacerdote, no “Agnus Dei”, bate
três vezes no peito. Enquanto Jesus expira, o sol se eclipsa de dor, a terra
estremece apavorada, os túmulos se abrem. Então, carrascos e espectadores,
batendo no peito, confessam publicamente seu erro, em presença de Jesus na
Cruz, proclamam-no Filho de Deus e afastam-se contritos e perdoados. Uni-vos
à sua contrição e merecereis o mesmo perdão.
O sacerdote bate no peito e comunga. Jesus é descido da Cruz, e colocado
nos braços de sua Mãe dolorosa. É embalsamado, amortalhado num lençol branco
e colocado num sepulcro novo.
Ó Jesus, ao
receber-vos no meu corpo e na minha alma, desejo que meu coração seja não um
túmulo, mas sim um templo alvo e puro, ornado de belas virtudes, onde só Vós
reinareis.
Ofereço-vos minha
alma para morada. Vinde nela habitar, qual Senhor supremo. Não seja eu um
túmulo de morte, mas um tabernáculo vivo. Ah! Aproximai-vos de mim, pois
longe de vós, desfaleço.
Acompanhai a Alma
de Jesus enquanto desce ao limbo a levar às almas dos justos a sua
libertação. Uni-vos à sua alegria, ao seu reconhecimento e dai-vos para
sempre ao vosso Salvador e vosso Deus.
O sacerdote purifica o cálice e
cobre-o com o véu. Jesus ergue-se do túmulo, glorioso e triunfante,
encobrindo, todavia, por amor aos homens, o esplendor de sua Glória.
O sacerdote, em ação de graças,
recita as orações. Jesus convida aos seus a se regozijarem pela sua vitória
sobre a morte e sobre o inferno. Uni-vos ao júbilo dos discípulos e das
santas mulheres em presença de Jesus ressuscitado.
O sacerdote abençoa o povo. Jesus abençoa seus discípulos.
Inclinai-vos, confiante de receber uma Bênção que há de realizar tudo quanto
promete.
O sacerdote lê o último Evangelho. É quase sempre o de São João, onde
está descrita a Geração Eterna, temporal e espiritual do Verbo Encarnado.
Adorai a Jesus que
subiu ao Céu para ali vos preparar um lugar. Contemplai-o reinando num trono
de glória e enviando aos Apóstolos seu Espírito de Verdade e de Amor.
Pedi que esse
Espírito divino habite em vós e vos dirija em tudo o que fizerdes no correr
do dia, e que este, pela graça do Santo Sacrifício, seja todo santificado e
tornado fecundo em obras de graça e de salvação.
|
O Santo Sacrifício
divide-se em três partes: a primeira vai do começo da Missa ao Ofertório; a
segunda, do Ofertório à Comunhão; a terceira, da Comunhão ao último Evangelho.
I. Enquanto o sacerdote ora aos pés do Altar e
se humilha pelos seus pecados, deveis confessar vossas culpas e adorar a
Deus em toda humildade, a fim de vos preparar para assistir dignamente ao Santo
Sacrifício.
Durante o Intróito lembrai-vos dos santos desejos dos
Patriarcas e Profetas, que ansiavam pela vinda do Messias, unindo-vos a eles
para pedir a Jesus Cristo que venha a vós e em vós reine.
No Glória, uni-vos em espírito aos Anjos para louvar a Deus e
agradecer-lhe o mistério da Encarnação.
Nas Orações, uni vossas intenções e vossos
pedidos aos da Santa Igreja. Adorai o Deus infinitamente bondoso, de quem
procede todo dom.
Prestai à Epistola a mesma atenção
que prestaríeis se vos falassem os Profetas ou Apóstolos, e adorai a Santidade
de Deus.
No Evangelho, ouvi a Jesus Cristo
em Pessoa falando-vos e adorai a Verdade de Deus.
Recitai o Credo com vivos sentimentos
de Fé, Fé essa que renovareis em união com a da Igreja, protestando, ao mesmo
tempo, que defendereis, se preciso for, com vosso próprio sangue todas as
verdades contidas no Símbolo.
II. Na segunda parte da Missa, unindo vossas intenções às do
sacerdote, oferecei-a pelos quatro fins do Santo Sacrifício:
1.°) Como
homenagem de suma adoração. Oferecei ao Pai Eterno as adorações do seu Filho
Encarnado, unidas às vossas próprias adorações e às de toda a Igreja.
Oferecei-vos também a vós mesmos com Jesus Cristo, para amá-lo e servi-lo.
2.°) Como
homenagem de ação de graças. Oferecei o Santo Sacrifício ao Pai, a fim de lhe
agradecer os méritos, as graças e a glória de Jesus Cristo; os méritos e a
glória de Maria Santíssima, e de todos os Santos; todos os benefícios pessoais
recebidos, e a receber, pelos méritos de seu Filho.
3.°) Como hóstia
satisfatória. Oferecei-o para satisfazer todos os vossos pecados, e expiar
todos os crimes que se cometem no mundo. Lembrai ao Pai Eterno que Ele nada nos
pode recusar, já que nos deu seu Filho, que ali está em sua Presença, num
estado de Sacrifício e de Vítima — Vítima que é dos nossos pecados e dos
pecados de todos os homens.
4.°) Como
sacrifício impetratório ou hóstia de oração. Oferecei ao Pai, como o penhor que
nos deu do Amor Divino, para que, confiantes, possamos dele esperar, em
abundância, os bens espirituais e temporais. Exponde-lhe as vossas necessidades
e pedi-lhe instantemente a graça de vos corrigir do vosso defeito dominante.
No Lavabo, purificai-vos pela contrição a fim de
vos tornardes uma verdadeira hóstia de louvor, agradável a Deus, o que lhe
atrairá um olhar de complacência.
No Prefácio, uni-vos ao concerto da Corte Celeste,
para louvar, bendizer e glorificar o Deus três vezes Santo por todos os seus
dons de graça e de glória, e, sobretudo, por nos ter remido na Pessoa de Jesus
Cristo.
No Cânon, associai-vos à piedade e ao amor dos
Santos da Nova Lei, para, com eles, celebrar dignamente a nova encarnação e a
nova imolação que se vão operar pela palavra do sacerdote. Pedi ao Pai Celeste
que, nesse Sacrifício, abençoe a todos os outros sacrifícios que lhe
ofertareis, quer de virtude, quer de santidade.
Enquanto o sacerdote,
cercado por uma falange de Anjos, se inclina profundamente cheio de respeito
ante a Ação Divina que lhe cabe realizar; enquanto fala e opera divinamente na
Pessoa de Jesus Cristo, consagra o pão e
o vinho no Corpo, no Sangue, na Alma e na Divindade do Homem-Deus, renovando
o mistério da Ceia, admirai esse Poder inaudito, transmitido aos sacerdotes em
vosso favor.
Depois, ao baixar Jesus sobre o Altar à palavra
do seu ministro, adorai a Hóstia Santa, o cálice do Sangue de Jesus Cristo,
clamando misericórdia por vós e recebei, qual outra Madalena, ao pé da Cruz, o
Sangue que brota das Chagas de Jesus.
Oferecei essa Vítima
divina à Justiça de Deus, por vós e por todos os homens, oferecei-a à sua
Misericórdia infinita e divina, para que seu Coração, à vista das vossas próprias
misérias, se enterneça e vos abra a fonte de sua Bondade sem fim.
Oferecei ainda essa
mesma Vítima à Bondade de Deus, para que Ele aplique seus frutos de luz e de
paz às almas padecentes do Purgatório, até que esse Sangue lhes apague as
chamas e, purificando-as inteiramente, as torne dignas do Paraíso.
Recitai o Pater, com Jesus Cristo na Cruz,
perdoando aos seus inimigos, e perdoai, por vossa vez, do fundo do coração e
com toda sinceridade, àqueles que vos ofenderam.
No Libera nos, pedi a Deus que, por
Maria e todos os Santos, vos livre dos pecados e dos males passados, presentes
e futuros, bem como de toda ocasião de pecado.
No Agnus Dei, lembrai-vos dos
carrascos convertidos no Calvário e, como eles, batei no peito. Depois
recolhei-vos por meio dum ato de fé, humildade e de confiança, de amor e de
desejo, e ide receber a Jesus Cristo.
III. Se não comungardes de fato, comungai
espiritualmente, do seguinte modo:
Desejai ardentemente
unir-vos a Jesus Cristo, confessando quão necessário é para vós viver de sua
Vida. Recitai um ato de contrição perfeito, por todos os vossos pecados,
passados e presentes, baseado na Bondade e Santidade de Deus.
Levai, em espírito, a
Jesus Cristo ao fundo de vossa alma, pedindo-lhe para fazer-vos viver
unicamente para Ele, já que não podeis viver senão por Ele.
Imitai a Zaqueu,
tomando boas resoluções e agradecei a Nosso Senhor terdes podido assistir à
Santa Missa e fazer a Comunhão espiritual. Oferecei-lhe, em ação de graças, uma
homenagem particular, um sacrifício, um ato de virtude, e pedi a Nosso Senhor
que abençoe a vós e a todos os vossos parentes e amigos.
No Intróito. Jesus ora pelos seus
carrascos. “Pater, ignosce illis; non enim sciunt quid faciunt”.
“Pai, perdoai-lhes, que não sabem o que fazem”. Ah! Vossa culpa excede a deles,
porquanto vosso conhecimento de Jesus era maior, e assim mesmo o crucificastes,
pelos vossos pecados. Pedi perdão a Jesus Cristo!
Nas Orações. O bom ladrão diz a Jesus: “Memento
mei cum veneris in regnum tuum”. “Lembrai-vos de mim, quando estiverdes no
vosso Reino”. E Jesus lhe respondeu: “Hodie mecum eris in paradiso”.
“Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. O ladrão, grato, une seu sofrimento ao
do Salvador. Pedi a mesma graça para hoje e o dia da vossa morte.
No Ofertório. Jesus dá São João a Maria por
filho. “Mulier, ecce filius tuus”. “Mulher, eis teu filho”.
Sucederá a Jesus na sua qualidade de filho, enquanto na sua pessoa, todos os
homens receberão a Maria por mãe. Agradecei a Nosso Senhor vo-la ter dado, e
pedi a esta boa Mãe que vos ame e vos dirija em tudo o que for do serviço de
Jesus.
No Prefácio. “Fili, ecce Mater tua”.
“Filho, eis tua Mãe”. É como filho que Maria vos recebe. Agradecei ao divino
Salvador o belo título de filho de Maria, que vos dá direito tanto sobre seu
Coração materno como sobre todos os seus bens.
Na Elevação. “Sitio!” “Tenho
sede!” Adorai a Jesus, novamente sacrificado no Altar, pedindo licença ao Pai
para sofrer ainda por amor aos homens exclamando: “Tenho sede! Sede de
corações! Sede de vossa glória!” Saciai essa sede ardente de Jesus, sede pelo
sofrimento, pela salvação do mundo, pela reparação devida à Majestade de Deus
tão ofendido, e sofrei e reparai com Ele.
No Pater. “Deus meus, Deus meus, ut quid
dereliquisti me?” “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”
Adorai os santos e inefáveis abandonos por que passou o Salvador em expiação do
abandono em que o deixastes a Ele e à sua santa Lei e protestai que nunca mais
o abandonareis.
Na Comunhão. Jesus expira exclamando: “Pater,
in manus tuas commendo spiritum meum. Consummatum est!” “Pai, entrego
minha Alma em vossas Mãos. Tudo está consumado!” Adorai a Jesus na Santa
Comunhão entregando a todos os homens tudo o que é — seu Corpo, seu Sangue, sua
Alma e sua Divindade. Uni-vos ao seu Ministro e adorai a Jesus descido da Cruz
e colocado nos braços de sua Santíssima Mãe. Recebei-o também e apertai-o junto
ao coração, onde o guardareis para sempre.
Método curto e devoto, para assistir
com fruto à Santa Missa
(São Leonardo de Porto-Maurício, As
Excelências da Santa Missa)
Era opinião de São
João Crisóstomo, opinião aprovada e confirmada por São Gregório, no quarto de
seus Diálogos, que, no momento em que o padre celebra a Missa, os céus se
abrem, e multidões de Anjos descem do Paraíso para assistir ao Santo
Sacrifício. São Nilo abade, discípulo do mesmo São João Crisóstomo, afirma que
via, quando este santo doutor celebrava, uma grande multidão daqueles espíritos celestes assistindo os ministros sagrados em suas augustas funções.
Eis o meio mais adequado para assistir
com fruto à Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao
Calvário, e de vos comportardes diante do altar, como o faríeis diante do trono
de DEUS, em companhia dos Santos Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia,
que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças
que DEUS costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude,
mistérios tão santos.
Entre os hebreus,
enquanto se celebravam os sacrifícios da antiga Lei, nos quais se ofereciam
apenas touros, cordeiros e outros animais, era coisa digna de admiração ver com
quanto recolhimento, modéstia e silêncio o povo todo acompanhava. E, se bem que
o número de assistentes fosse incalculável, além dos setecentos ministros que
sacrificavam, parecia, no entanto, que o templo estava vazio, pois não se ouvia
o menor ruído, nem um sopro. Ora, se havia tanto respeito e veneração por esses
sacrifícios que, afinal, não eram mais que uma sombra e figura do nosso, que
silêncio, que atenção, que devoção não merece a Santa Missa, na qual o próprio
Cordeiro Imaculado, o Verbo de DEUS, se imola por nós?!
Bem o compreendia
Santo Ambrósio. No testemunho de Cesário, quando ele celebrava a Santa Missa,
após o Evangelho virava-se para o povo e o exortava a um piedoso recolhimento e
impunha a todos guardar o mais rigoroso silêncio, não só proibindo a menor
palavra, mas ainda abstendo-se de tossir ou fazer qualquer ruído.
E era
obedecido. Quem quer que assistisse à Santa Missa do santo Bispo, sentia-se
tomado de profundo respeito e comovido até ao fundo da alma, tirando assim
grande proveito e acréscimo de graças.
Método
para assistir à Santa Missa
pela meditação da Paixão
(São
Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol 2)
Para assistir
devotamente à Santa Missa, meditai nos diversos passos da Paixão do Salvador,
renovados ali de maneira tão admirável.
Preparação — Considerai o Templo como o
lugar mais santo e respeitável do mundo, como um novo Calvário. O Altar, de
pedra, contém os ossos dos Mártires. Os círios, que ardem e se consomem, são o
símbolo da fé, esperança e caridade. As toalhas brancas, que cobrem o Altar,
lembram-nos as mortalhas em que foi envolvido o Corpo de Jesus Cristo. O
Crucifixo no-lo representa morrendo por nós.
No sacerdote, vede
Jesus Cristo com as vestes de sua Paixão: no amito, o pedaço de tecido com que
os carrascos velaram a Face do Salvador; na alva, a túnica branca de escárnio
com que o vestiu o impudico Herodes; no cordão, os laços com que os Judeus o
ataram no Jardim das Oliveiras, a fim de levá-lo aos tribunais; no manípulo, as
cadeias com que foi preso à coluna de flagelação; na estola, as cordas com que
o puxaram pelas ruas de Jerusalém com a Cruz às costas; na casula, o manto
púrpura que lhe lançaram no pretório, ou a Cruz que lhe impuseram.
Numa palavra, o
ministro, trazendo as vestes sacerdotais, representa-nos o próprio Jesus
Cristo, caminhando para o suplício do Calvário. E, além disso, ensina-nos quais
as disposições com que nos devemos apresentar ao Santo Sacrifício.
O amito, colocado
primeiro na cabeça e logo depois nos ombros, é símbolo da modéstia e do
recolhimento; a alva branca e o cordão, da pureza; o manípulo, da contrição; a
estola, da veste de inocência; a casula, do amor da cruz e do jugo do Senhor.
O sacerdote entra e se aproxima do
altar levando o cálice. Vede Jesus dirigindo-se ao Jardim de Getsêmani para ali
começar sua Paixão de Amor. Com os Apóstolos, acompanhai-o, mas ficai a velar e
rogar com Ele. Afastai toda distração e todo pensamento alheios a tão tremendo
Mistério.
O sacerdote, aos pés do Altar,
inclina-se, ora e humilha-se profundamente,
à vista dos seus pecados. Jesus, no Jardim, prostra-se com a face por terra;
humilha-se pelos pecadores; um suor de Sangue, fruto de sua imensa dor,
corre-lhe pelo Corpo, ensangüentando-lhe as vestes, manchando a terra. É que
Ele tomou para si nossos pecados, com toda a amargura inerente.
A vós, então, cabe
confessar com o sacerdote vossas faltas; com ele pedir humildemente perdão e
receber a absolvição, para que, purificado, possais assistir ao Santo
Sacrifício. Se esta só consideração vos ocupar durante todo o Sacrifício; se
vos for dado participar dos sentimentos e da agonia de Jesus; se a graça vos
retiver ao seu lado, está bem. De outra forma, acompanhai-o no percurso da
Paixão.
O sacerdote, subindo o Altar, beija-o. Judas, chegando ao Jardim das
Oliveiras, dá a Jesus um beijo pérfido. Ah! Quantos não tem ele recebido dos
seus filhos e ministros infiéis!
Ai de mim! Nunca o
traí eu? Nunca o entreguei aos seus inimigos ou às minhas paixões? E, no
entanto, Ele muito me amou!
Podeis também
contemplar a Jesus preso, tornando a Jerusalém, a fim de comparecer perante
seus inimigos e deixando-se levar com a doçura do Cordeiro.
Pedi-lhe a
paciência e a mansidão nas provações por parte do próximo.
O sacerdote começa o intróito e
benze-se. Jesus é conduzido à presença do sumo Pontífice Caifás, onde
Pedro o renega. Ah! Quantas vezes não reneguei a sua verdade, a sua lei, as
minhas promessas! E não foi nem o temor, nem a surpresa que me levaram a
renegar meu Salvador. Ai de mim! Sou, por conseguinte, mais culpado do que
Pedro, cujas lágrimas correram sem demora, uma vez cometida a culpa. E ele
chorou-a toda a vida, enquanto meu coração permanece duro e insensível.
O sacerdote recita o Kyrie. Jesus clama ao Pai por nós. Aceitai,
com Ele, todos os sacrifícios que Deus vos pedir.
O sacerdote recita as Orações e a
Epístola. Jesus,
em presença de Caifás, confessa sua Divindade, ciente de que a sentença de
morte lhe virá punir semelhante declaração.
Meu Deus, fortificai,
aumentai minha fé nessa mesma Divindade, para que, mesmo em perigo de vida, eu
a adore, a ame e a confesse, feliz em poder dar meu sangue para defendê-la.
O sacerdote lê o Evangelho. Jesus, na presença de Pilatos, dá
testemunho de sua realeza. Sede sempre, ó Jesus, rei do meu espírito pela vossa
Verdade, rei do meu coração pelo vosso Amor, rei do meu corpo pela vossa
Pureza, rei de toda a minha vida pela vontade que tenho de consagrá-la à vossa
maior Glória.
Recitai em seguida
o Credo, com fé e piedade, lembrando-vos de que o Salvador morreu
em defesa da Verdade.
O sacerdote oferece o pão e o vinho do
sacrifício, a hóstia a Deus Pai. Pilatos apresenta Jesus ao povo exclamando: Ecce Homo, eis
o Homem! Seu estado excita compaixão. A flagelação feriu-o até o Sangue, e a
coroa de espinhos lhe ensangüentou a Face. Um manto de púrpura, já gasto, junto
à vara que leva na mão, fazem dele um rei de comédia. Pilatos propõe ao povo
que lhe conceda a liberdade. Mas este não quer e responde: Seja
crucificado! Crucifigatur! E nesse momento Jesus se oferecia ao Pai
pela salvação do mundo todo e do seu povo em particular, e o Pai aceitava sua
oblação.
Ofereço-vos, com o
sacerdote, ó Pai Santo, a Hóstia pura e imaculada de minha salvação e da
salvação de todos os homens. Ofereço-vos, em união com essa oblação divina,
minha alma, meu corpo e minha vida. Quero continuar a fazer reviver em mim a
santidade, as virtudes e a penitência de vosso divino Filho. O Domine,
regna super nos.
O sacerdote lava as mãos. Pilatos também lavou as mãos para
protestar a inocência de Jesus. Ah! Meu Salvador, lavai-me no vosso Sangue
puríssimo e purificai-me dos muitos pecados e imperfeições que maculam minha
vida.
O sacerdote convida os fiéis, no
Prefácio, a louvar a Deus. Jesus, Homem das Dores, há pouco aclamado por aqueles que
hoje o coroam de espinhos e o atam num poste, recebe ali as homenagens
derrisórias e sacrílegas de seus carrascos, que o atormentam com ultrajes
indignos, lhe cospem na Face e dele zombam. Ai de nós! Tais são as homenagens
que nosso orgulho, nossa sensualidade, nosso respeito humano rendem a Jesus
Cristo!
No Cânon, o sacerdote inclina-se, ora e
santifica as ofertas por numerosos Sinais-da-Cruz. Jesus curva os ombros sob o fardo da Cruz.
Toma-a com amor, beija-a, leva-a com carinho, encaminhando-se para o Calvário,
dobrado sob esse peso de amor. Ah! Ele carrega meus pecados a fim de expiá-los,
e minhas cruzes a fim de santificá-las. Sigamos Jesus Cristo, levando a Cruz e
subindo penosamente o monte Calvário. Acompanhemo-lo com Maria, as santas
mulheres e Simão, o Cireneu.
O sacerdote impõe as mãos sobre o
cálice e a hóstia. Os carrascos, apoderando-se de Jesus Cristo, despem-no
violentamente, e estendem-no sobre a Cruz, onde o crucificam.
Consagração e Elevação. O sacerdote consagra o pão e vinho no
Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Adora, de
joelhos, seu Salvador e seu Deus, real e verdadeiramente presente em suas mãos.
Eleva-o, em seguida, apresentando-o à adoração dos fiéis. É Jesus erguido na
Cruz, entre o céu e a terra, qual Vítima e Mediador entre Deus irritado e nós,
míseros pecadores.
Adorai e oferecei
esta Vítima Divina em expiação, não somente pelos vossos próprios pecados, mas
também pelos pecados dos homens em geral e dos vossos pais, parentes e amigos
em particular. Prostrados a seus pés, seja o grito de vosso coração: Meu
Senhor e meu Deus!
Considerai a Jesus
estendido no Altar, como outrora na Cruz, adorando ao Pai, no profundo
aniquilamento de sua própria Glória, rendendo-lhe graças por todos os bens
concedidos aos homens seus irmãos — e irmãos redimidos — mostrando-lhe as
Chagas, ainda abertas, que pedem graça e misericórdia pelos pecadores; rezando
por nós de tal forma, que o Pai nada lhe pode recusar, a Ele, seu Filho, e
Filho que se imolou por amor à sua Glória.
Prestai ao próprio
Jesus o culto que Ele presta ao Pai. Adoro-vos, ó meu Salvador presente
realmente sobre o Altar para renovar em meu benefício o Sacrifício do Calvário.
A vós que sois o Cordeiro, ainda e diariamente imolado, bênção, glória e poder
nos séculos dos séculos! Rendo-vos, agora, e por toda a eternidade vos renderei
ações de graças pelo grande Amor que me manifestastes.
O sacerdote invoca, profundamente
inclinado, a Clemência Divina para si e para todos. É Jesus quem diz: Pai,
perdoai-lhes, que não sabem o que fazem. Adorai tamanha Bondade que,
desculpando sempre os criminosos, não lhes quer chamar nem inimigos, nem
carrascos.
Perdoai-me, ó meu
Salvador, que minha culpa excede a deles, porquanto eu vos ofendi, embora
soubesse que éreis o Messias, meu Salvador e meu Deus. Perdoai-me. Vossa
Misericórdia será maior e, por conseguinte, mais digna ainda do vosso Coração.
Se sou pródigo, sou todavia, filho. Eis-me aos vossos pés.
O sacerdote ora pelos mortos. Jesus na Cruz reza pelos mortos
espirituais, pelos pecadores. Sua prece converte um dos dois celerados que
primeiro o haviam insultado, blasfemando contra Ele. “Lembrai-vos de mim,
Senhor, quando estiverdes no vosso Reino”, diz-lhe o bom ladrão. E Jesus
responde-lhe: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Ó meu Deus, pudesse
eu, na hora da morte, fazer-vos o mesmo pedido e ouvir a mesma resposta!
Lembrai-vos de mim nesse momento terrível, como vos lembrastes do ladrão
penitente.
No “Pater”, o sacerdote invoca o Pai Celeste. Jesus na Cruz recomenda sua Alma ao
Pai. Pedi a graça da perseverança final.
No “Libera nos”, o sacerdote roga para ser
preservado dos males desta vida. Jesus, no grande Amor que nos tem, tem
sede de novos sofrimentos e bebe, para expiar nossas gulodices, o fel misturado
com vinagre.
O sacerdote divide a Hóstia santa. Jesus inclina a cabeça, a fim de
lançar sobre nós um último olhar todo de amor e expira, exclamando: Tudo
está consumado.
É a Alma que se
separa do Corpo! Adora, ó minha alma, a Jesus morrendo, e já que Ele morreu por
ti, saibas tu também viver e morrer por Ele. Implorai a graça de uma morte boa
e santa, nos braços de Jesus, Maria e José.
O sacerdote, no “Agnus Dei”, bate três vezes no peito. Enquanto Jesus expira, o sol se
eclipsa de dor, a terra estremece apavorada, os túmulos se abrem. Então,
carrascos e espectadores, batendo no peito, confessam publicamente seu erro, em
presença de Jesus na Cruz, proclamam-no Filho de Deus e afastam-se contritos e
perdoados. Uni-vos à sua contrição e merecereis o mesmo perdão.
O sacerdote bate no peito e comunga. Jesus é descido da Cruz, e colocado
nos braços de sua Mãe dolorosa. É embalsamado, amortalhado num lençol branco e
colocado num sepulcro novo.
Ó Jesus, ao
receber-vos no meu corpo e na minha alma, desejo que meu coração seja não um
túmulo, mas sim um templo alvo e puro, ornado de belas virtudes, onde só Vós
reinareis.
Ofereço-vos minha
alma para morada. Vinde nela habitar, qual Senhor supremo. Não seja eu um
túmulo de morte, mas um tabernáculo vivo. Ah! Aproximai-vos de mim, pois longe
de vós, desfaleço.
Acompanhai a Alma de
Jesus enquanto desce ao limbo a levar às almas dos justos a sua libertação.
Uni-vos à sua alegria, ao seu reconhecimento e dai-vos para sempre ao vosso
Salvador e vosso Deus.
O sacerdote purifica o cálice e cobre-o
com o véu. Jesus
ergue-se do túmulo, glorioso e triunfante, encobrindo, todavia, por amor aos
homens, o esplendor de sua Glória.
O sacerdote, em ação de graças, recita
as orações. Jesus convida aos seus a se regozijarem pela sua vitória
sobre a morte e sobre o inferno. Uni-vos ao júbilo dos discípulos e das santas
mulheres em presença de Jesus ressuscitado.
O sacerdote abençoa o povo. Jesus abençoa seus discípulos.
Inclinai-vos, confiante de receber uma Bênção que há de realizar tudo quanto
promete.
O sacerdote lê o último Evangelho. É quase sempre o de São João, onde
está descrita a Geração Eterna, temporal e espiritual do Verbo Encarnado.
Adorai a Jesus que
subiu ao Céu para ali vos preparar um lugar. Contemplai-o reinando num trono de
glória e enviando aos Apóstolos seu Espírito de Verdade e de Amor.
Pedi que esse
Espírito divino habite em vós e vos dirija em tudo o que fizerdes no correr do
dia, e que este, pela graça do Santo Sacrifício, seja todo santificado e
tornado fecundo em obras de graça e de salvação.
Do método
para assistir à Santa Missa
em união com o espírito do Santo Sacrifício
(São Pedro Julião Eymard, A Divina
Eucaristia, Vol 2).
O Santo Sacrifício
divide-se em três partes: a primeira vai do começo da Missa ao Ofertório; a
segunda, do Ofertório à Comunhão; a terceira, da Comunhão ao último Evangelho.
I. Enquanto o sacerdote ora aos pés do Altar
e se humilha pelos seus pecados, deveis confessar vossas culpas e adorar a Deus
em toda humildade, a fim de vos preparar para assistir dignamente ao Santo
Sacrifício.
Durante o Intróito, lembrai-vos
dos santos desejos dos Patriarcas e Profetas, que ansiavam pela vinda do
Messias, unindo-vos a eles para pedir a Jesus Cristo que venha a vós e em vós
reine.
No Glória, uni-vos em
espírito aos Anjos para louvar a Deus e agradecer-lhe o mistério da Encarnação.
Nas Orações, uni vossas intenções e vossos
pedidos aos da Santa Igreja. Adorai o Deus infinitamente bondoso, de quem procede
todo dom.
Prestai à Epistola a mesma atenção
que prestaríeis se vos falassem os Profetas ou Apóstolos, e adorai a Santidade
de Deus.
No Evangelho, ouvi a Jesus Cristo
em Pessoa falando-vos e adorai a Verdade de Deus.
Recitai o Credo com vivos sentimentos
de Fé, Fé essa que renovareis em união com a da Igreja, protestando, ao mesmo
tempo, que defendereis, se preciso for, com vosso próprio sangue todas as
verdades contidas no Símbolo.
II. Na segunda parte
da Missa, unindo vossas intenções às do sacerdote, oferecei-a pelos quatro fins do Santo Sacrifício:
1.°) Como
homenagem de suma adoração. Oferecei ao Pai Eterno as adorações do seu Filho
Encarnado, unidas às vossas próprias adorações e às de toda a Igreja.
Oferecei-vos também a vós mesmos com Jesus Cristo, para amá-lo e servi-lo.
2.°) Como
homenagem de ação de graças. Oferecei o Santo Sacrifício ao Pai, a fim de lhe
agradecer os méritos, as graças e a glória de Jesus Cristo; os méritos e a
glória de Maria Santíssima, e de todos os Santos; todos os benefícios pessoais
recebidos, e a receber, pelos méritos de seu Filho.
3.°) Como hóstia
satisfatória. Oferecei-o para satisfazer todos os vossos pecados, e expiar
todos os crimes que se cometem no mundo. Lembrai ao Pai Eterno que Ele nada nos
pode recusar, já que nos deu seu Filho, que ali está em sua Presença, num
estado de Sacrifício e de Vítima — Vítima que é dos nossos pecados e dos
pecados de todos os homens.
4.°) Como
sacrifício impetratório ou hóstia de oração. Oferecei ao Pai, como o penhor que
nos deu do Amor Divino, para que, confiantes, possamos dele esperar, em
abundância, os bens espirituais e temporais. Exponde-lhe as vossas necessidades
e pedi-lhe instantemente a graça de vos corrigir do vosso defeito dominante.
No Lavabo, purificai-vos pela contrição a fim de
vos tornardes uma verdadeira hóstia de louvor, agradável a Deus, o que lhe
atrairá um olhar de complacência.
No Prefácio, uni-vos ao concerto da Corte Celeste,
para louvar, bendizer e glorificar o Deus três vezes Santo por todos os seus dons
de graça e de glória, e, sobretudo, por nos ter remido na Pessoa de Jesus
Cristo.
No Cânon, associai-vos à piedade e ao amor dos
Santos da Nova Lei, para, com eles, celebrar dignamente a nova encarnação e a
nova imolação que se vão operar pela palavra do sacerdote. Pedi ao Pai Celeste
que, nesse Sacrifício, abençoe a todos os outros sacrifícios que lhe
ofertareis, quer de virtude, quer de santidade.
Enquanto o sacerdote,
cercado por uma falange de Anjos, se inclina profundamente cheio de respeito
ante a Ação Divina que lhe cabe realizar; enquanto fala e opera divinamente na
Pessoa de Jesus Cristo, consagra o pão e o vinho no Corpo, no Sangue, na Alma e
na Divindade do Homem-Deus, renovando o mistério da Ceia, admirai esse Poder
inaudito, transmitido aos sacerdotes em vosso favor.
Depois, ao baixar
Jesus sobre o Altar à palavra do seu ministro, adorai a Hóstia Santa, o cálice
do Sangue de Jesus Cristo, clamando misericórdia por vós e recebei, qual outra
Madalena, ao pé da Cruz, o Sangue que brota das Chagas de Jesus.
Oferecei essa Vítima
divina à Justiça de Deus, por vós e por todos os homens, oferecei-a à sua
Misericórdia infinita e divina, para que seu Coração, à vista das vossas
próprias misérias, se enterneça e vos abra a fonte de sua Bondade sem fim.
Oferecei ainda essa
mesma Vítima à Bondade de Deus, para que Ele aplique seus frutos de luz e de
paz às almas padecentes do Purgatório, até que esse Sangue lhes apague as
chamas e, purificando-as inteiramente, as torne dignas do Paraíso.
Recitai o Pater, com Jesus Cristo na Cruz,
perdoando aos seus inimigos, e perdoai, por vossa vez, do fundo do coração e
com toda sinceridade, àqueles que vos ofenderam.
No Libera nos, pedi a Deus que, por
Maria e todos os Santos, vos livre dos pecados e dos males passados, presentes
e futuros, bem como de toda ocasião de pecado.
No Agnus Dei, lembrai-vos dos
carrascos convertidos no Calvário e, como eles, batei no peito. Depois
recolhei-vos por meio dum ato de fé, humildade e de confiança, de amor e de
desejo, e ide receber a Jesus Cristo.
III. Se não comungardes de fato, comungai
espiritualmente, do seguinte modo:
Desejai ardentemente
unir-vos a Jesus Cristo, confessando quão necessário é para vós viver de sua
Vida. Recitai um ato de contrição perfeito, por todos os vossos pecados,
passados e presentes, baseado na Bondade e Santidade de Deus.
Levai, em espírito, a
Jesus Cristo ao fundo de vossa alma, pedindo-lhe para fazer-vos viver
unicamente para Ele, já que não podeis viver senão por Ele.
Imitai a Zaqueu,
tomando boas resoluções e agradecei a Nosso Senhor terdes podido assistir à
Santa Missa e fazer a Comunhão espiritual. Oferecei-lhe, em ação de graças, uma
homenagem particular, um sacrifício, um ato de virtude, e pedi a Nosso Senhor
que abençoe a vós e a todos os vossos parentes e amigos.
Método de
São Francisco de Sales (Introdução à vida devota)
Proponho-te um
método de ouvir a Missa devotamente.
a. Desde o começo da Missa até o padre subir
ao altar, faze com ele a preparação que consiste em te apresentares a Deus,
em confessares a tua indignidade e em pedires perdão de teus pecados.
b. Depois de subir o padre ao altar, até ao
Evangelho, considera a vinda e a vida de Nosso Senhor neste mundo,
lembrando-te delas com uma representação simples e geral.
c. Do Evangelho até depois do Credo
considera a pregação de Nosso Senhor; protesta-lhe sinceramente que queres
viver e morrer na fé, na prática de sua palavra divina e na união da santa
Igreja Católica.
d. Do Credo ao Pater Noster, aplica teu
espírito à meditação da paixão e morte de Jesus Cristo, as quais se representam
atual e essencialmente neste santo sacrifício, que oferecerás em união com o
padre e com todo o povo a Deus, o Pai de misericórdia, para sua glória e nossa
salvação.
e. Do Pater Noster à comunhão, excita teu
coração, por todos os modos possíveis, a querer ardentemente unir-se a Jesus
Cristo pelos laços mais fortes do eterno amor.
f. Da comunhão ao fim, agradece à sua
divina majestade, por sua encarnação, vida, paixão e morte e também pelo amor
que nos testemunhou neste santo sacrifício, conjurando-o por tudo isso a ser
propício a ti, a teus parentes e amigos e a toda a Igreja e, ajoelhando-te em
seguida com profunda humildade, recebe devotamente a bênção que Nosso Senhor te
dá na pessoa de seu ministro.
MODO DE
ASSISTIR AO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
Santo Afonso
Maria de Ligório
ORAÇÃO INICIAL.
V. Neste lugar santo e sobre este altar sagrado, o
sacerdote vai oferecer à SS. Trindade o Sacrifício da Missa, isto é, a mesma
vítima do Calvário, para desagravar a divina Justiça e para reconhecer a
suprema excelência de Deus, como nosso Criador e nosso Pai, e, por
conseqüência, a nossa completa e absoluta dependência Dele como criaturas e
como filhos.
R. Fazei, Senhor, que participemos deste santo sacrifício com a mesma fé
e o mesmo amor que tiveram os Apóstolos, quando assistiram à sua instituição e
também com o mesmo espírito de sacrifício e de reparação que teve a Santíssima
Virgem Maria, quando assistiu, ao pé da Cruz, à paixão e morte de seu divino
Filho.
Dai-nos a graça de morrermos para nós mesmos, para vivermos unicamente
da vida divina, que Jesus nos vai comunicar na Sagrada Comunhão.
E seja assim, a Santa Missa, a nossa passagem duma vida de pecado para a
vida da graça; duma vida imperfeita para a de perfeição. Amém.
JESUS CRISTO NO JARDIM DAS OLIVEIRAS
O Sacerdote chega ao altar
Jesus entra no horto de Getsêmani...
Vai começar a Sua Paixão!... Geme, suspira e exclama:
- A minha alma sofre uma tristeza mortal...
Ele vê todos os pecados... Também os meus... Vê a série de todos os
tormentos que lhe estão preparados... os flagelos... os espinhos... os
cravos... a Cruz!...
JESUS SUANDO GOTAS DE SANGUE
Quando o Sacerdote se inclina ao pé do altar
A sua santíssima Humanidade fica aterrada e pede ao Eterno Pai que afaste
o cálice da sua Paixão... Mas o Pai não lhe perdoa e condena-o à morte... Jesus
desfalece, cai por terra e sua sangue... Ó Jesus, quão ingrato e cruel fui para
convosco que tão bom e amável fostes para comigo!... Os meus pecados
traspassaram o vosso santíssimo Coração e abriram uma larga ferida, donde manou
o Sangue precioso que banha a vossa face adorável e corre por terra. Oh!
Perdoai-me, pela Vossa infinita misericórdia!
COM UM BEIJO, JUDAS ATRAIÇOA JESUS
O Sacerdote sobe ao altar
Jesus, sabendo que os seus inimigos vêm para o prender, levanta-se da
oração e vai ao seu encontro... Judas imprime um ósculo de traição na face do
Senhor e assim entrega o seu Mestre... O seu Benfeitor!... Também eu, ó Jesus,
tenho imitado, e por muitas vezes, esse apóstolo ingrato!... Tende piedade de
mim, Senhor, e dai-me a graça de vos ser fiel até a morte...
Ao intróito, "Kyrie e Glória”.
JESUS É LEVADO PARA ANÁS E CAIFÁS
Quando pela primeira
vez o Sacerdote vai para o lado do livro.
Jesus é preso... arrastado ao tribunal de Anás e ali recebe uma cruel
bofetada na sua face divina!... Em seguida é levado a Caifás...
Confessa a sua divindade... e, em vez de adoração, recebe insultos...
punhadas... escarros!... Ó Jesus, eu vos agradeço o amor que me tendes e que
vos obriga a sofrer tanto por mim... Fazei que eu também sofra, por vosso amor,
as afrontas e as contrariedades da vida...
JESUS É ACUSADO PERANTE O TRIBUNAL DE PILATOS
Às orações
Jesus é levado à presença de Herodes... Não responde às acusações, nem
às perguntas... Uma palavra só bastaria para declarar a sua inocência... para
transformar os insultos em aplausos... Mas Ele cala-se!... Ó Sabedoria
infinita, dai-me a graça de desprezar a sabedoria do mundo... e seguir a
loucura da Cruz!
Às epístolas
Jesus é julgado inocente..., mas condenado à flagelação... ao suplício
dos escravos!... Vê como prendem o Cordeiro divino a uma coluna... , como lhe
despem os vestidos... Como ligam-lhe estreitamente as mãos... Como levantam ao
alto os flagelos!...
Ouve os golpes... os escárnios dos algozes... , os gemidos da vítima!...
O Corpo de Jesus primeiramente torna-se lívido... depois abre-se em mil
feridas... , e o sangue corre abundante a banhar as mãos dos algozes... a
coluna... a terra... Jesus sofre um martírio indizível e oferece ao Eterno Pai
cada ferida do seu Corpo... cada gota do seu Sangue, em expiação dos meus
pecados... Finalmente os algozes cansam e Jesus cai por terra... sem alento...
e banhado no seu sangue.
Ó Jesus, a que estado vos reduziram os meus pecados!... Se eu não tivesse
pecado, vós não teríeis padecido tanto!... Pesa-me, Senhor, de vos ter ofendido
e proponho, com a vossa graça, não mais vos ofender...
BARRABÁS É PREFERIDO A JESUS
Ao Evangelho
Jesus está reduzido todo a uma chaga! Todavia os algozes não estão
satisfeitos... Levantam da terra a Vítima divina... cobrem-lhe os ombros
chegados com um pedaço de púrpura...; põem-lhe na cabeça
uma coroa de espinhos agudíssimos! Os espinhos rasgam a pele, a carne,
as veias... e o sangue sai das feridas abertas e banha os cabelos, os olhos, a
boca de Jesus... Depois, ajoelham, por escárnio, diante Dele, cospem-lhe na
Face, esbofeteiam-no e, arrancando-lhe das mãos a cana, dão-lhe com ela na
cabeça cercada de espinhos... Jesus sofre... Cala-se e ama!... - Ó Jesus, pelos
méritos dos vossos martírios, criai em mim um coração puro, humilde,
mortificado...
Jesus, nesse estado de dor e de agonia, é apresentado ao povo... O
amorável Salvador passou a sua vida fazendo sempre o bem. Mas o povo rejeita-o
e pede a sua morte!...
Ó Jesus, as vossas humilhações não me escandalizam, antes vos tomam mais
estimado e mais querido ao meu coração... Creio que sois o Senhor do Paraíso,
gerado, desde a eternidade, no seio do Divino Pai, cheio de graça, de verdade e
de amor... Se esse povo ingrato vos rejeita, eu vos adoro e reconheço por meu
Salvador e meu Rei... Oh! Reinai sobre a minha inteligência... Sobre o meu
coração...
Jesus é condenado à morte... Nós merecíamos a morte eterna no inferno; e
o Filho de Deus, para nos salvar, sujeita-se à morte, e à morte da Cruz!...
Levanta ao céu os olhos, banhados em lágrimas e sangue, e oferece ao Divino Pai
o sacrifício de sua vida...Ó Jesus, como sois bom!... Eu me ofereço todo a vós,
para ser uma vítima imolada no altar do vosso amor... Aceitai este sacrifício e
dai-me a graça para não faltar às minhas promessas.
JESUS É AÇOITADO E COROADO DE ESPINHOS
O Filho de Deus abraça, com imensa ternura, o seu patíbulo e
encaminhando-se para o Calvário!... vacila a cada passo... e cai por terra! As
feridas reabrem-se... Os algozes enfurecem-se e, com blasfêmia e golpes,
levantam o Cordeiro Imolado... Depois, Jesus encontra sua Mãe..., a sua pobre e
dileta Mãe...
Novos martírios para o seu Coração amantíssimo!... Mais além, uma
piedosa mulher limpa a face de Jesus... Finalmente, depois de uma viagem
dolorosa, Jesus chega ao Calvário...
Ó Jesus, dai-me força e coragem para levar a cruz das minhas tribulações
até o fim da vida...
Chegando ao Calvário, Jesus é despido, com violência, dos vestidos,
colados ao seu Corpo lacerado... Renovam-se as dores... Corre mais sangue...
O Salvador, por ordem dos algozes, estende-se sobre a cruz e apresenta
as mãos e os pés para serem pregados...
Os algozes pregam terríveis cravos nas mãos e nos pés do Salvador... Os
cravos rasgam a pele, rompem as veias, traspassam a carne... Oh! Quanto sofre o
nosso Bom Jesus! Ó meu Deus, por que amastes tanto os pecadores ingratos?...
Acabada esta obra de sangue, levantam ao alto a cruz e deixam-na cair na cova
preparada... Que doloroso abalo!...
Ó Jesus, atraí-me ao vosso Santíssimo Coração, para que eu chore sempre
os meus pecados e os vossos sofrimentos...
Ao levantar a Hóstia
Eu vos adoro, ó Corpo Divino de Jesus, todo lacerado, para expiar os
meus pecados!... Eu vos adoro, ó chagas sacratíssimas, testemunho do amor
infinito do meu Salvador e penhor da minha felicidade eterna!... Eu vos amo, ó
Jesus amantíssimo, meu Senhor e meu Deus, e prometo amar-vos sempre por toda a
eternidade...
Eu vos adoro, ó Sangue preciosíssimo do meu Jesus, derramado com tanta
generosidade, para expiar os meus pecados!
Ó Sangue inocente, subi em perfume de suavidade ao trono do Altíssimo,
aplacai a sua cólera e, transformado em orvalho de graça e em fogo de amor,
descei sobre a minha alma, para purificar das suas culpas e consumi-la nas
chamas de vossa caridade...
Depois da elevação
O Redentor está agonizado sobre a Cruz... Não encontra o menos alívio
naquele leito de dores... Os espinhos penetram-lhe, cada vez mais, na cabeça...
Os cravos rasgam as feridas das mãos e dos pés... Quanto sofre!...
A estas dores do corpo juntam-se as desolações do espírito!... A ruína
da cidade deicida... a ingratidão dos homens... a perda de tantas almas... são
outros tantos espinhos que laceram o Coração amantíssimo de Jesus!... Quanto
sofre!...
Jesus levanta os olhos ao Céu e pede perdão e misericórdia para os seus
algozes... Que bondade!... - Ó Jesus, também eu fui um dos algozes, pois vos
causei tantos desgostos e martírios com meus pecados! Pedi também por mim, e o
vosso Pai me perdoará... Depois, Jesus promete o Paraíso a um facínora que lhe
tinha pedido uma lembrança!... Ó meu adorado Redentor, os meus pecados são
grandes, mas a vossa misericórdia é infinita...
É nessa misericórdia que eu tenho sempre confiado... Lembrai-vos de mim,
Senhor, agora e sobretudo na hora terrível da minha morte... Que felicidade a
minha se, nesse momento, pudesse ouvir da vossa boca aquelas palavras que
dirigistes ao criminoso arrependido:
"Hoje estarás comigo no Paraíso!”.
Ó Jesus, vós sois o meu Pai! Depois de me terdes criado, infundis a
vossa graça na minha alma, elevando-a a uma vida sobrenatural e tornando-a
semelhante à vossa essência... Mas quantos sofrimentos, quanto sangue vos está
custando a minha felicidade!... E, como se todas essas finezas não
satisfizessem o vosso amor, dais-me por Mãe a vossa própria Mãe!... Jesus é meu
Pai, porque verte por mim tanto sangue..., Maria é minha Mãe, porque derrama
por mim tantas lágrimas!... Bendito o meu Jesus, que, na hora da morte, me
constitui filho da mais pura, da mais santa, da mais amável de todas as criaturas!...
Jesus é o amparo, a consolação de todos os que sofrem... Mas Ele,
agonizado no patíbulo da Cruz, não encontra o menor lenitivo! Se o Pai o
consolasse!... Mas o Pai, vendo-o oprimido pelos pecados do mundo inteiro, abandonando-o à raiva dos
inimigos!... Jesus queixa-se amorosamente deste abandono e exclama: "Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”.
Ó Jesus, por esse tormento que amargurou e feriu o vosso Coração
amantíssimo, não me desprezeis na vida, não me desampareis, sobretudo, na hora
da minha morte!... Jesus tem sede... sede de outros sofrimentos... sede do meu
amor, da salvação da minha alma... Meu adorado Redentor, quero dar-vos
refrigério na sede ardente que devora o vosso Coração... Vós desejais o meu
amor. Renuncio a todos os bens miseráveis e caducos, para não amar senão a vós,
que sois tão amável e tão amante da minha alma!...
À Comunhão
A grande obra da Redenção está acabada... Jesus entrega a sua alma nas
mãos do Pai... Os seus olhos obscurecem-se... o Coração amante bate com
lentidão... a cabeça inclina-se, como para dar aos pecadores o ósculo do perdão
e da misericórdia... E, assim o Senhor do Céu e da Terra, o nosso amável
Redentor, abandonado por Deus e escarnecido pelos homens, solta o último
suspiro... e... morre!... Um Deus morreu..., e morreu por mim! Ó meu Jesus,
quanto vos devo! Que seria de mim, se não tivésseis expiado, com a vossa
Paixão, a morte que mereço, como pecador, e uno-a desde já à vossa morte
dolorosíssima.
Naquele momento terrível, tende piedade de mim!
Às últimas Orações
O Corpo do Redentor é descido da Cruz... Maria estende, com imenso
transporte, seus braços e recebe seu Filho, não belo e cândido como em Belém,
mas todo ferido e desfigurado... E, chorando amargamente, inclina-se sobre o
seu Jesus morto... Pobre Mãe! Ó Maria, fui eu que dei a morte a Jesus e causei
tão acerbas dores ao vosso Coração... Perdoai-me, pelo Sangue do vosso dileto
Filho, e impetrai-me a graça de amar a Deus e de perseverar neste amor até o
fim da minha vida...
Ao Último Evangelho
Jesus é encerrado num sepulcro... A sua aniquilação não podia ser mais
completa!... É o Deus imenso que enche o Céu e a terra, mas aqui está
completamente escondido!... o Deus vivo que comunica a vida a tudo o que se
move, mas aqui é um Deus morto e sepultado!... Oh! Quem levou um Deus a descer
a tanta humilhação?...
Foi o amor... Seja sempre bendito, amado e glorificado o vosso Coração,
ó Dulcíssimo Jesus!... Fazei, ó meu Deus, que eu morra para o mundo, para as
criaturas, para mim mesma, e só viva no doce remanso desse tão amável
Coração... Assim, a uma vida de recolhimento, de piedade, de amor, sucederá a
glória da ressurreição, a luz da bem-aventurança eterna. Amém.
ORAÇÃO PELOS AGONIZANTES
Meu Deus, ofereço-vos todas as Missas que hoje se celebram no mundo
inteiro, pelos pecadores que estão em agonia e neste dia hão de morrer. O
Sangue preciosíssimo de Jesus lhes obtenha misericórdia e perdão.
V. Coração agonizante de Jesus,
R. Tende compaixão dos moribundos.
ÍNDICE.
O Sacrifício da Missa
(introdução e catequese sobre a Missa)......................................2
São Leonardo de
Porto-Maurício: 1º e 2º métodos.......................................................8
São Leonardo de
Porto-Maurício: 3º método................................................................9
São Pedro Julião
Eymard: Meditando as 7 Palavras de Cristo na Cruz......................13
São Leonardo de
Porto-Maurício: Método Breve........................................................21
São Pedro Julião
Eymard: Meditando a Paixão de Cristo...........................................22
São Leonardo de
Porto-Maurício: em União com o Espírito do Santo Sacrifício......26
São Francisco de
Salles (Introdução à Vida Devota)...................................................28
Santo Afonso de
Ligório: Modo de Assistir ao Santo Sacrifício da Missa...................29
* Gratidão pela valiosa contribuição do
fiel J.V., . A.M.D.G..
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