domingo, 30 de março de 2014

A cura da cegueira.

Homilia escrita no norte de África no séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio (467-532)
PL 65, 880

«Nós somos argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos» (Is 64,7)


Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].

O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].

Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.

O sacramento da penitência - a confissão, segundo o Santo Cura D'Ars.

O sacramento da reconciliação .

Meus filhos, não se pode compreender a bondade que Deus teve para conosco instituindo esse grande sacramento de penitência...
Se disséssemos aqueles pobres condenados que estão no inferno desde tanto tempo: "Vamos pôr um padre à porta do inferno. Todos os que quiserem se confessar tem só que sair"; meus filhos, acreditais que ficasse um só? Os mais culpados não receariam dizer seus pecados, e até dizê-los perante toda gente. Oh! como o inferno depressa ficaria deserto, e como o céu se povoaria ! Pois bem ! nós temos o tempo e os meios que aqueles pobres condenados não tem.

Meus filhos, desde que se tem uma mancha na alma, há que se fazer como uma pessoa que tem um belo globo de cristal que guarda bem cuidadosamente. Se esse globo recebe um pouco de poeira, quando ela o percebe passa-lhe depressa uma esponja, e eis o globo claro e brilhante!

É belo pensar que temos um sacramento que cura chagas da nossa alma ! Mas cumpre recebê-lo com boas disposições. Do contrário, são novas chagas sobre as antigas.

Que direis de um homem todo coberto de feridas e que agisse do modo seguinte? Aconselham-lhe ir para o hospital. Ele vai; o médico cura-o dando-lhe remédios. Eis porém, esse homem que toma a sua faca , dá em si grandes golpes e se faz maior mal do que tinha antes. Pois bem, é o que fazeis muitas vezes saindo do confessionário, quando recais nos mesmos pecados.

Há uns que profanam o sacramento faltando a sinceridade. Terão ocultado pecados mortais, há dez anos, vinte anos. São sempre atormentados; sempre o seu pecado esta presente ao espírito; sempre tem o pensamento de dizê-lo, e sempre afastam esse pensamento; é um inferno!...

Quando fizerdes uma boa confissão, tereis acorrentado o demônio.

Os pecados que ocultarmos reaparecerão todos. Para ocultar bem os próprios pecados, há que confessá-los bem

Fonte: São Pio V

sábado, 29 de março de 2014

A profundidade da humildade é a elevação da virtude.

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 48, para o 11.º domingo depois da Santíssima Trindade
«Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.»

Crede-me, caras irmãs: em boa verdade, se eu encontrasse um homem com os mesmíssimos sentimentos do cobrador de impostos, isto é, que se tivesse a si próprio por pecador, desde que nesse sentimento de humildade estivesse o desejo de ser bom, […] dar-lhe-ia de bom grado de dois em dois dias a Comunhão do Corpo do Senhor. […] Se quisermos guardar-nos das nossas quedas e faltas graves, é absolutamente necessário que tomemos deste alimento nobre e forte. […] Por conseguinte, não devemos abster-nos da Comunhão de ânimo leve, só porque nos sabemos pecadores; pelo contrário, precisamente por isso devemos apressar-nos a frequentar a Santa Mesa, uma vez que é aí que se escondem, e daí que advêm, a força, a santidade, a ajuda e a consolação.

Mas também não devemos julgar aqueles que lá não vão […], nem sequer levemente, a fim de não ficarmos parecidos com o fariseu que se gloriava de si próprio e condenava aquele que tinha atrás de si. Guardai-vos disso como da perda da vossa alma. […]. Guardai-vos do perigoso pecado da censura […].

Quando acontece ao homem atingir o cume da perfeição, nada se lhe torna mais necessário do que descer às mais baixas profundezas da humildade e permanecer junto da sua raiz. Do mesmo modo que a altura da árvore lhe advém da profundidade das suas raízes, assim a elevação da nossa vida nos vem da fundura da nossa humildade. Eis por que razão o cobrador de impostos, tendo conhecido as profundezas da sua baixeza ao ponto de nem sequer levantar os olhos ao céu, foi elevado às alturas, e «voltou justificado para sua casa» (Lc 18,14).

sexta-feira, 28 de março de 2014

Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração...

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para o domingo e as festas dos santos
«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»

«Amarás o Senhor teu Deus.» «Teu» Deus, está dito, e esta é uma razão para amar mais; gostamos mais do que nos pertence do que daquilo que nos é estranho. É certo, o Senhor teu Deus merece ser amado; Ele tornou-Se teu servo, para que tu Lhe pertenças e não te envergonhes de O servir. […] Durante trinta anos, o teu Deus tornou-Se teu servo por causa dos teus pecados, para te arrancar da escravidão do diabo. Portanto, amarás o Senhor teu Deus. Aquele que te fez fez-Se teu servo por ti; ele deu-Se-te por inteiro, para que tu te dês a ti mesmo. Quando eras infeliz, Ele refez a tua felicidade, deu-Se a ti para que tu te reentregues a ti mesmo.

Portanto, amarás o Senhor teu Deus «com todo o teu coração.» «Todo»: não podes guardar nenhuma parte para ti. Ele quer a oferta total de ti próprio; comprou-te por inteiro, para te ter para Si por inteiro. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração. Não guardes uma parte de ti mesmo, como Ananias e Safira, porque de outra maneira poderias morrer como eles (Act 5,1 s). Portanto, ama totalmente e não em parte. Porque Deus não tem partes, está inteiramente em toda a parte. E não deseja partilhar o teu ser, Ele que está por inteiro no Seu Ser. Se reservas uma parte de ti mesmo, és teu, e não dele.

Portanto, queres possuir tudo? Dá-Lhe o que és, e Ele te dará o que é. E não mais terás nada de teu; mas tê-Lo-ás a Ele inteiramente contigo.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Viver a vida de Cristo em nós.

São João Eudes (1601-1680), presbítero, pregador, fundador de institutos religiosos
O Reino de Jesus, 3-4 (trad. Breviário)
«O Reino de Deus já chegou até vós»

Devemos continuar a completar em nós os estados e mistérios da vida de Cristo e pedir-Lhe continuamente que Se digne consumá-los perfeitamente em nós e em toda a sua Igreja. Os mistérios de Jesus não chegaram ainda à sua total perfeição e plenitude. Chegaram certamente à sua perfeição e plenitude na pessoa de Jesus, mas não em nós, que somos seus membros, nem na Igreja, que é o seu corpo místico (Ef 5,30). Na verdade, o Filho de Deus deseja […] prolongar em certo modo os seus mistérios em nós e em toda a Igreja […]; quer completá-los em nós. Por isso diz São Paulo que Cristo realiza a sua plenitude na Igreja e que todos nós contribuímos para a sua edificação e para a idade da sua plenitude (Ef 4,13) […]. Também noutro lugar diz o mesmo apóstolo que completa na sua carne o que falta à Paixão de Cristo (Col 1,24).

Deste modo, o Filho de Deus determinou consumar e completar em nós todos os estados e mistérios da sua vida. Quer levar à plenitude em nós o mistério da sua encarnação, do seu nascimento, da sua vida oculta, e realiza-o formando-Se em nós e renascendo em nossas almas pelos santos sacramentos do baptismo e da sagrada eucaristia, e fazendo-nos viver uma vida espiritual e interior escondida com Ele em Deus. Quer completar em nós o mistério da sua Paixão, morte e ressurreição, fazendo-nos padecer, morrer e ressuscitar com Ele. Finalmente, quer realizar em nós o estado da sua vida gloriosa e mortal, quando nos fizer viver com Ele e nele uma vida gloriosa e imortal nos céus. […]

Neste sentido, os mistérios de Cristo não chegarão à sua plenitude senão no fim dos tempos, por Ele determinado para a realização plena dos seus mistérios em nós e na Igreja, isto é, no fim do mundo.

quarta-feira, 26 de março de 2014

A caridade é cumprimento da lei.

São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir
A cobiça e a inveja, 12-15; CSEL 3, 427-430
O cumprimento da Lei: o amor em actos

Revelar o nome de Cristo, dizer-se cristão sem seguir a via de Cristo, não será trair este nome divino e abandonar o caminho da salvação? Porque o próprio Senhor ensina e declara que quem segue os seus mandamentos entrará na vida eterna (Mt 19,17), que aquele que escuta as suas palavras e as põe em prática é um sábio (Mt 7,24), e que aquele que as ensina e a elas é conforme nos actos será chamado grande no Reino dos céus. Toda a pregação boa e sã, afirma Ele, só aproveita ao pregador se a palavra que lhe sair da boca depois se traduzir em actos.

Ora, haverá mandamento que o Senhor mais tenha ensinado aos seus discípulos que o de nos amarmos uns aos outros com o mesmo amor com que Ele próprio os amou? (Jo 13,34; 15,12) Conseguiremos encontrar, de entre os seus conselhos conducentes à salvação e de entre os seus preceitos divinos, mandamento mais importante a ser seguido e observado? Mas como pode conservar a paz ou o amor do Senhor, aquele a quem a inveja tornou incapaz de agir como homem de paz e de coração?

Foi por esta razão que também o apóstolo Paulo proclamou os méritos da paz e da caridade, afirmando com determinação que nem a fé nem as esmolas, nem mesmo o sofrimento do confessor da fé e do mártir lhe servirão de coisa alguma, se não respeitar os laços da caridade (1Cor 13,1-3).

Profeta Daniel

Qual seria a explicação das seguintes passagens de Daniel: 7,7-8 e 7,23-25? A que reinos se referem? Ouvi dizer que o quarto animal é a Igreja Católica e os dez chifres são os povos bárbaros.



Os Quatro Reinos do Profeta Daniel



Eis os textos cujo sentido nos propomos averiguar :



Dan 7,7 «Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente do todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez pontas (ou chifres).

8 Estando eu considerando as pontas ou chifres), eis que entre elas subiu outra ponta (ou chifre) pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente.

...23 Disse assim (o anjo): 'O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 E, quanto às dez pontas,daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. 25 E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo'» (tradução de Ferreira de Almeida).



Uma regra básica de exegese manda que se procure a interpretação de um texto no respectivo contexto ou nas páginas escritas pelo mesmo autor; é preciso averiguar a mentalidade, as regras de estilo e o vocabulário do escritor para que se perceba o que ele queria dizer e não se lhe atribuam teses estranhas.



Ora é assaz evidente que a visão dos quatro animais, aos quais se sucede o reino messiânico, em Dan 7 é paralela à visão da estátua confeccionada de quatro metais, que também cede ao reino messiânico, em Dan 2: a estrutura e a conclusão das passagens são as mesmas; Dan 7, por conseguinte, deverá ser ilustrado por Dan 2.



Numa primeira aproximação, deve-se dizer que, no estilo profético e apocalíptico, animais (reais ou fantásticos) muitas vezes designam nações; cf. Is 27,1; 51,9; Ez 29, 3; 32, 2 (veja-se também SI 67,31; 74,13). É o que se verifica no livro de Daniel : este autor quer designar os quatro grandes reinos que sucessivamente entraram em relações com o povo de Israel antes da vinda do Messias.



O primeiro animal (leão com asas de águia) simboliza o reino neobabilônico (625-539 a.C.), cujo principal monarca foi Nabucodonosor (604-526 ac); com efeito, no cap. 2 a cabeça de ouro da estátua é explicitamente identificada com Nabucodonosor e seu reino (cf. 2,37s). Dizendo que o leão perdeu as asas e recebeu um coração de homem (cf. 7,4), o autor sagrado queria talvez aludir à cena do c. 4 : o monarca se tornou mais humano após reconhecer o verdadeiro Deus.



O segundo animal (urso que se erguia sobre um dos seus lados apenas e tinha na boca três costelas) significa o reino dos medos, que, conforme as perspectivas de Daniel (cf. 6,1), se sucedeu ao dos babilônios. Corresponde ao peito e aos braços de prata da estátua (ver Dan 2.32). Esta interpretação é confirmada por Dan 8,20. O reino dos medos, sendo mais fraco que o de Nabucodonosor (cf. 2,39), é apresentado em estado de desequilíbrio (erguido sobre um dos seus lados apenas).



O terceiro animal (leopardo com quatro asas e quatro cabeças) representa o reino dos persas (538-333 a.C.); corresponde ao ventre e às coxas de cobre da estátua, em 2,32.39. Também em Dan 8,20 se obtém a confirmação desta exegese. As quatro asas simbolizam os quatro cantos do mundo aos quais se estendeu o domínio persa; os quatro chifres são quatro reis da Pérsia, os únicos (dentre nove) que o autor sagrado parecia conhecer (Ciro, Cambises, Dario I e Xerxes I; cf. 11,2).



A quarta fera finalmente não se assemelha a algum dos animais da terra: tinha dez chifres, entre os quais surgiu repentinamente outro pequeno chifre, que arrancou três dos anteriores. É, de acordo com Dan 2,40; 8,5.21; 11,3, o símbolo do império macedônio de Alexandre Magno (336-323 a.C.). Os dez chifres são os três generais e os sete reis que se sucederam a Alexandre no governo da Síria; a estes seguiu-se Antioco IV Epifanes (175-163), o pequeno chifre, que só obteve prestígio depois de haver eliminado alguns de seus rivais (designados pelos três chifres arrancados, em 7,8). Antioco IV é o perseguidor do povo judaico que provocou a heroica resistência dos Macabeus. Os traços com que é descrito em 7,7s e 7,23-25 coincidem com os que o caracterizam em 8,9-14. 23-25; 11,21-45; estes trechos posteriores ajudam a compreender o cap. 7. Vê-se que Antioco Epifanes era tido como figura do Anticristo; São Paulo mesmo, em 2 Tess 2, 3-10, descreve o Anticristo aludindo aos dizeres de Daniel. Conforme Dan 7,25, o perseguidor sírio (o pequeno chifre) procurou mudar os tempos e a lei, porque quis proibir aos judeus a observância do calendário sagrado (cf. 1 Mac 1,41s.43-52); oprimiu o povo eleito durante um tempo, tempos e meio-tempo», isto é, durante três anos e meio (desde a missão de Apolônio em Jerusalém no mês de junho de 168 até a nova dedicação do Templo em dezembro de 165); cf. Dan 4,13; 8,14; 9,27; 12,7. O número «três e meio», metade de «sete» (que é o símbolo da perfeição, segundo a mentalidade antiga), designa na Escritura a calamidade, calamidade, porém, que não chega a devastar tudo, pois é oportunamente detida por Deus.



Justamente durante a perseguição de Antioco Epifanes (entre 168 e 165) parece ter sido redigido o cap. 7 do livro de Daniel. O hagiógrafo visava corroborar o ânimo dos judeus oprimidos, fazendo-lhes ver como a história, desde os tempos de Nabucodonosor, se desenrolava sob as disposições da Providencia Divina. Curta e frustrada, queria ele dizer, seria a perseguição movida por Antioco (era caracterizada pelo número 3,5); a ela se seguiria o reino messiânico, o reino do Filho do Homem e dos santos, cuja instauração é solenemente descrita em 7,9-14; tal reino seria eterno, jamais sujeito à destruição. Que se avivasse, pois, a esperança dos leitores judeus, acabrunhados pela luta religiosa!



Como se vê, ao redigir o cap. 7 de Daniel, o hagiógrafo, por volta de 165 a. C., tinha em vista a história pretérita e as circunstâncias em que se achava o povo do Israel; era a tais elementos que ele queria aludir mediante os seus símbolos, particularmente mediante a figura dos quatro animais poderosos Seria errôneo, portanto, procurar a interpretação do quarto animal na história posterior ou na época do Cristianismo; neste caso quebrar-se-ia a linha de pensamento do hagiógrafo; o livro de Daniel perderia sua estrutura e deixaria de significar algo para os seus leitores. Quando o hagiógrafo alude ao futuro (o que se dá depois de haver introduzido as quatro feras), descreve-o com todo o otimismo: é a vinda do Filho do Homem e a obra deste, a Igreja, que ele propõe como farol de esperança aos seus leitores; de modo nenhum visa incriminar o advento de Cristo no limiar da era cristã nem a Igreja em que Jesus vive e reina através dos séculos.



Percebe-se assim, após uma reflexão serena, quão descabido é identificar o quarto animal de Dan 7 com a Igreja Católica.


Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

INCONSTÂNCIA NOS PROPÓSITOS E FALTA DE MORTIFICAÇÃO NOS SENTIDOS.

INCONSTÂNCIA NOS PROPÓSITOS E FALTA DE MORTIFICAÇÃO NOS SENTIDOS

0 Evangelho continua: «Os discípulos de S. João foram-se embora; e Jesus Cristo, falando de S. João, disse para as turbas: Que saístes vós a ver no deserto?» Jesus Cristo, meus irmãos, falando de S. João, disse, que não era cana; isto é, que não era inconstante; e em confessa-lo por verdadeiro Messias; se mandou seus discípulos perguntarem-lhe quem era, foi para que, vendo eles as suas obras maravilhosas, ficassem mais firmes na Fé: disse mais Jesus Cristo, que S. João não tratava o seu corpo com regalo e delicadeza; e que era Profeta, e mais que Profeta; e que no espírito era O Anjo do Senhor.

Notai que S. João não era inconstante, nem tratava o seu corpo com regalo e delicadeza; e por estes meios chegou a ser o maior dos Santos; no espírito era o Anjo do Senhor.

E vós, meus irmãos, que me dizeis? Pretendeis receber o espírito de Deus? Quereis aumentar na vida espiritual, e crescer nas virtudes? Quereis checar ao cume da perfeição? Pois fugi, fugi destes inconvenientes; isto é, não sejais inconstantes, ora no vicio, ora na virtude; hoje fervorosos amanhã tíbios; mas sede firmes nos vossos propósitos e nas vossas resoluções: bem como não trateis o vosso corpo com regalo e brandura, mas sim castigai-o com verdadeira penitência.

Deveis estar certos que por via da inconstância e falta de mortificação no corpo acontece a muitas pessoas que professam a virtude por largos anos, no fim da sua carreira achar-se sem espírito algum, ainda canais, ainda com os corações cheios do mundo, e com as paixões ainda vivas; de sorte que os inconstantes e imortificados passam a sua vida sempre com bons desejos, pedindo sempre o espírito a Deus, e nunca o recebem; porque não se mortificando nos sentidos externos, vivem como fora de si, sem recolhimento algum; e desta sorte não atendem ás vozes de Deus, que os chama, nem fazem boa oração; porque andando assim ás soltas e distraídos. tendo visto, ouvido, falado e tratado daquilo que nada lhes importa, com isso mesmos estão distraindo no tempo de sua oração. Muitas pessoas há que tem aflição por terem distrações na oração; pois tirem as causas.

Não é necessário haver tantas conversas, nem ver tantas coisas, nem ouvir tantos contos. Maldito costume! O andar a levar e a trazer contos duma parte para a outra! Está muitas vezes qualquer em sua casa com muita paz e sossego de espírito, e entra esse correio do inferno (deixem-me assim dizer) com um conto: Fulano, ou fulana, disse de ti ou fez contra ti...; e ao mesmo tempo turba-se o coração desta pessoa; concebe logo uma raiva contra a outra, deseja vingar-se dela, e fala também contra ela por paixão, ou com desafeição, e ainda dá qualquer coisa a essa pessoa que lhe levou o conto, e até lhe fica agradecida, ou agradecido; quando ela vai contar talvez á outra o que também ouviu a esta. Correios do inferno! Línguas malditas! Que muitos pecados mortais cometem e fazem cometer! Tantas raivas e ódios entre famílias e vizinhos; raivas e ódios que duram meses e anos inteiros, tudo por via de vós e de vossos ditos!

Acabai pois com esses contos, mortificai vossa língua e mais sentidos externos; e haja firmeza nos vossos propósitos, quando não, vai a terra todo edifício espiritual.

Livro Missão Abreviada

terça-feira, 25 de março de 2014

Ideologia de gênero e a destruição das famílias: mais uma dos marxistas feministas.

A IDEOLOGIA DE GÊNERO

Dom Fernando Arêas Rifan*

Semana passada, foi objeto de votação na Câmara Federal a introdução da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação. Devido a forte e sadia oposição, inclusive com manifestações organizadas, - faixas e cartazes com dizeres “Não ao Gênero e sim ao Sexo”, “Não à ideologia do gênero”, nas mãos de cerca de duzentos jovens, - foi feito um pedido de vistas e a matéria deve retornar amanhã à pauta da Comissão Especial.

A ideologia de gênero quer eliminar a ideia de que os seres humanos se dividem em dois sexos, afirmando que as diferenças entre homem e mulher não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos da cultura de um país, de uma época. Algo convencional, não natural, atribuído pela sociedade, de modo que cada um pode inventar-se a si mesmo e o seu sexo.

O feminismo do gênero, que promove essa ideologia, procede do movimento feminista para a igualdade dos sexos. A ideologia de gênero, própria das associações LGBT, baseia-se na análise marxista da história como luta de classes, dos opressores contra os oprimidos, sendo o primeiro antagonismo aquele que existe entre o homem e a mulher no casamento monogâmico. Daí que essa ideologia procura desconstruir a família e o matrimônio como algo natural. Em consequência, promovem a “livre escolha na reprodução”, eufemismo usado por eles para se referir ao aborto provocado. Como “estilo de vida”, promovem a homossexualidade, o lesbianismo e todas as outras formas de sexualidade fora do matrimônio. Entre nós, querem introduzir essa ideologia, usando o termo “saúde reprodutiva”. E usam a artimanha de palavras, especialmente “discriminação” e "luta contra o preconceito”. Sob esse nome sedutor – pois todos somos contra a discriminação injusta e o preconceito – querem fazer passar a ideologia do gênero, a ditadura do relativismo moral, estabelecendo uma nova antropologia anticristã, sob o nome de democracia. O art. 2º, III, desse Plano Nacional de Educação estabelece que a ideologia de gênero será implementada obrigatoriamente em todas as instituições escolares públicas, privadas e confessionais nas metas, planos e currículo escolar, inclusive no material didático sem que os pais ou professores possam ser opor.

Essa campanha é internacional. Na Itália, por exemplo, os folhetos distribuídos nas escolas pretendem ensinar a todos os alunos que “a família pai-mãe-filho é apenas um ‘estereótipo de publicidade’; que os gêneros masculino e feminino são uma abstração; que a leitura de romances em que os protagonistas são heterossexuais é uma violência; que a religiosidade é um valor negativo; chega-se ao ridículo de censurar os contos de fadas por só apresentarem dois sexos em vez de seis gêneros, além de se proporem problemas de matemática baseados em situações protagonizadas por famílias homossexuais”.

Você também está convidado a reagir contra essa ditadura ideológica, assinando a petição aos deputados, pedindo a não inclusão da Ideologia de Gênero no PNE. Basta clicar no link http://www.citizengo.org/pt-pt/5312-ideologia-genero-na-educacao-nao-obrigado.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

São Bernardo - sobre Nossa Senhora.

“Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.

Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.

Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.

Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.

Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria.

Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que Seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão dEla, não negligencieis os exemplos de Sua vida.

Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nEla, evitarás todo erro.


Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.

E assim verificarás, por tua própria experiência, com quanta razão foi dito:'E o nome da Virgem era Maria'”.
(São Bernardo – Super Missus, 2ª homilia/17)

Natividade de Nossa Senhora e a Anunciação do Anjo.

São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, doutor da Igreja
Homilia sobre a Natividade da Virgem, § 9; SC 80
«Salve, ó cheia de graça»

Esta mulher será Mãe de Deus, porta de luz, fonte de vida; Ela reduzirá a nada a acusação que pesava sobre Eva. A esta mulher, «os grandes do povo rendem-lhe homenagem» (Sl 44,13), os reis das nações prostrar-se-ão perante Ela oferecendo-lhe presentes […]; mas a glória da Mãe de Deus é interior: é o fruto do seu seio.

Mulher imensamente digna de ser amada, três vezes feliz, «bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1, 42). Filha do rei David e Mãe de Deus, Rei do universo, obra-prima com que o Criador Se regozija […], tu serás o apogeu da natureza. Porque a tua vida não será para ti, não foi para ti que nasceste, mas a tua vida será para Deus. Vieste ao mundo para Ele, servirás para a salvação de todos os homens, cumprindo o destino por Deus fixado desde todo o sempre: a encarnação do Verbo, sua Palavra, e a nossa divinização. Tudo o que desejas é alimentar-te das palavras de Deus, fortificar-te com a sua seiva como «oliveira verdejante na casa do Senhor» Sl 51,10), «como a árvore plantada à beira das correntes» (Sl 1,2), tu, a «árvore da vida» (Gn 2,9) que «produz frutos doze vezes, um em cada mês» (Ap 22,2). […]

O que é infinito, sem limites, veio morar no teu seio; Deus, o Menino Jesus, alimentou-Se do teu leite. Tu és a porta de Deus sempre virginal; as tuas mãos seguram o teu Deus; os teus joelhos são um trono mais elevado do que os querubins. […] Tu és a câmara nupcial do Espírito, «um rio! Os seus canais alegram a cidade de Deus», isto é, a torrente dos dons do Espírito. Tu «és formosa, a bem amada» de Deus (Ct 4,7).

Só sabemos quem somos nas provações.

A MAIOR PARTE DOS CRISTÃOS NÃO TEM VIRTUDES VERDADEIRAS

«Jesus Cristo (diz o Evangelho) subindo a uma barca, os seus discípulos seguiram, e houve no mar uma grande tempestade, de sorte que as ondas iam cobrindo a barca.» Jesus Cristo, meus irmãos, com esta tempestade quis ensinar aos seus discípulos e a todos nós, que no caminho do Céu também há tribulações e tentações, como diz o Eclesiástico: «Filho, chegando-te ao serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação»: e como disse S. Rafael a Tobias: «Por que eras aceito a Deus, foi necessário que a tentação te provasse.»

A alma justa muitas vezes anda cheia d’alegrias e consolações, e dai por um pouco Deus a mete em uma noite escura (De trabalhos e tribulações, como diz S. João da Cruz: quando a alma justa mais a seu gosto anda gozando destas delicias espirituais, e mais claro lhe luz o sol dos divinos favores, Deus muitas vezes lhe escurece toda essa luz, e lhe cerra a porta dessa doce água espiritual, de que andava gozando em Deus, e quando ela queria; e desta sorte a deixa tanto ás escuras, que não sabe dar um só passo na vida espiritual, porque para ela tudo é noite e escuridão.

Nós sabemos que muitos Santos viveram quase sempre nas tribulações e nas tentações; a Sagrada escritura nos diz, que são muitas as tribulações dos justos; de sorte que uma alma n’este mundo anda sempre cercada de tentações, e se não as conhece, é porque ainda vive na cegueira. Mas perguntareis vós; E Deus por que permite tantas tribulações e tentações aos seus servos? Deveis saber que é para os mortificar e eles adquirirem merecimentos; também é para os exercitar nas virtudes, e para os purificar cada vez mais dos pecados que tem cometido; quer finalmente provar suas virtudes, e experimentar o quanto são firmes: diz um devoto escritor: «Nós não sabemos o que somos, nem sabemos o que podemos, porém a tentação o descobre.»

E assim é, meus irmãos; poucas são as pessoas que sejam firmes, e que tenham virtudes verdadeiras: muitos ainda cuidam que tem as virtudes d’um cristão, mas se o examinarmos não aparecerá virtude verdadeira; e porque? Porque só tem as virtudes em quanto não vem as tentações; pois vindo as tentações, que è a prova, logo desaparece tudo; nem há paciência, nem humildade; não se sofre coisa alguma, murmura-se, dão-se queixas, falta-se á justiça e á caridade; finalmente, lá vão as virtudes todas!...

E que aconteça isto a essas pessoas que se confessam só uma vez cada ano, não me admiro; mas a pessoas que frequentam os sacramentos! que professam a virtude! Que é isto, meus irmãos? Que virtudes são estas? Aonde está o fruto das vossas confissões frequentes? Ai que eu temo muito que as vossas confissões sejam todas nulas! Porque não tendes virtudes verdadeiras; as vossas virtudes são falsas e aparentes, porque desaparecem logo que vêm as tentações, que são a prova. Ora pois, desenganai-vos; a falta da emenda não tem remédio; notai estas palavras: a falta da emenda em matéria grave não tem remédio. Portanto tirai sempre fruto das vossas confissões.

Livro Missão Abreviada

segunda-feira, 24 de março de 2014

A contemplação de Deus.

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois cisterciense

A Contemplação de Deus, 12; SC 61 bis

«Havia muitas viúvas em Israel»

Senhor, a minha alma miserável está nua, gelada e transida; deseja ser aquecida pelo calor do teu amor. […] Na imensidade do meu deserto, na vastidão da vaidade do meu coração, não apanho ramitos como a viúva de Sarepta, mas apenas estes poucos galhos, para preparar a minha comida com um punhado de farinha e a vasilha de azeite, e depois entrar em minha casa e morrer (cf 1Rs 17,10ss) – ou por outra, não morrerei assim tão depressa; não, Senhor, «não morrerei, antes viverei, para narrar as obras do Senhor» (Sl 118,17).

Permaneço, pois, na minha morada solitária […] e abro a boca para Ti, Senhor, procurando alento. E, por vezes, Senhor, […] Tu pões-me qualquer coisa na boca do coração, mas não permites que eu saiba o que é. É certo que sinto um sabor tão doce e tão delicioso, tão reconfortante, […] que já não quero mais nada. Mas Tu não permites que eu compreenda, nem com a vista, nem com a inteligência […]; gostaria de retê-la, de a ruminar, de a saborear, mas ela passa depressa. […] Aprendo pela experiência o que dizes sobre o Espírito no Evangelho: «Não sabes de onde vem nem para onde vai […]. O Espírito sopra onde quer» (Jo 3,8). Descubro em mim que Ele sopra, não quando eu quero, mas quando Ele quer. […]

Devo elevar os olhos somente para Ti, para Ti que és a «fonte de vida», e «na tua luz, verei a luz» (cf Sl 36,10). Para Ti, Senhor, é para Ti que os meus olhos se voltam. […] Mas quanto tempo mais tardarás, durante quanto mais tempo se inclinará a minha alma para Ti, miserável, ansiosa, sem fôlego? Peço-Te: esconde-me «ao abrigo da tua face», guarda-me «das intrigas dos homens»; defende-me «na tua tenda contra as línguas maldizentes» (cf Sl 31,21).

domingo, 23 de março de 2014

São José.

Em Fátima, Portugal, aos 13 de outubro de 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta viram a Sagrada Família. São José segurava o menino Jesus em seus braços. Ambos estavam envolvidos em roupas vermelhas e estavam ao lado esquerdo do Sol. A mão direita de cada um deles estava erguida, abençoando com o sinal da cruz que foi feito 3 vezes sobre as 70.000 pessoas que estavam ali reunidas. No lado direito do Sol estava Nossa Senhora vestida de branco e com um manto azul celeste. O menino Jesus aparentava ter dois anos de idade.

Lúcia viu depois Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Carmo, ocorrendo posteriormente o famoso “Milagre do Sol”, um sinal dado a todo o gênero humano nesta era apocalíptica que pode indicar a proximidade dos fins dos tempos.

O fato de São José e o menino Jesus terem abençoado a todos com um sinal da Cruz é muito importante e significativo. Isto enfatiza o fato de Sao José ter um lugar muito importante na redenção da humanidade e em nossa salvação individual. Esta visão concedida às crianças de Fátima teve como propósito persuadir nossa piedade para com São José, e dar a ele, em nossas vidas, a posição que Deus quer que nós demos. Isso pois São José é o legítimo pai adotivo de Jesus Cristo, e assim, o reflexo da paternidade de Deus para toda a humanidade.

Hierarquia das Pessoas e da Autoridade

De acordo com a hierarquia das pessoas na Sagrada Família, Nosso Senhor Jesus Cristo tinha o primeiro lugar, Maria o segundo, e São José o terceiro. Mas, de acordo com a hierarquia da autoridade, São José, como legítimo marido e pai da família, tinha o primeiro, Maria o segundo, e Jesus Cristo, menino de Maria e filho adotivo de São José, o terceiro.
Por que a hierarquia da autoridade é tão importante em nossas famílias católicas? A vida da Igreja Militante é uma guerra. Esta guerra é a vida de todo católico e de toda familia católica que deseja ir para o céu. Todo exército tem seu general, seus oficiais e seus soldados comuns. Entre eles, há de haver uma forte hierarquia de autoridade, e sem ela nenhum exército pode ter a presunção de vencer uma batalha.

As famílias católicas precisam estar unidas na luta por sua sobrevivência terrena, no serviço em favor da salvação de cada membro da familia. Os inimigos que ameaçam esta sobrevivência terrena, que tem como objetivo a salvação, são os demônios, o mundo sem Deus e também os pecados dos membros da família. Se uma família deseja lutar de forma efetiva nesta guerra e vencer esta batalha de vida ou morte pela salvação, há de haver, assim como nos melhores exércitos, um fortíssima hierarquia de autoridade. Deus estabeleceu tal autoridade quando deu à Sagrada Família um pai para ser o cabeça. Tal como citado, na hierarquia da autoridade, a mulher segue o marido, e a criança vem após a mãe. Somente vivendo e sustentando esta hierarquia é que uma família pode sobreviver e ser remida.

O inferno quer destruir a hierarquia da autoridade, que, para ele, é exatamente o que permite à família lutar e unir seus membros em harmonia de amor, respeito e concórdia. Ao anunciar o enganoso lema da igualdade de autoridade entre pai, mãe e filhos, o inferno destrói toda a família. A mãe se torna chefe de família (por ganância), os filhos são deixados aos cuidados de outra pessoa e o pai transfere sua autoridade ao estado laico. Para continuar a destruição da família, o Diabo propaga a contracepção, o divórcio, o aborto, a eutanásia, os asilos para os idosos e a igualdade entre os herdeiros da família, o que causa segmentação das famílias em gerações desunidas e a destruição dos bens familiares.

Muitas foram as famílias católicas de muitas gerações da Cristandade que eram as células basilares da Igreja Católica e dos estados católicos. Sem estados católicos não há lugar para a Verdade, nem paz duradoura para uma vida normal. Deus somente concede Sua benção nos lugares onde há a verdadeira Fé e onde a vida está em obediência aos mandamentos de Deus.

Significado da visão

Relembremos que na visão dos videntes de Fátima, Jesus estava nos braços de São José e ambos ofereciam bençãos fazendo o sinal da cruz. Relembremos também que a Santíssima Virgem Maria prometeu que a verdadeira paz mundial se estabeleceria caso a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração pelo Papa em união com todos os bispos do mundo. Qual é o papel de São José em tudo isso? Eu acredito que o valor dele é inestimável.

Sem São José a protegendo, Nossa Senhora não teria talvez dado a luz a Nosso Senhor Jesus Cristo e nem teria sido capaz de viver de forma segura com Nosso Senhor. Talvez o próprio cumprimento da Missão de Nosso Senhor estivesse ameaçada. Deus preparou São José desde a eternidade para ser o Santo Esposo e pai de família, o que possibiitou à Virgem Maria e a Nosso Senhor completarem seus desígnios.

A tarefa de São José há 2000 anos continua nos dias atuais. Sem ele, não haverá consagração da Rússia e nem paz no mundo. Nós temos de recolocá-lo no lugar correto no plano de salvação que a Providência Divina reservou a ele. Da mesma maneira, devemos reestabelecer a autoridade dos pais e maridos, caso contário, as famílias não viverão de modo santo e nem percorrerão o caminho que leva ao céu.

Nós reconhecemos o Sagrado Coração de Jesus pela cruz, pelas chagas, pela coroa de espinhos que o circunda e pelas chamas de caridade. O Coração de Nossa Senhora é geralmente rodeado de flores; no entanto, em Fátima, seu coração estava com espinhos, perfurado por uma espada, e, em alguns momentos, com sete delas. Seu Coração irradiava chamas de caridade, assim como aquelas que emanam do Sagrado Coração. Este é também o caso do Coração de São José, onde aparecem chamas simbolizando sua pureza e obediente amor à Santíssima Trindade, à Sagrada Família e ao próprio gênero humano. O sinal mais peculiar e característico do coração deste Patriarca dos patriarcas é a âncora de ouro, um símbolo teológico que representa a virtude da esperança. A cruz é o símbolo da Fé (Nosso Senhor Jesus Cristo), o coração é um símbolo de caridade (a Virgem Maria) e a âncora de São José é o símbolo da esperança, que conecta fé com amor. São José é o patrono da morte. Em nossas últimas horas, a esperança na misericórdia de Deus é importante e decisiva para toda a eternidade. A âncora é dourada justamente para simbolizar a eternidade e indestrutibilidade.
Tal como é impossível separar as três pessoas da Santíssima Trindade, é também impossível separar os três corações da Sagrada Família. Nós honramos os três, recomendamos os três, consagrando-nos a eles, e seguimos seus exemplos para reparar nossos pecados e os dos outros.

São José, Pilar das familias

Os maridos e pais de família podem se consagrar a São José sob seu título de “Pilar das Famílias”, para que assim possam saber ser pilares e cabeças de numerosas, fortes e invencíveis famílias católicas, que são o fundamento da Igreja Católica e de um saudável estado católico. Nenhum lar deveria estar sem uma imagem de São José e nem deveria passar um dia sem que nos recomendássemos ao seu amparo. Junto com São Miguel Arcanjo, São José é o co-patrono universal da Igreja Católica. Assim como ele se importou com o Cabeça da Igreja Católica durante sua vida, sigamos junto com ele de modo confiante por entre estes tempos confusos, pedindo sua intercessão para o Corpo Místico, em favor da Missa Tridentina, doutrina e moral católicas.

São José, o Rei

São José era da tribo de David, a linha régia de Israel. Como marido legítimo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, o Rei dos reis, assim, São José pode logicamente ser visto como o rei dos Céus e da Terra, anjos e Santos. Podemos presumir que no céu ambas as hierarquias, pessoas e autoridade, continuam com força plena, portanto, São José é ainda o cabeça da Sagrada Família, mas agora, por adoção espiritual, com mais filhos.

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo da Cruz concedeu Sua Mãe para ser a mãe espiritual para todos que o recebessem como redentor na Igreja Católica, deixou também São José como o pai espiritual para todos aqueles que desejam se tornar ou continuar a ser filhos de Deus. A Virgem Maria disse à Jacinta que a maioria das almas vai para o inferno devido aos pecados de impureza. São José é nomeado pela Igreja como um intercessor especial para preservação da santa pureza, da vigindade e da inocência batismal.
Confiemos no Coração de São José, este que foi concedido pelo Pai do Céu para o pai adotivo e patrono de Seu Filho Unigênito. Estejamos cientes de que nunca seremos órfãos neste mundo, apesar de quaisquer circunstâncias familiares de ontem e hoje. Rezemos para que o Coração Paternal de São José seja conhecido por mais seguidores. Ninguém no mundo pode dizer que não tem necessidade dos corações infinitamente compassivos da Mãe Maria e do Pai José. Estes dois Corações que são reflexo do ilimitado amor e compaixão do Sagrado Coração da Segunda Pessoa da Trindade.

Escolhamos irrevogavelmente este bom pai para ser nosso protetor e nos ajudar a restaurar nossas famílias.

Pe. Vidko Podrzaj nasceu na Eslovênia, que é banhada pelo Mar Adriático, à leste da Itália (75km de Veneza) e à noroeste da Croácia. Nasceu em 1959 e foi ordenado em 1994.

Devoção ao paternal e justo Coração de São José

São José, que fostes na Terra pai adotivo do Filho de Deus e legítimo esposo da Virgem Maria. Assim, Deus confiou a vós os dois maiores tesouros da humanidade. No céu, vós permanecestes como a cabeça da Sagrada Família, pai adotivo de Jesus Cristo e esposo de Maria. Assim como não é possível dividir as três pessoas da Santíssima Trindade, não é também possível separar os vossos três corações na Terra por serem inseparáveis no céu. Jesus e Maria recebem nosso amor e veneração somente na proporção do amor e veneração com a qual vos honramos, São José, que age juntamente com os Corações de Jesus e Maria.

Portanto, eu irrevogavelmente me consagro ao vosso Coração paternal e vos escolho como Pai, Mestre, Protetor e guia no caminho para eternidade.

A vós, coração paternal de José, dedico todos meus pensamentos, palavras, ações, meu corpo e alma, a saúde do corpo e alma, meu passado, meu presente, meu futuro, minha vontade, minha memória, meu sentimentos, tudo que eu sou e tudo que tenho. Tudo deve ser consagrado irrevogavelmente para os corações unidos de Jesus e Maria, e a vós, Ó São José, e diante disso ao Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo.

Em especial, dedico a vós, Coração Paternal, a inocência de meu batismo, minha castidade e modéstia, e com vossa ajuda manterei as virtudes angelicais até minha morte. Mas se eu as perder ou manchá-las, peço-vos obter-me a graça de me arrepender de meu egoísmo e de viver puramente deste momento em diante em meus pensamentos, atos e palavras. Guardai-me, Ó Coração Paternal de São José, da impureza de pensamentos.

A vós, amado Coração de José, dedico minha última hora de vida. Permanecei comigo com vossa poderosa mão a proteger-me contra os ataques do inferno, os quais tentarão surrupiar minha esperança e me fazer desacreditar na infinita Misericórdia de vosso Filho adotivo. Vinde naquele momento, com a vossa Imaculada Esposa e na companhia de vosso Filho adotivo, para que eu possa deixar este vale de lágrimas em paz e chegar para toda a eternidade na bem-aventurança do céu. Amém!

A Cura do Cego.

Homilia escrita no norte de África no séc. V ou VI, erradamente atribuída a São Fulgêncio (467-532)

PL 65, 880

«Nós somos argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos» (Is 64,7)

Aquele que «ao vir ao mundo, todo o homem ilumina» (Jo 1,9) é o verdadeiro espelho do Pai. Cristo vem ao mundo como imagem fiel do Pai (Heb 1,3) e anula a cegueira dos que não vêem. Cristo, vindo dos céus, vem ao mundo para que toda a carne O veja […]; mas o cego não podia ver a Cristo, espelho do Pai […]. Cristo abriu essa prisão; descerrou as pálpebras do cego, que viu em Cristo o espelho do Pai […].

O primeiro homem havia sido criado como um ser luminoso; mas achou-se cego, depois que se afastou da serpente. Cego que veio a renascer quando passou a crer. […] O cego de nascença estava sentado […] sem pedir a nenhum médico uma pomada que lhe curasse os olhos. […] Chega o artesão do universo e reflecte a imagem no espelho. Vê a miséria do cego ali sentado, a pedir esmola. Que milagre é a força de Deus! Ela cura o que vê, ilumina quem visita […].

Ele, que criou o globo terrestre, abriu agora estes globos cegos […]. O oleiro que nos modelou (Gn 2,6; Is 67,7) viu estes olhos vazios […]; tocou neles, misturando a sua saliva com um pouco de terra, e, ao aplicar essa lama, formou os olhos do cego […]. O homem é feito de argila; a pomada, de lama […]; a matéria que primeiro servira para formar os olhos, veio depois a curá-los. Que prodígio é maior: criar o globo do sol ou recriar os olhos do cego de nascença? No seu trono, o Senhor fez brilhar o sol; ao percorrer as praças públicas da Terra, permitiu ao cego a visão. A luz veio sem ter sido pedida, e sem quaisquer súplicas o cego foi libertado da sua enfermidade de nascença.

sábado, 22 de março de 2014

O crime diminui entre os cristãos e aumenta entre os islâmicos.

Como combater o crime

Pesquisadores da Universidade de Manchester apuraram que as pessoas que frequentam regularmente as igrejas comentem menos crimes, especialmente quando se trata do consumo de drogas, pirataria e assaltos. O grupo de pesquisa, liderado pelo doutourado Mark Littler, inquiriu 1,200 pessoas com idades entre os 18 e os 24, e perguntou ao grupo de estudo acerca da da sua história de actividade criminosa em 8 áreas específicas, e qual era a possibilidade de virem a cometer crimes futuros.

A pesquisa não lidava com crimes de "alto-nível" tais como assassinatos ou raptos, focando-se em vez disse nas seguintes áreas:

Violência contra outras pessoas
Furto de lojas
Pirataria musical
Uso ilegal de drogas
Vandalismo
Delinquência na escola ou no emprego
Espalhar lixo na rua

Foi apurado que as pessoas que regularmente frequentam as igrejas são menos susceptíveis de cometer estas ofensas. Havia também uma correlação directa entre o número de vezes que se ia à igreja, e as probabilidades de se cometerem estes crimes: quanto maior era o primeiro, menor era a segunda. Havia três tipos de ofensas em particular que os frequentadores de igrejas eram menos susceptíveis de cometer: uso ilegal de drogas, pirataria musical e furto de lojas.

Mark Litter afirmou:

O acto de se visitar um local de adoração pode desencadear uma redução significante nas probabilidades de envolvimento em certos tipos de comportamento criminoso e delinquente.

Ele acrescentou ainda que "misturar-se com outros crentes" é uma parte importante do processo. visto que passar o tempo com pessoas que "partilham a tua fé" e que não estão interessadas em cometer crimes, tem um impacto no tipo de actividades nas quais a pessoa se envolverá.

O Apóstolo Paulo faz uma declaração semelhante, mas duma perspectiva inversa. Ele escreve em:

Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. (1 Cor 15:33)

A declaração de Paulo "más conversações corrompem os bons costumes" era, na verdade, uma citação dum escritor pagão com o nome Menander, um famoso poeta de Atenas. Conhecido pelas suas declarações espirituosas, Meander cometeu suicídio afogando-se em 293 a.C. porque um poeta concorrente, Philemon, recebeu mais aplausos do que ele.

Uma vez que Paulo estava a escrever para os Gregos, ele pode ter citado de propósito um dos seus como forma de dar mais peso ao seu argumento. Isto sugere que havia coisas que estavam a acontecer na igreja de Corinto que preocupavam o apóstolo.

Paulo descreve que o processo de corrupção como uma decepção. As não começam as coisas acreditando que o seu comportamento será corrompido. Eles pensam que se podem associar com as más companhias sem que isso as afecte. Eles podem ate dar mais um passo e pensar que elas podem alterar estas más companhias rumo ao bem.

A palavra "conversações" não se refere ao contacto casual, mas descreve um contacto próximo e continuo - amizade ou camaradagem. A palavra grega para "corromper", ptheiro, significa simplesmente poluir ou corromper misturando o bom com o mau, e é um processo que não termina bem para o crente.

O tipo de companhia que mantemos faz toda a diferença.

* * * * * * * *

A ler: "Estudo vincula religiosidade a violência em jovens muçulmanos", onde se lê:


Enquanto entre os jovens cristãos a propensão à violência diminui conforme o grau de religiosidade aumenta, entre os muçulmanos ela sobe."

Estudo vincula religiosidade a violência em jovens muçulmanos
Este tipo de notícia só é surpresa para quem não está familiarizado com as escrituras islâmicas. Coloquei algumas frases em ênfase.
Estudo vincula religiosidade a violência em jovens muçulmanos A propensão à violência nos jovens muçulmanos aumenta de maneira proporcional a sua religiosidade, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Criminológica da Baixa Saxônia (KFN) encomendado pelo Ministério do Interior.

O KFN realizou enquetes em 61 municípios alemães entre 45 mil estudantes em torno dos 15 anos a fim de constatar uma possível relação entre a religiosidade e a disposição à violência.

Enquanto entre os jovens cristãos a propensão à violência diminui conforme o grau de religiosidade aumenta, entre os muçulmanos ela sobe.

O director do estudo, o professor Christian Pfeiffer, vê isso "não como um problema do islão, mas da maneira como ele é transmitido na Alemanha".

Segundo o estudo, a maioria dos imames na Alemanha que pregam nas mesquitas não sabem alemão, permanecem pouco tempo no país, têm uma visão negativa da cultura europeia e fomentam estereótipos como o da superioridade do homem sobre a mulher.
Coisas que são justificadas pela religião islâmica, diga-se de passagem.

O Alcorão diz em 4:34 que os homens podem bater nas mulheres, e a surah 9 (9:5, 9:29) está cheia de referências e chamamentos para o uso de violência contra os não-muçulmanos. O facto dos jovens muçulmanos se tornarem mais violentos à medida que a sua fé islâmica aumenta não é algo que se possa separar dos ensinamentos islâmicos.

Os secularistas tentam a todo o custo colocar o Cristianismo ao mesmo nível do Islão, mas as evidências demostram que os frutos duma ideologia são distintos dos frutos da outra. Outra coisa não seria de esperar, uma vez que, para além duma delas ser falsa, os ensinamentos são totalmente distintos.

Fontes:

http://perigoislamico.blogspot.pt/2011/05/estudo-vincula-religiosidade-violencia.html#sthash.5KslZ8C4.dpuf

http://adalges.blogspot.com.br/2014/03/como-combater-o-crime.html#sthash.3jIqZHZT.dpuf

10 argumentos contra as uniões homossexuais ("casamento homossexual").

10 respostas que refutam a agenda gayzista

1. “Somos iguais perante a lei, e como tal, vamo-nos casar."


É verdade que somos todos iguais perante a lei, mas esta igualdade, que é jurídica e não biológica, não anula - e nem pode alunar - as distinções anatómicas, fisiológicas e psicológicas entre os sexos - diferenças essas que geram as condições para o casamento e são o seu fundamento natural.

Em relação ao casamento, e igualdade jurídica significa que todos aqueles com a capacidade natural para casar, têm o direito de o fazer. Esta igualdade jurídica não cria as condições biológicas necessárias para o casamento. O acto conjugal está intrinsecamente ligado ao casamento, e a natureza requer dois indivíduos do sexo oposto para esta performance. Este requerimento natural esta totalmente ausente entre duas pessoa do mesmo sexo que planeiam casar, e como tal, o princípio da igualdade perante a lei não se aplica.

2. “Os homossexuais nascem dessa forma.”

O argumento de que os homossexuais "nascem assim" levou à busca do assim chamado gene homossexual. Três projectos de pesquisa têm sido normalmente mal-interpretados como forma de apoiar essa conclusão - nomeadamente, os projectos de pesquisa do Dr. Simon LeVay, dos Drs. J. Michael Bailey e Richard C. Pillard, e do Dr. Dean Hamer. A Associação Médica Católica sumariza estes factos no seu artigo "Homossexualismo e Esperança":

Os média têm promovido a ideia de que o "gene homossexual" já foi descoberto... mas apesar de várias tentativas, nenhum dos estudos amplamente publicitados foram cientificamente replicados. Um certo número de autores fez uma revisão cuidadosa a estes estudos e apurou que não só estes estudos não provam a base genética para a atracção homossexual, como nem sequer chegam a fazer tal alegação.

Se a atracção homossexual fosse geneticamente programada, então seria de esperar que os gémeos idênticos fossem idênticos na sua atracção sexual. No entanto, existem várias reportagens em torno de gémeos idênticos que não são idênticos na sua atracção sexual.

3. “Actos homossexuais entre adultos com consentimento não te afectam.”

O consentimento nem sempre significa a legitimização dum acto. A moralidade dum acto não depende apenas da intenção e do consentimento das pessoas que o levam a cabo; o acto em si tem que se conformar à lei moral. Logo, o consentimento mútuo entre parceiros homossexuais nunca pode legitimar os actos homossexuais, que são desvios anti-naturais do verdadeiro e natural propósito do acto sexual.

Para além disso, os actos homossexuais consentidos podem de facto afectar o resto da sociedade. A propagação do homossexualismo fragiliza a moralidade publica e a família natural e desde logo, fragiliza o bem comum da sociedade e a perpetuação da raça humana.

Nós somos seres sociais. John Donne correctamente declarou que nenhum homem é uma ilha. Como seres sociais, não nos podemos desassociar da sociedade e da sua decadência. Se nós não batalharmos em favor do casamento tradicional hoje, quando os sinos da morte ecoarem sobre a nossa sociedade dissoluta, ninguém irá perguntar para quem os sinos tocam visto que tocarão para nós.

4. “O que nós fazemos em privado não é da conta de ninguém.”

Sem dúvida que a privacidade da casa é sagrada, mas ela não é absoluta. Quando um acto maligno é levado a cabo em público, a escândalo consequente agrava a sua intrínseca natureza maligna. No entanto, um acto maligno não se torna aceitável quando o mesmo é feito em privado; a sua natureza maligna permanece inalterável.

Embora os actos homossexuais sejam mais graves se forem levados a cabo em público, eles continuam a ser "intrinsecamente malignos" quando são levados a cabo em privado. De igual modo, a inviolabilidade do lar não protege os actos imorais e socialmente destrutivos tais como a prostituição infantil, a poligamia e o incesto.

5. “A moralidade não é competência do governo.”

Segundo a lei natural, o Estado tem o dever de preservar a moralidade pública. Isto não significa que o Estado tem que forçar a prática de todas as virtudes e banir a práctica de todos os actos imorais, tal como é tentado pelos ayatollahs actuais. Pelo contrário, o que isto significa é que sempre que legisla sobre assuntos morais, o governo tem que decidir se algo afecta directamente o bem comum, e então legislar de modo a favorecer a virtude e a obstruir a imoralidade.

Uma vez que o homossexualismo, o adultério, a prostituição e a pornografia fragilizam os fundamentos da família (a base da sociedade), o Estado tem o dever de usar o seu poder coercivo para os banir ou limitá-los em nome dos interesses do bem comum.

6. “'O casamento' homossexual não ameaça o casamento tradicional. Ambos podem coexistir lado a lado.”

O "casamento" entre pessoas do mesmo sexo destrói a integridade do casamento genuíno ao transformar o casamento tradicional numa sub-espécie dentro do género de casamentos. O alargado género do casamento supostamente iria englobar o casamento tradicional, as uniões homossexuais ou heterossexuais, e qualquer outra nova relação que entretanto surgisse. Este novo género de "casamento" não é, no entanto, casamento.

O casamento é o laço permanente e sagrado que une o homem e a mulher que tenham planos de constituir uma família e enfrentar as tribulações da vida juntos. O casamento envolve a dedicação altruísta, devoção e sacrifício. O casamento e a família são instituições sagradas que fomentam o bem comum da sociedade. A legalização do "casamento" homossexual e a sua colocação ao mesmo nível que o casamento tradicional destrói o bem comum da sociedade.

Quando a autoridade pública e a sociedade no geral negam a singularidade e a insubstituível contribuição para o bem comum do casamento tradicional, e os indivíduos podem encontrar incentivos e regalias legais mais facilmente nas imitações, então o casamento verdadeiro está a caminho da extinção. [ed: Esse o objectivo da agenda homossexual: destruir o casamento natural]

7. “O 'casamento' homossexual é um assunto centrado nos direitos civis e não na moralidade.”

Isto é o mesmo que dizer que os direitos civis não têm nada a ver com a moralidade, o que não é verdade. Embora muitos hoje em dia façam uma separação entre os "direitos civis" e a moralidade, a realidade dos factos é que não existem "direitos civis" sem um fundamento moral. Os actos humanos têm que estar de acordo com a razão e com a lei natural. "Nada mais insensato pode ser dito ou concebido do que a noção de que, uma vez que o homem é, por natureza, livre, ele encontra-se, portanto, livre da lei".

A moralidade é mais alargada que a lei. A lei precisa de ser justificada com a moralidade. Leis que não se encontram enraízadas na moralidade não têm qualquer propósito visto que as leis existem para o bem maior da sociedade. No seu famoso tratado em torno da lei natural, o Padre Taparelli D’Azeglio afirmou:

A ordem moral é a base para a sociedade visto que todos os deveres fundamentam-se na ordem moral que resulta da ordem natural. A ordem é a regra natural para o intelecto. No intelecto, a ordem simplesmente é a verdade, e desde que esta lidera a vontade, a ordem é bondade.

8. “A igreja permite o casamento de pessoas estéreis, e como tal, ela tem que permitir o "casamento" homossexual"”

Este argumento é frequentemente usado por activistas homossexuais "Católicos", mas não há comparação possível entre a esterilidade natural dum casal e a esterilidade anormal da união homossexual.

No primeiro caso, o acto conjugal levado a cabo pelo marido e pela mulher têm a possibilidade de gerar nova vida. A concepção pode não acontecer devido a alguma disfunção orgânica quer no marido ou como consequência dos naturais períodos de infertilidade da esposa. Esta falta de concepção resulta de razões ou circunstâncias acidentais. Logo, em casos de esterilidade acidental ou não desejada no casal, nada é feito para frustrar o propósito do acto conjugal.

Nos actos homossexuais, no entanto. a esterilidade não é acidental, mas sim consequência da fisiologia do acto, que é infértil por natureza. Tal como um documento de 2004 do Vaticano declara:

Tais uniões [homossexuais] não são capazes de contribuir de uma forma própria para a procriação e sobrevivência da raça humana. A possibilidade de se usarem métodos recentemente descobertos para a reprodução artificial, para além de envolverem uma grave falta de respeito pela dignidade humana, nada alteram a esta inadequação.


9. “Proibir os "casamentos" homossexuais é discriminação.”

Não é descriminação. "A negação do estatuto legal e social do casamento para formas de coabitação que não são e nem podem ser ser maritais não se opõe à justiça; pelo contrário, a justiça exige isso mesmo”

10. “É injusto não permitir que os homossexuais se casem uns com os outros, forçando-os a uma castidade não desejada.”

Tal como diz São Paulo, quem não é casto, não entrará no Reino dos Céus. Todos estão obrigados a practicar a castidade segundo o seu estado de vida. Esta obrigação procede da ética natural e da moralidade revelada que a Igreja não pode alterar. Os casados têm que viver de uma forma casta observando a fidelidade matrimonial, e os solteiros têm que viver de forma casta, abstendo-se de todo o contacto sexual.

Se a pessoa não tem condições físicas, psicológicas ou qualquer outra condição, para contrair o matrimónio, ela tem que practicar a castidade perfeita no celibato. Não só há glória em escolher o celibato por amor ao Reino dos Céus, como há também o mérito de se aceitar a castidade que as circunstâncias exigem como forma de alguém se sujeitar à Santa vontade de Deus.

Fonte: http://ohomossexualismo.blogspot.com.br/2014/03/10-respostas-que-refutam-agenda-gayzista.html#sthash.meqoy06q.dpuf

São José.

São José.

“Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt. 5, 48). O ideal, pois, da santidade pede do homem uma assimilação da vida divina. Ideal nobilíssimo, quanto mais o seja, mas que supera totalmente as forças humanas. Por isso, na sua inefável bondade, Deus nos enviou um modelo: seu próprio filho, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Para que ele fosse dos nossos, de nossa raça, nosso irmão, podendo legitimamente nos representar, deu-lhe uma natureza humana, formada do puríssimo sangue da Santíssima Virgem Maria; fê-lo nascer de mulher, como os demais homens, de maneira que a todo homem, ao vir a este mundo, Ele pudesse ser apresentado como o protótipo de santidade. Conclui-se que o homem se santifica na medida em que reproduz, na sua vida, a maneira de viver de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Disse alguém que nenhum homem é uma ilha, pois todo indivíduo se acha no seio de uma sociedade doméstica ou sua sucedânea, através da qual ele ingressa na grande sociedade civil. Jesus Cristo não fugiu à regra. Como homem, teve também sua sociedade mais íntima, seus familiares.

É o que se lê em diversos lugares da Sagrada Escritura.

É a São José que o anjo aparece para recomendar-lhe que fuja à ira de Herodes. É ao mesmo São José que, morto o monstro, o anjo adverte que retorne a Canaã com a Sagrada Família.

Maria Santíssima queixa-se a Jesus o ter-se afastado dela e de seu pai quando permaneceu no Templo, aos 12 anos. E a Sagrada Escritura diz igualmente que em Nazaré, Jesus era simplesmente o Filho do Carpinteiro.
Costuma-se dizer que São José é o Pai putativo, Pai nutrício, Pai legal, etc., de Jesus Cristo. Todas expressões verdadeiras, mas que terminam encobrindo o conceito mais profundo e exato de paternidade de São José. Pois que ele é de fato o pai da família nazaretana. E a razão exata porque São José é o pai da família nazaretana, é porque é o verdadeiro esposo de Maria Santíssima, a mãe daquela abençoada família. E como esposo legítimo e verdadeiro, participa da maternidade que sua esposa tem com relação aos frutos de seu seio, ainda que virginais.

Da posição de São José na Sagrada Família decorre o esplendor singular da sua pessoa e a extensão e valor do seu patrocínio.
Com justiça foi declarado por Pio IX patrono da Igreja Universal. E a Santa Igreja recomenda aos fiéis que se acolham sob seu patrocínio. Especialmente como patrono da boa morte é ele invocado, uma vez que teve a ventura de morrer nos braços de Jesus e de Maria Santíssima.

Dom Antonio de Castro Mayer, Heri et Hodie, março de 1986.

O Pai Misericordioso e o Filho Pródigo.

São Romano, o Melodioso (?-c. 560), compositor de hinos

Hino 55

«Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha»

Muitos são os que pela penitência foram dignos do amor que tens pelo homem,
Tu, que justificaste o publicano pelo seu lamento e a pecadora pelo seu pranto (Lc 18,14; 7,50),
E, ao preveres e dares o perdão de acordo com imutáveis desígnios,
Te mostras rico de todas as misericórdias (Ef 2,4). Converte-me também a mim,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos! (1Tim 2,4)

A minha alma enodoou-se ao vestir a túnica dos meus erros (Gn 3,21),
Mas Tu me alcançarás a graça de fazer jorrar fontes dos meus olhos,
A fim de que, pela contrição, seja purificada e digna das tuas núpcias (Mt 22,12).
Veste-me com o manto multicolor (Sl 45 [44],15),
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Tem compaixão de mim, Pai celeste, tal como tiveste pelo filho pródigo,
Porque também eu me lanço aos Teus pés e como ele clamo: «Pai, pequei!»,
E rejubilarão os anjos com a salvação dum filho indigno (Lc 15,7).
Não me rejeites, Deus de bondade, Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Pois foi pela graça que fizeste de mim teu filho e teu herdeiro (Rom 8,17)
E, ao ofender-Te, me vejo cativo, escravo vendido ao pecado e desditoso!
Tem misericórdia da tua própria imagem (Gn 1,26), Salvador meu: resgata-me deste degredo,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Tendo chegado ao arrependimento, […] a palavra de Paulo encoraja-me
A não desfalecer na oração e a esperar (Col 4,2), sabendo que, se tardas,
É para me dares a ganhar o salário da perseverança. Sabedor da tua misericórdia
E da tua ânsia em socorrer-me (Lc 15,4), cheio de confiança Te suplico: vem em meu auxílio,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Permite que leve uma vida pura, Te celebre e Te preste glória para sempre, Cristo,
Todo-Poderoso, e para que depois Te cante […] um cântico puro (Sl 40 [39],4),
Concede-me que os meus actos correspondam às minhas palavras, único Senhor,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Tibieza, inimiga da alma.

SOBRE A TIBIEZA

Não há estado mais perigoso para a Salvação que a Tibieza; porque o tíbio pode facilmente viver em culpa grave; e como se não conhece por tal, como há de dar remédio ao seu pecado?

Viver em culpa grave e não saber que vive nela, que maior perigo para salvação eterna?

O tíbio apenas foge dos pecados que lhe representam graves, e não faz caso algum das faltas leves; sem temor nem remorso as comete todos os dias; por preguiça vai deixando muitas vezes as devoções ou santos exercícios que lhe estão marcados por seu diretor espiritual; faz sem atenção as suas orações, sem emenda as suas confissões, sem fruto suas comunhões. Vai vivendo numa certa insensibilidade, sem aspirar as virtudes maiores, nem tratar de chegar a um estado mais perfeito; e desta sorte pouco a pouco vem a cair num grande fastio e aborrecimento as coisas espirituais; e daí a pouco passos ei-lo em culpas graves, e sem ele o conhecer nem entender!

No serviço de Deus, para ele já tudo é frouxidão; o julgo do senhor torna-lhe pesado e insuportável; já se vai soltando e entregando as coisas do mundo; já não considera nas verdades eternas como antes; já se não conhece nem entende a si mesmo, nem tão pouco atende a Deus, nem faz as coisas por Deus; Já sem escrúpulo algum se mete nas ocasiões perigosas; se pratica o bem, é por natural inclinação; se cumpre com alguns atos de piedade, é só por costume; pouco caso faz em agradar a Deus e em tudo lhe desagrada; depois já vai cometendo pecados veniais com claro conhecimento e de propósito como quem diz; Eu bem sei que é pecado e que ralha o confessor e o pregador: mas vai-se fazendo, nunca será grande pecado.

Ó grande cegueira! Pois não sabes que um pecado, por mais leve que seja, é uma ofensa a Deus? E ofender a Deus um pequeno mal, nada lhe importará? Não negues a fé que professas! Antes morrer que pecar; antes cair no fogo do inferno, que ofender a Deus com a mais leve culpa.

Finalmente lá vai o tíbio tendo aversão as pessoas espirituais e fervorosas; porque a virtude e fervor destas repreende sua vida já desconcertada e relaxada; ao mesmo tempo se vai juntando com pessoas desmoralizadas, que de todo lhe tiram estes bons sentimentos que ainda lhe restavam; depois de todas estas desgraças forma para ti uma consciência falsa e nela vive sem escrúpulo algum, sem remorso e sem temor!

A cujo abrigo nutre em si aversões ocultas, invejas venenosas, apegos terrenos, um espírito de murmuração, um fundo de amor próprio, e outras coisas graves, que ele não conhece por tais; e então vivendo em uma falsa paz, com a sua consciência bem sossegada, falsamente persuadida que em tudo isso não há culpa grave, quando muitas vezes serão centos de pecados, e grave; que estado mais arriscado e mais terrível! Viver na tibieza em culpa grave sem saber que vive nela; ir assim enganado ao inferno!...



Livro Missão Abreviada

A pressa é a inimiga da oração.

A pressa nas Orações

Jesus Cristo orou no horto por três vezes: “Meu Pai, se é possível, passa-se de mim este cálice sem que eu o beba, mas faça-se a vossa vontade e não a minha”. A oração de Jesus Cristo no horto foi muito breve; mas ainda que breve ele o fez por três vezes, e cada vez por espaço de uma hora. Atende a isto alma apressada, tu que fazes muitas orações, e tendes pouco tempo de oração, ah! Bem podes temer que sejam pecados ou perdidas as suas orações!

Sobre o que deves saber, que a meditação é o fundamento; é a alma da oração, por isso quanto possa ser, não deves passar uma só palavra, que não seja acompanhada da meditação; se a tua oração assim fora feita, o seu coração se moveria, as tuas resoluções seriam fortes, os teus propósitos seriam firmes, o seu afetos para com Deus seriam grandes; finalmente desprezaria o mundo com todas as suas vaidades e de todo te entregarias a Deus; mas porque já fazes as orações a tantos anos, e ainda não tens colhido estes frutos, é sinal muito provável que não tem sido boa as suas orações.

Portanto nunca te apresses nas tuas orações; porque a pressa diz um dos Santos Padres, é a peste da oração; e na verdade, onde há pressas, há sempre irreverências, falta de atenção e de respeito. Todo aquele que se apressa nas suas orações, mostra claramente o pouco peso que dá as coisas santas; e ainda melhor mostra o que é, quando nas coisas do mundo é mais bem pronunciado e aperfeiçoado, do que nas conversas que tem com Deus nas orações.

E quanto há disto? Nas conversas do mundo, muita atenção, muita gravidade e respeito; e vai-se a conversar com Deus na Oração; já tudo são pressas, irreverência, falta de atenção e de respeito, e muitas vezes sono; finalmente tudo vai com fastio e aborrecimento!...e que significa tudo isto? É que já há muita pouca fé, ou não consideram com quem falam na oração, nem disso se lembram; não conhecem a Deus, nem formam a ideia que devem formar da sua grandeza e Majestade!...

Assim é, meus irmãos; reza-se muito mal, muito mal!! As orações vão quase todas perdidas por não serem feitas como devem ser; se todos fizessem boas orações, elas eram despachadas, a vida reforma-se e todos seriam santos. Ora pois fazei vossas orações o melhor que puderdes; ide considerando no que fordes rezando, para desta sorte serem ouvidas e despachadas por Deus.

Livro Missão Abreviada

Continue a esforçar-se e penitenciar-se.

Combate-se o dito de que não é preciso tanto.

Um leproso (diz o Evangelho) estava fazendo suplicas a Jesus Cristo, dizendo: 0 Senhor, vós se quiserdes, podeis sarar-me.» A lepra, meus irmãos, é um cancro universal, que deixando o doente com vida, lhe infecciona todo o corpo; e d’esta sorte é figura d'um cristão, que apesar de estar em graça, vive com tibieza e descuido, não fazendo caso dos pecados veniais, nem dos defeitos, nem de imperfeições: e por este motivo lhe saem infeccionadas e manchadas todas as suas boas obras; porque não guarda os sentidos externos; porque vive sem mortificação, e sem recolhimento; porque se ocupa com pensamentos vãos; porque se não vence a si mesmo, nem reprime as suas paixões; tudo, tudo lhe sai infecciona- do e manchado!...

E por isso com grande fundamento comparou Isaias as nossas boas obras com panos os mais sujos: Oh! Quanto deve ser pura e santa a vida d´um cristão, para logo se entrar no Reino dos Céus e sair deste mundo! Já o disse, uma alma deve estar toda purificada como uma estrela para entrar no Reino dos Céus, e gozar da vista clara de Deus: é certo que os Santos tiveram luzes divinas, e acertaram; pois já estão seguros, já estão gozando de Deus lá na pátria celestial; e também é certo que os pecadores vivem nas trevas do erro, cegos com as suas paixões; e como pensaram os Santos sobre estas cousas? que disseram, ou como fizeram eles?

Dizem os pecadores, ou antes diz o inimigo mundo: Para se salvar uma alma também não é preciso tanto. Não é preciso tanto? Pois desengana-te; para te salvares, ainda que fora necessário andares com a língua de rastos até ao fim da tua vida; ainda que fora necessário dares mil vidas, se as tiveras; ainda que fora necessário passares por mil infernos, se fora possível tudo isto, ainda era pouco; ainda o Céu te ficava muito e muito barato!.. Não é preciso tanto, dizes tu, ou dizem eles; mas pergunto eu: E por ventura estarão lá no Reino dos Céus esses que viveram e morreram segundo esse espírito do mundo? Ninguém m’o pode provar; e quantos já estarão ardendo no fogo do inferno? Sim. porque os verdadeiramente preguiçosos não podem conquistar o Reino dos Céus, nem merecer os bens eternos da gloria!...

Que vos parece? Os Santos, cheios de luzes divinas, e talvez com bem poucas faltas, fizeram quanto puderam, não cuidavam em outra cousa, trabalhavam sempre por Deus, e tudo lhes parecia pouco; ainda temiam, e receavam; e os pecadores, esses homens do mundo, que vivem segundo o espírito do mundo, carregados de crimes, cheios de vícios, e sem luzes divinas, tudo lhes parece muito, tem medo de fazer alguma cousa de mais, ou de que outros o façam.

Não vos enganeis, meus irmãos; não vos enganeis com esse mundo; por quanto ele te é um inimigo da alma; esse mundo tem enganado, e está enganando quase tudo; quase tudo vai perdido por via das más conversações e dos maus exemplos d’essas pessoas desmoralizadas... Não olheis para ditos; quem ainda estremece com estes ditos, quem d’isso fizer caso, não está firme, e não vai longe com a sua vida espiritual; porque há de perder o fervor, ha de cair na tibieza e no descuido; e por fim também cairá em pecados graves, e com eles irá ao inferno. Portanto sede firmes e fervorosos, fazendo sempre quanto puderdes, quando não, caminhais muito arriscados para a eternidade.



Livro Missão Abreviada

Pobreza.

“Quem se consagra à contemplação das coisas divinas está mais liberado das coisas do mundo do que quem se dedica à contemplação da verdade filosófica”


Tomás de Aquino, Contra Impugnantes, q. 6.


Sidney Silveira


Os bens deste mundo são de três tipos, diz Santo Tomás na Suma Teológica[1]: riquezas, prazeres e honrarias. À primeira vista, desprezá-los parece absurdo, pois as riquezas proporcionam bem-estar material; os prazeres, bem-estar psicológico; e as honrarias, bem-estar espiritual, na medida em que representam o pagamento de um débito de justiça — obviamente, quando e se são feitas ou recebidas na justa medida e nas ocasiões devidas, para não descambar em adulação e vanglória. A propósito, todos esses bens podem ser contemplados nas perspectivas material e espiritual; assim, há a riqueza da alma e a do dinheiro ou das propriedades; há os prazeres do corpo e os do espírito; há as honrarias das comendas, diplomas e galardões e as de quem honra a Deus e ao próximo no silêncio das orações diárias e no seguimento dos preceitos.


Sem dúvida, na alma do homem justo a fruição equânime dos aspectos material e espiritual desses bens é possível, mas dificílima mesmo neste caso, pois, devido à maldita herança do pecado original, “o justo cai sete vezes ao dia” (Prov. XXIV, 16). Por isso, considerando que a utilidade espiritual é preferível à material (utilitas spiritualis præfertur temporali utilitati[2]), e que, como a experiência demonstra de forma insofismável, a posse de tais bens traz consigo o risco de fazer o homem sucumbir a vícios e enganos tremendos, anda melhor quem voluntariamente abre mão deles. Estamos no âmbito, pois, dos conselhos evangélicos: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me” (Mt. XIX, 21); “É mais fácil um camelo passar por uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (Mt. XIX, 23).


Pois bem. Com ensinamentos como estes, extraídos da Sagrada Escritura, os cristãos transformaram a pobreza em virtude. E aqui não se trata apenas da pobreza habitual, ou seja, aquela de quem despreza de coração os bens materiais, não obstante acidentalmente os possua, mas também da pobreza atual, a que consiste em se desprender de fato — por livre e espontânea vontade — das coisas materiais por amor a Deus. É o que demonstra lindamente o Aquinate no trecho do Contra Impugnantes Dei cultum et religionem em que menciona as passagens do Evangelho acima, e também outras. Em resumo, deixar tudo por Deus é obra de máxima perfeição (ergo perfectissimum opus)[3].


Mas também não se trata aqui da pobreza absoluta, como a que foi defendida pelos franciscanos espirituais do século XIII e posteriormente condenada pelo Magistério da Igreja, mas de uma pobreza que não abre mão das necessidades básicas do dia de hoje, confiando porém na Providência Divina quanto aos bens futuros — ou seja, quanto ao provimento das necessidades do amanhã. “Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com estas coisas. Ora, vosso Pai Celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o reino dos céus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado em acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá as suas preocupações” (Mt. VI, 31-34).


Em síntese, é perigoso possuir as coisas do mundo (periculosum est res mundi possidere[4]), e por um motivo muito simples: porque a elas se ata fortemente o espírito, chegando às vezes ao ponto de brutalizar o homem, de fazê-lo praticar maldades e injustiças sem tamanho. Na verdade estamos continuamente expostos a tais riscos, mas em grau muito maior quando o bem-estar material aumenta e as riquezas acumulam-se. Daí dizer São João Crisóstomo, à guisa de exemplo, o seguinte a propósito dos discípulos de Jesus: “Em que prejudicou aos apóstolos a escassez de bens temporais? Não passaram eles a vida com fome, sede e pouca roupa, de modo que se esclareceram a si mesmos com este comportamento e foram vistos como exemplares de maravilhosa grandeza?[5]


No mesmo trecho do Contra Impugnantes acima aludido (a questão 6) — um dos mais belos, ponderados e consistentes elogios à pobreza evangélica de toda a história do Cristianismo —, Santo Tomás de Aquino observa que quem se consagra à contemplação das coisas divinas está mais liberado das coisas do mundo do que quem se dedica à contemplação filosófica (qui vacat contemplationi divinae, magis oportet esse a rebus mundanis liberum, quam eos qui contemplationi philosophicae vacabant[6]). Assim, se houve filósofos louváveis por rechaçar as riquezas e o burburinho do mundo para dedicar-se ao estudo da verdade, com muito mais razão se deve elogiar quem recusa a riqueza única e exclusivamente com o objetivo de contemplar a Deus, causa das causas, sumo amável, verdade infinita, Ser omniperfeito, bondade pura, razão de ser de todas as coisas. Ora, não há como contemplar a realidade divina sem o desprezo do mundo (contemptus mundi), sem dizer “não” às riquezas e seduções, pois “quem se apega às coisas deste mundo fazendo delas o fim da existência, assim como a razão e a regra de seus atos, afasta-se totalmente dos bens espirituais”[7]. Este é portanto, o sentido da virtude da pobreza cristã: conversão a Deus e aversão às coisas que nos afastam d’Ele. É recusar firmemente tudo o que possa levar à excessiva solicitude com os bens temporais.


Do ponto de vista da fé, tão maravilhosa é esta renúncia das riquezas que ela terá no céu um prêmio especial: o poder de julgar. Afirma a propósito Cristo em resposta a uma indagação de Simão (grifos nossos!):


“Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós? Respondeu Jesus: Em verdade vos digo: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt. XIX, 27-29).


Comentando esta passagem, o Aquinate nos remete à Glosa, que diz: “Quem deixar todas as riquezas para seguir o Senhor será juiz, ao passo que quem usou com retidão das coisas que possuía legitimamente neste mundo estará entre os julgados”[8]. Em vista destas palavras, o Doutor Comum reafirma a excelência da pobreza voluntária atual, e sua absoluta superioridade com relação à pobreza habitual, nos termos acima descritos. Não à-toa Deus dará à pobreza atual o magnífico prêmio (præmium excellens) de julgar, porque, segundo a Sua justiça, a grandiosidade da recompensa é proporcional à do mérito.


Referindo-se à passagem da Escritura em que Cristo afirma “Quem não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” (Lc. XIV, 33)”, a Glosa faz uma distinção preciosa — devidamente aproveitada por Santo Tomás em seu elogio à pobreza: “Renunciar é obra de quem, usando devidamente de suas posses materiais, com o espírito aspira à vida eterna. Abandonar é próprio apenas dos perfeitos, ou seja, de quem aspira à vida eterna despreocupando-se simultaneamente de todas as coisas temporais”[9]. Assim, os que se abandonam à Divina Providência terão especial preferência, por exemplo, em relação aos que com os seus bens socorrem aos pobres[10].


Antes de encerrar este breve texto vale dizer que, nas passagens acima mencionadas desta obra de combate que é o Contra Impugnantes, não se trata de conhecimento especulativo, apenas, mas também prático:Santo Tomás conheceu a pobreza habitual e a atual, pois, sendo de família riquíssima (seu pai era adido do rei), abandonou tudo para seguir o caminho da perfeição cristã, levando à risca o conselho evangélico com o voto de pobreza que põe freio à concupiscência dos olhos. Pobreza material e espiritual a um só tempo, por meio da qual a simplicidade se torna uma preciosa conquista da alma, que dá às costas a luxos desnecessários e frívolos e concentra as energias psíquicas nas coisas verdadeiramente importantes.


É evidente que o conselho evangélico da pobreza é dificílimo de praticar em qualquer época. Mas na atual é quase impossível: a nossa é a era do consumo desenfreado estimulado pela propaganda, que exacerba o afã de possuir bens e de fazer sucesso — num mundo totalmente descristianizado em que os verbos querer e possuir são conjugados como uma espécie de ladainha infernal de caminhantes rumo ao abismo.


Um mundo em que a Igreja se abstém de ensinar as verdades da fé em sua integridade, razão pela qual parece zelosamente preparar o curto reinado do Anticristo.


________________________
1- Tomás de Aquino, I-II, q. 108, art. 4, resp.

2- Tomás de Aquino, Contra Impugnantes, q. 6, nº. 3.

3- Tomás de Aquino, Contra Impugnantes, q. 6, nº. 3.

4- Tomás de Aquino, Contra Impugnantes, q. 6, nº. 3.

5- São João Crisóstomo, Nemo laeditur nisi a seipso, nº 4.

6-Tomás de Aquino, Contra Impugnantes, q. 6, nº. 3

7-Tomás de Aquino, I-II, q. 108, art. 4, resp.

8-Glosa margin.

9- Glosa margin.

10- Nas palavras do Angélico, “ergo patet quod praeferendi sunt qui omnia sua dimittunt, illis qui de fructu possessionum quas retinent pauperibus dividunt”. Tomás de Aquino Contra Impugnantes, q. 6, nº 3

São José.

“São José considera como confiada a Ele próprio a multidão dos cristãos que formam a Igreja”.

Para fazer com que Deus seja mais favorável às nossas orações, e para que – entre tantos intercessores que podem ser invocados – derrame mais pronta e copiosamente auxílio à sua Igreja, cremos muito útil que o povo cristão habitue-se a rogar com devoção e confiança, juntamente com a Virgem Mãe de Deus, também o seu castíssimo esposo São José. E temos bons motivos para crer que isto será particularmente agradável à Virgem Santa.
[...]
Sabemos que a dignidade da Mãe de Deus é altíssima e que não pode haver uma maior. Mas dado que entre a beatíssima Mãe de Deus e São José existe um verdadeiro vínculo matrimonial, é também certo que São José, mais que qualquer outro, se aproximou daquela altíssima dignidade que faz da Mãe de Deus a criatura mais excelsa. De fato, o matrimônio constitui por si mesmo a forma mais nobre de sociedade e de amizade, e traz consigo a comunhão dos bens. Portanto, se Deus deu José como esposo a Maria, deu-o não só como companheiro de sua vida, testemunha de sua virgindade e tutor da sua pureza,mas também como participante – por força do vínculo conjugal – da excelsa dignidade da qual ela foi adornada. Além disso, ele eleva-se entre todos em dignidade também porque, por vontade de Deus, foi guarda e, na opinião de todos, pai do Filho de Deus. Em conseqüência, o Verbo de Deus foi humildemente submisso a José, obedeceu-lhe e prestou-lhe a honra e o respeito que o filho deve ao seu pai.
[...]
Pois bem: a Sagrada Família, que José governou com autoridade de pai, era o berço da Igreja nascente. A Virgem Santíssima, de fato, enquanto Mãe de Jesus, é também mãe de todos os cristãos, por Ela gerados em meio às dores do Redentor no Calvário. E Jesus é, de alguma maneira, como o primogênito dos cristãos, que por adoção e pela redenção lhe são irmãos.

Disto deriva que São José considera como confiada a Ele próprio a multidão dos cristãos que formam a Igreja, ou seja, a inumerável família dispersa pelo mundo, sobre a qual Ele, como esposo de Maria e pai putativo de Jesus, tem uma autoridade semelhante a de um pai. É, portanto, justo e digno de São José, que assim como ele guardou no seu tempo a família de Nazaré, também agora guarde e defenda com seu patrocínio a Igreja de Deus.
[...]
Todos os cristãos, por isso, de quaisquer condições e estado, têm bons motivos para se confiarem e se abandonarem à amorosa proteção de São José.

Nele, os pais de família encontram o mais alto exemplo de paterna vigilância e providência; os cônjuges, o exemplo mais perfeito de amor, concórdia e fidelidade conjugal; os consagrados a Deus, o modelo e protetor da castidade virginal.
Volvendo o olhar à imagem de José, aprendam os nobres a conservar a sua dignidade também na desventura; os ricos descubram quais são os bens que na verdade é necessário buscar e guardarzelosamente. E enfim, os pobres, os operários e todos aqueles que pouco tiveram da sorte, têm um motivo a mais – e todo especial – de recorrer a José e de tomá-lo como exemplo: Ele, embora sendo de descendência régia, desposado com a mais excelsa entre as mulheres, e ter sido considerado como o pai do Filho de Deus, passou todavia sua vida no trabalho, provendo o necessário para si e para os seus, com a fadiga e a habilidade de suas mãos.

Carta Encíclica Quamquam Pluries, do Papa Leão XIII, sobre a necessidade de se recorrer ao Patrocínio de São José, junto ao da Virgem Mãe de Deus, nas dificuldades dos tempos atuais

A Videira.

São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja

A videira mística, cap. 3º, §§ 5-10

«E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.»

«Eu sou a videira verdadeira», diz Jesus (Jo 15,1). […] Cavamos trincheiras ao redor desta vinha, quer dizer, cavamos armadilhas secretas. Ao conspirar para fazer alguém cair numa armadilha, é como se abríssemos um buraco na sua frente. É por isso que ele se lamenta, dizendo: «Cavaram uma cova diante de mim» (Sl 56,7). […] Eis um exemplo dessas armadilhas: «Trouxeram uma mulher apanhada em adultério» ao Senhor Jesus, «dizendo: “Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. E tu, o que dizes?”» (Jo 8,3ss). […] E outro: «É lícito ou não pagar tributo a César?» (Mt 22,17) […]

Mas descobriram que estas ciladas não eram prejudiciais à videira; pelo contrário, cavando tais covas, foram eles próprios que caíram dentro delas (Sl 56,7). […] Então, avançaram: não só lhe prenderam as mãos e pés (Sl 21,17), como lhe perfuraram o lado com uma lança (Jo 19,34), pondo a descoberto o interior desse coração santíssimo, que já tinha sido ferido pela lança do amor. No seu cântico de amor, o Esposo diz: «Feriste-me o coração, irmã, minha esposa» (Cant 4,9 Vulg). Senhor Jesus, o teu coração foi ferido de amor pela tua esposa, tua amiga, tua irmã. Porque era necessário seres ainda ferido pelos teus inimigos? O que fazeis, inimigos? […] Não sabeis que esse coração do Senhor Jesus, já atingido, já está morto, já está aberto, e não pode ser afectado por mais sofrimentos? O coração do Esposo, do Senhor Jesus, já recebeu a ferida do amor, a morte do amor. Que outra morte poderia ocorrer? […] Os mártires também se riem quando são ameaçados, alegram-se quando são atingidos, triunfam quando são mortos. Porquê? Porque já estão mortos de amor em seu coração, «mortos para o pecado» (Rom 6, 2) e para o mundo. […]

O coração de Jesus foi portanto ferido e morto por nós […]; a morte física triunfou por momentos, mas para ser vencida para sempre. Foi destruída quando Cristo ressuscitou dos mortos, porque «a morte já não tem domínio sobre Ele» (Rom 6,9).

quinta-feira, 20 de março de 2014

São José - Bonum Sane.

Carta encíclica ‘Bonum Sane’ de Bento XV sobre São José.

Carta Encíclica de S.S. o Papa Bento XV
(Motu Proprio)

No Cinqüentenário da Proclamação de São José
como Patrono da Igreja Universal

Foi uma coisa boa e salutar ao povo cristão que o nosso antecessor de imortal memória, Pio IX, tenha conferido ao castíssimo esposo da Virgem Maria e guarda do Verbo Encarnado, São José, o título de Patrono Universal da Igreja; e uma vez que este feliz acontecimento completará 50 anos em dezembro próximo, julgamos bastante útil e oportuno que ele seja dignamente celebrado em todo o mundo católico.

Se dermos uma olhada nestes últimos 50 anos, observamos um admirável reflorescimento de piedosas instituições, as quais atestam como o culto ao santíssimo Patriarca veio se desenvolvendo sempre mais entre os fiéis; depois, se considerarmos as hodiernas calamidades que afligem o gênero humano, parece ainda mais evidente a oportunidade de intensificar tal culto e de difundi-lo com maior força em meio ao povo cristão. De fato, após a terrível guerra, na nossa Encíclica “sobre a reconciliação da paz cristã”, indicamos o que faltava para restabelecer em todo lugar a tranqüilidade da ordem, considerando particularmente as relações que decorrem entre os povos e entre os indivíduos no campo civil. Agora se faz necessário considerar uma outra causa de perturbação, muito mais profunda, que se aninha justamente no mais íntimo da sociedade humana: dado que o flagelo da guerra se abateu sobre as pessoas quando elas já estavam profundamente infectadas pelo naturalismo, isto é, por aquelas grande peste do século que, onde se enraíza, diminui o desejo dos bens celestes, apaga a chama da caridade divina e retira do homem a graça salvadora e elevadora de Cristo até que, tolhida dele a luz da fé e deixadas a ele as solitárias e corrompidas forças da natureza, o abandona à mercê das mais insanas paixões. E assim aconteceu que muitíssimos se dedicaram somente à conquista dos bens terrenos, e como já estava aguçada a contenda entre proletários e patrões, este ódio de classes aumentou ainda mais com a duração e atrocidade da guerra, a qual, se de um lado causou às massas um mal-estar econômico insuportável, por outro fez afluir às mãos de pouquíssimos, fortunas fabulosas.

Acrescente-se que a santidade da fé conjugal e o respeito à autoridade paterna foram por muitos, não pouco vulneradas por causa da guerra; seja porque a distância de um dos cônjuges diminuiu no outro o vínculo do dever, seja porque a ausência de um olho vigilante deu oportunidade à leviandade, especialmente feminina, de viver a seu bel-prazer e demasiadamente livre. Por isto, devemos constatar com verdadeira dor que agora os costumes públicos são bem mais depravados e corrompidos que antes, e que portanto a assim chamada “questão social” foi-se agravando a tal ponto de suscitar a ameaça de irreparáveis ruínas. De fato amadureceu nos desejos e nas expectativas de todos os sediciosos a chegada de uma certa república universal, a qual seria fundada sobre a igualdade absoluta entre os homens e sobre a comunhão dos bens, e na qual não haveria mais distinção alguma de nacionalidade, nem teria mais que reconhecer-se a autoridade do pai sobre os filhos, nem dos poderes públicos sobre os cidadãos, nem de Deus sobre os homens reunidos em sociedade civil. Coisas todas que, se por desventura se realizassem, dariam lugar a tremendas convulsões sociais, como aquela que no momento está desolando não pequena parte da Europa. E é justamente para se criar também entre os outros povos uma condição similar de coisas, que nós vemos as plebes serem estimuladas pelo furor audacioso de alguns, e acontecerem aqui e acolá ininterruptas e graves revoltas.

Nós, portanto, mais que todos preocupados com este rumo dos acontecimentos, não deixamos, quando houve ocasião, de recordar aos filhos da Igreja os seus deveres. Agora, pelo mesmo motivo, ou seja, para recordar o dever aos nossos fiéis que estão em toda parte e ganham o pão com o trabalho, e para conservá-los imunes do contágio do socialismo, o inimigo mais implacável dos princípios cristãos, Nós, com grande solicitude, propomos a eles de modo particular São José, para que o sigam como guia e o honrem como celeste Patrono. Ele de fato levou uma vida similar a deles, tanto é verdade que Jesus bendito, enquanto era o Unigênito do Pai Eterno, quis ser chamado “o Filho do carpinteiro”. Mas aquela sua humilde e pobre condição, de quais e quantas virtudes excelsas Ele soube adornar! Ou seja, virtudes que deviam resplandecer no esposo de Maria Imaculada e no pai putativo de Jesus Cristo. Por isso, na escola de São José, aprendam todos a considerar as coisas presentes, que passam, à luz das futuras, que permanecem para sempre; e, consolando as inevitáveis dificuldades da condição humana com a esperança dos bens celestes, a estes aspirem com todas as forças, resignados à vontade divina, sobriamente vivendo segundo os ditames da piedade e da justiça. Ao que diz respeito especialmente aos operários, nos agrada relembrar aqui as palavras que proclamou em circunstância análoga o nosso predecessor de feliz memória Leão XIII, pois elas, ao nosso parecer, não poderiam ser mais oportunas: “Considerando estas coisas, os pobres, e quantos vivem com o fruto do trabalho, devem sentir-se animados por um sentimento superior de eqüidade, pois se a justiça permite-lhes elevar-se da indigência e de conseguir um melhor bem-estar, porém é proibido pela justiça e pela mesma razão de perturbar a ordem que foi constituída pela divina Providência. Aliás, é conselho insensato usar de violência e buscar melhorias através de revoltas e tumultos, os quais, na maioria das vezes, nada mais fazem que agravar ainda mais aquelas dificuldades que se desejam diminuir. Portanto, se os pobres querem agir sabiamente, não confiarão nas vãs promessas dos demagogos, mas sim no exemplo e no patrocínio de São José e na caridade materna da Igreja, a qual dia após dia tem por eles um zelo sempre maior” (Carta Encíclica “Quamquam pluries”).

Com o florescimento da devoção dos fiéis a São José, aumentará ao mesmo tempo, como necessária conseqüência, o culto à Sagrada Família de Nazaré, da qual ele foi o augusto chefe, brotando estas duas devoções uma da outra espontaneamente, dado que por São José nós vamos diretamente a Maria, e por Maria à fonte de toda santidade, Jesus Cristo, o qual consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência para com São José e Maria. Nestes maravilhosos exemplos de virtude, Nós, pois, desejamos que as famílias cristãs se inspirem e completamente se renovem. E assim, dado que a família é o sustentáculo e a base da sociedade humana, fortalecendo a sociedade doméstica com a proteção da santa pureza, da fidelidade e da concórdia, com isso realmente um novo vigor, e diremos ainda, quase um novo sangue, circulará pelas veias da sociedade humana, que assim virá a ser vivificada pelas virtudes restauradoras de Jesus Cristo, e delas seguirá um alegre reflorescimento, não só dos costumes particulares, mas também das instituições públicas e privadas.

Nós, portanto, cheios de confiança no patrocínio Daquele à cuja próvida vigilância Deus agradou-se em confiar a guarda de seu Unigênito encarnado e da Virgem Santíssima, vivamente exortamos todos os Bispos do mundo católico, a fim de que, em tempos tão borrascosos para a Igreja, solicitem aos fiéis que implorem com maior empenho o válido auxílio de São José. E posto que diversos são os modos aprovados por esta Sé Apostólica com os quais se podem venerar o santo Patriarca, especialmente em todas as quartas-feiras do ano e durante todo o mês a ele consagrado, Nós queremos que, a critério de cada bispo, todas estas devoções, porquanto possível, sejam praticadas em todas as dioceses; mas, de modo particular, dado que ele é merecidamente tido como o mais eficaz protetor dos moribundos, tendo expirado com a assistência de Jesus e Maria, deverão cuidar os sagrados Pastores de inculcar e favorecer com todo o prestígio de sua autoridade aquelas piedosas associações que foram instituídas para suplicar a São José pelos moribundos, como aquela “da Boa Morte” e do “Trânsito de São José pelos agonizantes de cada dia”.

Para comemorar, pois, o supracitado Decreto Pontifício, ordenamos e impomos que dentro de um ano, a contar a partir de 8 de dezembro próximo, em todo o mundo católico seja celebrada em honra de São José, Patrono da Igreja Universal, uma solene função, como e quando julgar oportuno cada bispo; e a todos aqueles que a praticarem, Nós concedemos desde agora, nas condições habituais, a Indulgência Plenária.

Dado em Roma, junto de São Pedro, em 25 de julho de 1920, festa de São Tiago Apóstolo, no sexto ano de nosso pontificado.
Bento XV

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