domingo, 6 de setembro de 2015

OS DOIS ERROS FUNDAMENTAIS DO PROTESTANTISMO


I) A falsa tese de que toda a Revelação está na Bíblia;

II) O princípio luterano de que a interpretação da Sagrada Escritura é absolutamente livre.

REFUTAÇÃO DA TESE PROTESTANTE DE QUE A BÍBLIA CONTÉM TODA A REVELAÇÃO

Essa tese é refutada pelo próprio Evangelho.

No final do Evangelho de São João foi dito:

"Muitas outras coisas, porém, há ainda, que fez Jesus, as quais se se escrevessem uma por uma, creio que nem no mundo todo poderiam caber os livros que delas se houvessem de escrever" (Jo XXI, 25).

Então, está na Bíblia que nem tudo o que Deus revelou foi posto na Bíblia! Se o que Cristo fez, e não foi posto na Bíblia, não deve ser acreditado, então não se tem Fé em Cristo, mas só na Bíblia: colocou-se um livro no lugar de Cristo. Transformou-se a Bíblia em ídolo.

E Nosso Senhor Jesus Cristo anunciou que o Espírito Santo completaria a instrução dos Apóstolos:

"Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas vós não as podeis compreender agora. Quando vier, porém, o Espírito de verdade, ele vos guiará no caminho da verdade integral, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir" (Jo. XVI, 12-113).

E o que Cristo ensinou e fez nos foi transmitido pela Tradição Apostólica.

Por isso, duas são as fontes da Revelação: a Sagrada Escritura e a Tradição.

Também os Atos dos Apóstolos nos dizem que Cristo ensinou outras coisas mais que não foram postas nos livros sagrados, mas guardadas pela Tradição:

"Na primeira narração, ó Teófilo, falei de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até o dia em que, tendo dado as suas instruções por meio do Espírito Santo, foi arrebatado ao (céu); aos quais também se manifestou vivo, depois de sua paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes por quarenta dias e falando do reino de Deus". (Atos I, 1-3)

Será que aquilo que Jesus fez e ensinou nesses quarenta dias não tem valor? Falou, ensinou e fez Ele coisas inúteis?

E as Instruções que Ele deu, e o que Ele falou então aos Apóstolos sobre o Reino de Deus - a Igreja - não teriam nenhum valor?

É evidente que essas instruções e ensinamentos têm valor sim, porque provém de Deus, apesar de não terem sido registradas na Sagrada Escritura.

Elas nos foram guardadas pela Tradição.

Será que só vale o que foi escrito?

Ora, em São Paulo foi escrito o contrário:

"Permanecei, pois constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendesses, ou por nossas palavras ou por nossa carta" (II Tess. II, 14).

Veja então como o consenso da Lagoinha de nada vale, porque vai contra a palavra que está escrita na Bíblia, a qual afirma que se devem conservar as tradições,que se deve conservar também o que foi ensinado só por palavra, além do que foi ensinado por escrito.

Portanto, a tese protestante de que se deve crer só no que está na Bíblia é negada pela própria Bíblia.

E há muitas coisas que os Apóstolos praticaram e ensinaram que não foram registradas antes na Bíblia. Assim, por exemplo, a "imposição de mãos".

Dela não se acha menção nos Evangelhos, e, entretanto, os Apóstolos a praticaram. Teriam eles inventado da própria cabeça tal costume? Claro que não! Cristo deve tê-los instruído a fazer a "imposição de mãos" (Atos, VIII, 14-17; e Heb VI, 1-2).

São Tiago - embora os protestantes, seguindo Lutero, recusem essa epístola -- nos fala da unção sobre os enfermos: "Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e [esses] façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da Fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados" (S. Tiago, V, 15). E também essa unção dos enfermos não aparece nos evangelhos.
Ora, nem a imposição de mãos (Sacramento da Confirmação), nem a unção dos enfermos (Sacramento da Extrema Unção) poderiam transmitir a graça, se não tivessem sido instituídos pelo próprio Cristo.

Cristo legou aos Apóstolos um conjunto de verdades reveladas e de sacramentos instituídos por Ele mesmo que formam o "Depósito da Fé" que deveria ser guardado:

"Ó Timóteo, guarda o depósito (da Fé), evitando as novidades profanas de palavras e as contradições de uma ciência de falso nome, professando a qual alguns se desviaram da Fé"(I Tim . VI, 20)

Concluindo: a Bíblia não é a única fonte da Revelação.

*****
REFUTAÇÃO DA SEGUNDA TESE PROTESTANTE: O LIVRE EXAME DAS ESCRITURAS

De que adianta ler, se não se entende o que se lê? Há quem leia a Bíblia como o eunuco da rainha de Candace: lê, mas não entende o que lê.

"A letra mata" (II Cor. III,6).

Foi Lutero quem, revoltando-se contra o Papa, levantou o princípio do livre exame da Bíblia, afirmando que toda pessoa é livre de interpretar a Escritura como lhe parecer.

Daí a multiplicação de seitas protestantes, cada uma dela arvorando-se como verdadeira igreja. O que leva qualquer pastor a se arvorar como infalível intérprete da palavra de Deus.

Um, por exemplo, é batista, e diz acreditar na divindade de Cristo. Os chamados Testemunhas de Jeová, baseados na mesma Escritura, fundados no mesmo princípio de livre interpretação da Bíblia, concluem que Cristo não é Deus. Quem estaria certo?

Qual das mais de mil seitas — há quem diga que já são dez mil — estaria com a verdadeira interpretação da Bíblia? O protestantismo é uma nova Torre de Babel, na qual cada um se proclama infalível.

Note-se a loucura e a contradição dos "evangélicos": eles afirmam que toda interpretação da Bíblia é livre, e por isso, é também válida. Mas, afirmam, ao mesmo tempo, que a interpretação da Igreja Católica é falsa.

A única coisa em que os protestantes estão de acordo entre si, é no ódio à Igreja Católica. "Vêde como eles odeiam, e como se odeiam", poderia ser dito a respeito deles.

O livre-exame protestante fez da Bíblia um livro-"chicletes", que cada um puxa e estica para onde quer. E não podia ser diferente. Na realidade, cada protestante é, ele sozinho, uma seita, visto que ele crê que é o único intérprete infalível da Bíblia. Negando a autoridade e a infalibilidade de Pedro, o protestantismo, pela afirmação do livre exame, proclama que todo leitor da Bíblia é Papa, e Papa infalível.

A Sagrada Escritura utiliza palavras. Ora, as palavras podem ter vários sentidos.

Manga, por exemplo, significa uma fruta, mas também uma parte do vestuário. Vela significa uma lona para impulsionar um barco, e também um objeto para iluminar.

Essas são palavras equívocas, pois têm vários sentidos, sem relação entre si.

Outras palavras possuem um só sentido. Por exemplo, óculos. Essas são chamadas palavras unívocas.

Há ainda um terceiro tipo de palavras, chamadas análogas. Essas têm vários sentidos com relação entre si. Exemplo, a palavra irmão, a palavra pé, etc.

Pé de mesa é diferente do pé humano, mas é ‘pé’. O pé de um animal é pé também. Mas pé, propriamente, é só o pé humano. Pé de mesa, pé de cavalo, são "pés" por analogia, por semelhança.

Assim, "irmãos", em sentido próprio, são aqueles que foram gerados pelos mesmos pais. Entretanto, o infeliz pastor, quando prega, berra para seus ouvintes: "Irmãos"! , ele não quer dizer que todos os que o estão — “hélas!” — escutando, tenham sido todos gerados pelo mesmo pai, fisicamente falando. Apenas quer dizer que todos se pretendem filhos de Abraão. Na verdade, porém, são irmãos dos fariseus, que liam a Bíblia e mataram a Cristo...

Ora, se a Bíblia —assim como todo livro — faz uso de palavras unívocas, equívocas e análogas, é claro que a interpretação do que está escrito pode variar muito.

Entretanto, Deus é um só, e quis nos comunicar também pela Bíblia, uma só Fé. Há um só Deus, uma só Fé, um só batismo, e, portanto, tem que haver uma só Igreja verdadeira.

Mas como manter a unidade da Fé, se cada um interpretará a Bíblia a seu modo, livremente, como disse Lutero?

Com o livre-exame é impossível a unidade da Fé.

Só a verdade é una, como só Deus é uno.

O erro é múltiplo. E o protestantismo é múltiplo. Logo, os protestantes estão errados.

Se Deus na Bíblia usou palavras unívocas, análogas e equívocas, Ele sabia que isso poderia produzir interpretações variadas e, portanto, erradas.

Além desse problema dos vários tipos de palavras, há ainda o dos quatro sentidos fundamentais da Sagrada Escritura: o literal, o doutrinário, o moral e o místico.

Tudo isso torna a Escritura de difícil interpretação. Para evitar desvios doutrinários, é que Deus haveria deprovidenciar uma solução.

Como Deus não nos pode induzir em erro, Ele deve ter providenciado um meio para evitar que o que Ele nos revelou fosse interpretado livremente e erradamente.

Deve haver uma chave para interpretar corretamente a Bíblia.

Ora, pelo Evangelho se conhece que Cristo deu as chaves do reino do Céu (isso é, da Igreja) a Simão Bar Jonas:

"Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas Deus que está nos céus. E Eu te digo que
TU ÉS PEDRO, E SOBRE ESSA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA,
E AS PORTAS DOS INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA ELA.
EU TE DAREI AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS;
TUDO O QUE LIGARES SOBRE A TERRA, SERÁ LIGADO TAMBÉM NOS CÉUS;
E TODO O QUE DESATARES SOBRE A TERRA, SERÁ DESATADO TAMBÉM NOS CÉUS"
(Mt XVI, 17-19)

Somente havendo um intérprete da Sagrada Escritura, estabelecido pelo próprio Cristo, seria possível haver uma só interpretação da Escritura, uma só Fé e uma só Igreja.

Eis o ponto: que o Papa — sucessor de São Pedro —é infalível em matéria de Fé e de Moral, quando ensina para toda a Igreja, com os poderes dados por Cristo a Pedro, está estabelecido pela promessa de Jesus: “Tudo o que ligares na Terra, será ligado também nos céus, tudo o que desatares sobre a terra, será também desatado nos céus".

Sem o Papa, a leitura da Bíblia vira Babel. Cada um tiraria uma interpretação pessoal da Bíblia, ao passo que a própria Bíblia nos previne, com

São Pedro, ao dizer-nos:

"Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular" (II Epís. de São Pedro, I, 20).

Ora, os protestantes dizem que respeitam a Bíblia. Como, então, fazem o contrário do que ela manda?

O próprio Jesus Cristo prometeu a Pedro que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" [a Igreja] (Mt. XVI, 18).

Mais ainda: "Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo" (Mt. XXVIII, 20)

Se Cristo prometeu que as portas do inferno — isto é, as heresias, os erros contra a Moral, e a falsa mística —, jamais prevaleceriam contra a Igreja; Cristo prometeu que estaria com a Igreja "todos os dias, até o fim do mundo", e que "as portas do inferno não prevaleceriam contra Ela".

A título de exemplo, eis em que termos certa vez se manifestou um herege confesso:

"É interessante observarmos que durante os quatro primeiros séculos do cristianismo, não havia nenhum culto, absolutamente nada, que se referisse a Maria. Jesus era absoluto até o quarto século, quando Constantino (me corrija caso tenha me enganado), cristianizou o império romano. Através de um decreto, da noite para o dia, o imperado Constantino obrigou todo o império romano a se tornar cristão. No início do Cristianismo, as pessoas precisavam da fé para se tornarem cristãs".

Cuidemos, primeiro, do erro histórico.

O Imperador Constantino não obrigou ninguém a se tornar cristão. Não houve nenhum decreto acerca disso. Constantino somente determinou o fim das perseguições aos cristãos. Ele mesmo só se fez batizar apenas na hora da morte, e por um Bispo semi-ariano, Eusébio de Nicomédia.

Quem tornou o Cristianismo religião oficial do Império foi Teodósio, no final do século IV. Mas também isso não significava que todos fossemm obrigados a se tornar cristãos. O Estado é que passou a ser oficialmente cristão. Cultos aos ídolos continuaram a existir na Grécia até o século VI.

Da mesma fonte, outra imensa tolice histórica:

"O ídolo romano chamado de SÃO PEDRO, era a imagem de JÚPITER CAPITULINO (Sic !). Isso é SINCRETISMO RELIGIOSO...” .

O nome do deus romano não era CAPITULINO. Era chamado Júpiter Capitolino, porque seu templo estava situado na colina do Capitólio.

Essa identificação de São Pedro, Apóstolo de Cristo, com Júpiter é uma tolice, porque há séculos os romanos adoravam Júpiter no Capitólio. E São Pedro combateu o culto aos ídolos. Nunca houve, depois, essa identificação sincrética

O mesmo ignaro herege saiu-se com esse disparate, em termos doutrinários:

"No início do Cristianismo, as pessoas precisavam da fé para se tornarem cristãs".

Só no início do cristianismo era preciso ter Fé verdadeira para ser cristão? Hoje também isso é necessário. O primeiro requisito para ser cristão é ter Fé. Sem ter Fé em tudo o que Cristo nos ensinou — por exemplo, que a Igreja de Cristo foi fundada sobre Pedro —, ninguém pode ser cristão.

Segundo esse malfadado herege, para ser cristão seria preciso ter uma "experiência com Cristo", "nascer de novo ", "ENTRONIZAR Jesus no coração".

Ora, segundo a acusação estapafúrdia que formula, com a suposta imposição da fé cristã, as pessoas teriam passado a ser cristãs por decreto, ou seja, sem terem tido uma “experiência profunda” com o Senhor.

Na verdade, esse linguajar confunde Fé com "experiência", acrescentando à histórica heresia protestante outra mais recente, a heresia modernista.
E que significa ter uma "experiência com Cristo"?

Por acaso esse Cristo experimental e ecumênico, que concederia a qualquer estouvado de uma seita suburbana o favor de sentir essa estrambótica “experiência”, também daria um diploma de garantia de que a alegada "experiência" se teria dado mesmo com Cristo, e não com o demônio?
“Experiência" mística tão fluida quanto uma promessa do demônio!

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