quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Anjos e os Arcanjos.


29 de Setembro
São Miguel, São Gabriel e São Rafael Arcanjos

Neste dia, a Igreja celebra os três gloriosos Arcanjos citados nominalmente nas Sagradas Escrituras: - São Miguel, o Príncipe da Milícia Celeste, aquele que no prélio magno ocorrido no Céu, derrotou o revoltoso satanás e seus sequazes, precipitando-os no Inferno; - São Gabriel, o Embaixador de Deus, que levou à Santíssima Virgem o convite para ser Mãe doMessias; - e São Rafael, um dos sete Anjos que assistem ante o trono divino, que curou a vista do velho Tobias e foi guia e protetor do jovem de mesmo nome.

O Papel dos Anjos no Universo Criado

Plinio Maria Solimeo

Dotados de natureza mais perfeita que a humana, esses puros espíritos foram criados para dar glória a Deus, reger o mundo material e serem potentes auxiliares dos homens, com vistas à sua salvação eterna.

Num êxtase, Santa Maria Madalena de Pazzi viu uma religiosa de sua Ordem (carmelita) ser tirada do Purgatório e levada ao Céu por seu Anjo da Guarda.

E Santa Francisca Romana viu seu Anjo da Guarda conduzir ao Purgatório, para ser purificada, uma alma a ele confiada. O espírito celeste permaneceu fora daquele local de purgação, para apresentar ao Senhor os sufrágios oferecidos por aquela alma. E, ao serem estes aceitos por Deus, essa alma era aliviada em suas penas (1).

Logo ao nascer, o homem recebe de Deus um desses angélicos guardiões, que o acompanhará durante a vida, protegendo-o e comunicando-lhe boas inspirações. Se a pessoa tiver vivido segundo a Lei de Deus, a ponto de se santificar e ir diretamente para o Céu, o Anjo da Guarda a conduzirá a esse lugar bendito. Se, de outro lado, o que é mais provável, ela precisar purificar-se no fogo do Purgatório, o Anjo conduzi-la-á depois ao Paraíso Celeste. Ou, caso contrário, se tiver rejeitado suas inspirações e bons impulsos, condenando-se para todo o sempre, abandoná-la-á às portas do Inferno.

Em nossos dias, a par do materialismo e do ateísmo reinantes em tantas almas e em incontáveis ambientes, nota-se uma salutar reação – cada vez mais intensa e generalizada – a essas chagas da civilização contemporânea.

O sentimento religioso, a crença em Deus e no destino eterno ganham sempre mais terreno, especialmente no seio da juventude atual. Um sintoma desse renascer dos valores espirituais é precisamente o interesse pelos Anjos, o aumento da devoção aos puros espíritos, bem como dos pedidos invocando sua intercessão. Embora tal revivescência, infelizmente, se manifeste em alguns casos mesclada a superstições e até manifestações de ocultismo.

Para atender a esse sadio movimento de alma, propusemo-nos hoje apresentar a nossos leitores a atualíssima e atraente temática dos Anjos.

* * *

O Anjo só passa a custodiar o novo ser depois que este sai das entranhas maternas. Isso porque, desde o momento da concepção até o do nascimento do novo ser, o Anjo da Guarda da mãe cuida também da nova criatura, assim como quem guarda uma árvore carregada de frutos, juntamente com a árvore custodia também os frutos (2).

Temos necessidade da celeste proteção angélica. Nossa alma imortal está destinada a ser, de futuro, companheira dos Anjos e ocupar a seu lado, no Céu, um dos tronos deixados vazios pela queda daqueles puros espíritos que se rebelaram contra Deus, transformando-se em demônios. Tal necessidade sobretudo provém da própria humana fraqueza para atingir esse objetivo.

Que empenho não terá o demônio para que um recém-nascido não receba as águas regeneradoras do Batismo? Muitas vezes também procura causar-nos males físicos.

"A função principal do Anjo da Guarda é iluminar-nos em relação à verdade e à boa doutrina. Mas sua proteção acarreta também muitos outros efeitos, tais como reprimir os demônios e impedir que nos sejam causados danos espirituais ou corporais". Eles "rezam por nós e oferecem nossas preces a Deus, tornando-as mais eficazes pela sua intercessão (Apoc. 8, 3; Tob. 12, 12), sugerem-nos bons pensamentos, incitando-nos a fazer o bem (At. 8, 26; 10, 3ss). Do mesmo modo, quando nos infligem penas medicinais para nos corrigir (2 Sam. 24, 16): e ¾ mais importante que tudo ¾ quando nos assistem na hora da morte, fortalecendo-nos contra os supremos assaltos do demônio" (3).

Algumas almas muito eleitas, que conservaram intacta sua inocência e candura batismal ao longo da vida, por especial privilégio de Deus tiveram a dita de ver seu Anjo da Guarda. Assim sucedeu com São Geraldo Magela, Santa Francisca Romana, Santa Gema Galgani e outros Santos. Vejamos dois exemplos:

· Santa Francisca Romana: dama romana da mais ilustre estirpe, queria fazer-se religiosa mas foi obrigada pelos pais a casar-se, tendo procurado santificar-se no estado de matrimônio. Desse casamento nasceram vários filhos. Um deles, João Evangelista, de extrema piedade, dotado do dom da profecia, faleceu angelicamente aos nove anos.

Um ano após sua morte, apareceu ele a Francisca, resplandecente de luz, acompanhado por um jovem ainda mais brilhante. Fez conhecer à mãe a glória de que gozava no Céu; e comunicou-lhe que vinha buscar sua irmãzinha Inês, de cinco anos, para colocá-la entre os Anjos. E que, por ordem de Deus, deixaria aquele Anjo para -- juntamente com seu Anjo da Guarda -- assisti-la no que lhe restava de vida terrena. Era um Anjo de categoria superior, um Arcanjo.

A partir de então, Santa Francisca via constantemente esse Arcanjo que, segundo ela, brilhava mais que o sol, de maneira que não conseguia fitá-lo. Se Francisca deixava escapar alguma palavra menos necessária, ou caso se preocupasse um pouco demais com os problemas domésticos, o Anjo desaparecia, ficando oculto até que ela se recolhesse de novo. Ele, com suas luzes, a auxiliava muitas vezes, defendendo-a contra os ataques do demônio, que constantemente a assaltava (4).

· Santa Mariana de Jesus: cognominada a Açucena de Quito, após o falecimento do pai, sendo ainda um bebê, a mãe retirava-se para uma casa de campo levando-a ao colo, no lombo de uma mula. Na passagem de um riacho de águas muito céleres, a mula tropeçou e a criança caiu dos braços maternos... No entanto, a menina predestinada ficou sustentada no ar por seu Anjo da Guarda, até que a pressurosa genitora a recolhesse (5).

Valiosos conselheiros celestes

Os Anjos da Guarda são nossos conselheiros, inspirando-nos santos desejos e bons propósitos. Evidentemente, fazem-no no interior de nossas almas, se bem que, como vimos, tenha havido almas santas que mereceram deles receber visivelmente celestiais conselhos.

Quando Santa Joana D’Arc, ainda menina, guardava seu rebanho, ouviu uma voz que a chamava: "Jeanne! Jeanne!" Quem poderia ser, naquele lugar tão ermo? Ela viu-se então envolvida numa luz brilhantíssima, no meio da qual estava um Anjo de traços nobres e aprazíveis, rodeado de outros seres angélicos que olhavam a menina com comprazimento. "Jeanne", lhe disse o Anjo, "sê boa e piedosa, ama a Deus e visita amiúde seus santuários". E desapareceu. Joana, inflamada de amor de Deus, fez então o voto de virgindade perpétua. O Anjo apareceu-lhe outras vezes para aconselhá-la, e quando a deixava, ela ficava tão triste que chorava (6).

O desvelo do nosso Anjo da Guarda para conosco está bem expresso pelo Profeta Davi no Salmo 90: "O mal não virá sobre ti, e o flagelo não se aproximará da tua tenda. Porque mandou [Deus] os seus Anjos em teu favor, que te guardem em todos os teus caminhos. Eles levar-te-ão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra" (Sl. 90, 10-12).

Inúmeros são os exemplos do poderoso auxílio dos Anjos na vida dos Santos. Santa Hildegonde, alemã (+ 1186), tendo ido em peregrinação a Jerusalém com o pai e falecendo este a caminho, foi freqüentemente socorrida por seu Anjo. Certo dia, quando viajava a caminho de Roma, foi assaltada e abandonada como morta. Pôde enfim levantar-se, e viu surgir seu Anjo num cavalo branco. Este ajudou cuidadosamente sua protegida a montar, e a conduziu até Verona. Lá, dela se despediu dizendo: "Eu serei teu defensor onde quer que vás" (7).

Santa Hildegonde poderia aplicar a si o seguinte comentário de São Bernardo ao Salmo acima citado: "Quão grande reverência, devoção e confiança devem causar em teu peito as palavras do real profeta! A reverência pela presença dos Anjos, a devoção por sua benevolência, e a confiança pela guarda que têm de ti. Veja que vivas com recato onde estão presentes os Anjos, porque Deus os mandou para que te acompanhem e assistam em todos teus caminhos; em qualquer pousada e em qualquer rincão, tem reverência e respeito ao teu anjo, e não cometas diante dele o que não ousarias fazer estando eu em tua presença" (8).

São Boaventura afirma: "O santo anjo é um fiel paraninfo conhecedor do amor recíproco existente entre Deus e a alma, e não tem inveja, porque não busca sua glória, senão a de seu Senhor". Acrescenta que a coisa mais importante e principal "é a obediência que devemos ter a nossos santos Anjos, ouvindo suas vozes interiores e saudáveis conselhos, como de tutores, curadores, mestres, guias, defensores e medianeiros nossos, assim em fugir da culpa do pecado, como no abraçar a virtude e crescer em toda perfeição e no amor santo do Senhor" (9).

Intrépidos guerreiros do Exército do Senhor

Em várias partes dos Livros Sagrados os Anjos são mencionados como sendo a Milícia Celeste. Assim, narra o Profeta Isaías ter visto que "Os Serafins ... clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos". (Is. 6, 2-3). E, no Apocalipse, chefiados pelo Arcanjo São Miguel, travaram no Céu uma grande batalha derrotando Satanás e seus anjos rebeldes (Ap. 12, 7).

Em outras passagens aparecem eles exercendo mesmo funções bélicas. Lemos, por exemplo, no II Livro das Crônicas que, tendo Senaqueribe invadido a Judéia, mandou uma delegação a Jerusalém dissuadir seus habitantes da fidelidade ao seu rei Ezequias, blasfemando contra o Deus verdadeiro. O Rei de Judá e o Profeta Isaías puseram-se em oração implorando a proteção divina contra as tropas inimigas. "E o Senhor enviou um anjo que exterminou todo o exército do rei da Assíria no próprio acampamento, com os chefes e os generais, e o rei voltou para sua terra inteiramente confuso" (II Cron. 32, 1 a 21).

Guerreiros angélicos -- tanto no Antigo quanto no Novo Testamento -- às vezes juntam-se também aos homens contra os inimigos do Senhor. Assim, por exemplo, ajudaram Judas Macabeu numa batalha decisiva. Outras vezes auxiliaram os soldados da Cruz contra os muçulmanos, como vem narrado nas crônicas das Cruzadas.

Na Sagrada Escritura, o próprio autor dos Atos dos Apóstolos afirma: "O Senhor Deus dos exércitos freqüentemente envia também seus guerreiros para livrar seus amigos das mãos dos ímpios" (Atos 5, 18-20; 12, 1-11).

Protetores dos homens, mensageiros de Deus

No Livro de Daniel (10, 13-21), o Arcanjo São Miguel defendeu os interesses dos israelitas contra o Anjo protetor da Pérsia. No Apocalipse, São João refere-se à vitória desse Arcanjo contra o demônio e seus asseclas. Mais recentemente, lemos na autobiografia de Santo Antonio Maria Claret, que certo dia, estando ele só no coro do Mosteiro do Escorial, viu Satanás que o fitava com grande raiva e despeito, por ter frustrado algum de seus planos com relação aos estudantes. Ouviu então a voz do Arcanjo São Miguel que lhe disse: "Antonio, não temas. Eu te defenderei".

São Gabriel foi o grande mensageiro e embaixador de Deus não só na Anunciação a Nossa Senhora, mas, segundo o parecer de muitos teólogos, também junto a São Zacarias, para anunciar-lhe o nascimento de João Batista. E junto a São José, a quem apareceu três vezes em sonhos: para anunciar a concepção divina de Maria, recomendar a fuga para o Egito e o retorno daquele país, após a morte de Herodes.

A missão de São Rafael junto ao jovem Tobias é detalhadamente descrita na Bíblia. Já em tempos bem posteriores, assinalam-se também muitas de suas intervenções, como a salvação eterna do tesoureiro de um rei da Polônia, pelo fato de o protegido ter-lhe grande devoção; e o ter livrado das mãos de assaltantes um burguês de Orleans que a ele se recomendara, numa peregrinação a Santiago de Compostela (10).

Narra-se na vida da Beata Madre Humildade de Florença (+1310) que, tendo sido eleita Abadessa de seu mosteiro, além de seu Anjo da Guarda, recebeu mais um para ajudá-la no governo da comunidade. Ela compôs para suas religiosas uma singela oração, pedindo a guarda dos sentidos, prece em que se nota muito a influência do espírito de Cavalaria da época:

"Bons Anjos, meus possantes protetores: guardai todas minhas vias e vigiai cuidadosamente à porta de meu coração, de medo que eu não seja surpreendida por meus inimigos. Brandi diante de mim vosso gládio protetor! Guardai também a porta de minha boca para que nenhuma palavra inútil escape de meus lábios! Que minha língua seja como uma espada, quando for o caso de combater os vícios ou de ensinar a virtude! Fechai meus olhos com um duplo selo quando eles quiserem ver com complacência outra coisa que Jesus. Mas tende-os abertos e despertos quando for para rezar e cantar os louvores do Senhor. Vigiai também a porta de meus ouvidos, a fim de que eles repilam sempre com desgosto tudo o que vem da vaidade ou do espírito do mal. Colocai entraves a meus pés quando eles quiserem ir pecar. Mas acelerai meus passos quando se tratar de trabalhar para a gloria de Deus ou da santa Virgem Maria, ou a salvação das almas! Fazei que minhas mãos sejam sempre, como as vossas, prontas a executar as ordens de Deus. Abafai em mim o olfato do corpo, a fim de que minha alma não aspire mais que o suave perfume das flores celestes. Em uma palavra, guardai todos meus sentidos, de maneira que minha alma se deleite constantemente em Deus e com as coisas celestes. Meus Anjos bem-amados: fui colocada sob vossa guarda pelo doce Jesus; eu vos suplico que me guardeis sempre com cuidado, pelo amor dEle. Ó meus Anjos bem-amados, eu vos peço de me conduzir um dia à presença da Rainha do Céu, e de suplicar-lhe que eu seja colocada nos braços do divino Menino Jesus, seu Filho bem-amado!" (11).

Qual a natureza desses puros espíritos?

Os Anjos são seres puramente espirituais, dotados de inteligência, vontade e livre arbítrio, elevados por Deus à ordem sobrenatural, isto é, chamados pela graça a participar na vida de Deus através da visão beatífica. Muitíssimo mais perfeitos que os homens, sua inteligência é inerrante e sua vontade imensamente poderosa. Como não têm dependência nenhuma da matéria, seu conhecimento é consideravelmente mais perfeito que o do homem; para eles, ver é já conhecer. E conhecer significa compreender a coisa em toda a profundidade de que são capazes, em sua substância, e sem possibilidade de erro.

Por isso, a prova, para eles, teve conseqüência imediata e irremediável. Pois seu querer é absoluto, sem volta atrás. Aquilo que querem, desejam-no para todo o sempre. Daí o fato de, após a prova, terem passado imediatamente à eternidade do Inferno (os demônios), como à do Céu (os anjos bons).

Deus criou os Anjos para conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e proclamar suas grandezas, executar suas ordens, governar este universo e cuidar da conservação das espécies e dos indivíduos que ele contém.

"Como príncipes e governadores da grande Cidade do Bem, a que se refere todo o sistema da criação, os anjos presidem, na ordem material, ao movimento dos astros, à conservação dos elementos, e à realização de todos os fenômenos naturais que nos enchem de alegria ou de terror. Entre eles está compartilhada a administração deste vasto império. Uns cuidam dos corpos celestes, outros da terra e seus elementos, outros de suas produções, árvores, plantas, flores e frutos. A estes, está confiado o governo dos ventos e mares, dos rios e fontes; àqueles, a conservação dos animais. Não há uma criatura visível, nem grande nem pequena, que não tenha uma potência angélica encarregada de velar por ela" (12).

Algumas vezes os Anjos, quando são enviados por Deus aos homens para alguma missão, utilizam a forma humana, a fim de acomodar-se à nossa natureza. Entretanto, nesses corpos etéreos e ligeiros com os quais em geral aparecem, não estão como a alma humana está no corpo, dando-lhe vida e tornando-o capaz de operações vegetais e animais. Pelo contrário, ali estão como um operário está em sua máquina, da qual se serve para executar as obras de sua arte. Fora do horário de trabalho, não têm com elas nenhuma ligação.

"Segundo os mais doutos intérpretes, as aparições acidentais dos anjos no mundo não são mais que o prelúdio de sua aparição habitual no Céu. Assim, é provável que no Céu os anjos assumirão magníficos corpos aéreos para regozijar a vista dos eleitos e conversar com eles face a face" (13).

A maravilhosa classificação dos coros angélicos

A distinção dos Anjos em nove coros, agrupados em três hierarquias diferentes, embora não conste explicitamente da Revelação, é de crença geral. Essa distinção é feita em relação a Deus, à condução geral do mundo, ou à condução particular dos Estados, das companhias e das pessoas. (Ver quadro ao lado).

Os três coros da primeira hierarquia, vêem e glorificam a Deus, como diz a Escritura: "Vi o Senhor sentado sobre um alto e elevado trono .... Os Serafins estavam por cima do trono ... E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos" (Is. 6, 1-3). "O Senhor reina .... está sentado sobre querubins" (Sl. 98, 1).

Os três Coros inferiores aos acima enunciados estão relacionados com a conduta geral do universo.

E os três últimos Coros dizem respeito à conduta particular dos Estados, das companhias e das pessoas. (14).

Conclusão: devoção e fidelidade aos Anjos

Evidentemente, todas essas maravilhas do mundo angélico deveriam levar-nos a um profundo amor, reverência e gratidão especialmente para com nosso Anjo da Guarda, evitando tudo aquilo que possa contristá-lo, como são nossos pecados. "Como te atreverias a fazer na presença dos Anjos aquilo que não farias estando eu diante de ti?", interpela-nos o grande São Bernardo.

E deveríamos fazer tudo o que sabemos poder alegrar o Anjo da Guarda, pois só assim estaremos trabalhando efetivamente para nossa própria santificação e salvação.

A reverência a seu Anjo da Guarda levava Santo Estanislao Kostka, que o via constantemente, a este requinte de delicadeza: quando ambos deviam entrar por uma porta, ele pedia ao Anjo para passar antes. E como este, às vezes, se recusasse, insistia com ele até que cedesse (15).

Oxalá tantos e tão belos exemplos nos sirvam para reverenciar e acrescer nossa devoção a esses bem-aventurados espíritos angélicos que Deus, em sua misericórdia, concedeu-nos como guardiões, conselheiros, protetores e mensageiros – especialmente valiosos no mundo neopagão em que vivemos –, com vistas à obtenção da vida celeste!

Os 9 Coros Angélicos, agrupados em três hierarquias
· Serafins — do grego "séraph", abrasar, queimar, consumir. Assistem ante o trono de Deus* e é seu privilégio estar unidos a Deus de maneira mais íntima, nos ardores da caridade.

· Querubins — do hebreu "chérub", que São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam como "plenitude de sabedoria e ciência". Assistem também ante o trono de Deus, e é seu privilégio ver a verdade de um modo superior a todos os outros anjos que estão abaixo deles.

· Tronos — algumas vezes são chamados "Sedes Dei", (Sedes de Deus). Também assistem ante o trono de Deus, e é sua missão assistir os anjos inferiores na proporção necessária.

· Dominações – São assim chamados porque dominam sobre todas as ordens angélicas encarregadas de executar a vontade de Deus. Distribuem aos Anjos inferiores suas funções e seus ministérios.

· Potestades — Ou "condutores da ordem sagrada", executam as grandes ações que tocam no governo universal do mundo e da Igreja, operando para isso prodígios e milagres extraordinários.

· Virtudes — cujo nome significa "força", são encarregados de tirar os obstáculos que se opõem ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da divina Providência.

· Principados — Como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, às províncias, e às dioceses; são assim denominados pelo fato de sua ação ser mais extensa e universal.

· Arcanjos — são enviados por Deus em missões de maior importância junto aos homens.

· Anjos — os que têm a guarda de cada homem em particular, para o desviar do mal e o encaminhar ao bem, defendê-lo contra seus inimigos visíveis e invisíveis, e conduzi-lo ao caminho da salvação. Velam por sua vida espiritual e corporal e, a cada instante, comunicam-lhe as luzes, forças e graças que necessitam (14).

(*) "‘Assistir’ ante o trono de Deus tem dois significados: um é quando recebem Suas ordens; quando Lhe oferecem as orações, esmolas, boas obras e votos dos mortais; quando defendem contra os demônios as causas dos homens no Tribunal Supremo; quando fixam seu olhar nos raios da face divina para perceber as delicias inefáveis que constituem sua felicidade.

"Neste último sentido, todos os anjos, sem excetuar nenhum, são ‘assistentes diante de Deus’, porque todos gozam, sem interrupção, da Visão Beatífica, mesmo enquanto se ocupam do desempenho de alguma missão no governo do mundo. Mas, em outro sentido estrito, a expressão ‘assistir diante do trono de Deus’ designa os Anjos da primeira hierarquia, e que não podem ser empregados em ministérios exteriores" (cfr. Corn. A Lapide, in Tob. XII, 15; apud Mons. Gaume, Tratado del Espíritu Santo, Granada, Imp. Y Lib. Española de D. José Lopez Guevara, 1877, p. 137 ).

Oração a nosso Anjo da Guarda

Santo Anjo do Senhor;
meu zeloso guardador,
já que a ti me confiou
a piedade divina,
sempre me rege,
guarda, governa e ilumina.
Amém

Exorcismo breve do Papa Leão XIII (1884)

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nossa proteção contra a maldade e as ciladas do demônio.

Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos;

e vós, Príncipe da milícia celeste, pela força divina, precipitai no Inferno satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas.

Amém

Notas
1 - Cfr. Deharde, apud Pe. Ramón J. de Muñana, Verdad y Vida, Editorial El Mensajero del Corazón de Jesús, Bilbao, 1947, tomo I, p. 233.
2 - Cfr. Dr. Eduardo María Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compañía - Editores, 5a edição, tomo I, p. 497.
3 - Plinio Maria Solimeo, Os Santos Anjos, Nossos Celestes Protetores, Coleção Catolicismo nº 2, 1997, pp. 63, 64.
4 - Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d’après le Père Giry, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo III, p. 311.
5 - Cfr. Id., ib., tomo VI, p. 230.
6 - Cfr. Debout, Vie de Saint Jeanne D’Arc, apud Pe. Muñana, op. cit., p. 230.
7 - Cfr. Les Petits Bollandistes, t. IV, p. 529; Deharbe, apud Pe. Muñana, op. cit. p. 232.
8 - Cfr. Eduardo Vilarrasa, op. cit., p. 499. http://www.blogger.com/img/blank.gif
9 - Pedro de Ribadaneira, Flos Sanctorum, apud Eduardo Vilarrasa, op. cit., p. 499.
10 - Cfr. Les Petits Bollandistes, op. cit., t. XI, pp. 501-502.
11 - Id. Ib., tomo VI, pp. 109, 110.
12 - Mons. Gaume, Tratado del Espíritu Santo, tradução espanhola de D. Joaquin Torres Asensio, Imp. Y Lib. Española de D. José Lopez de Guevara, Granada, 1877, t. 1, p. 116.
13 - Id. Ib. p. 116.
14 - Cfr. Les Petits Bollandistes, op. cit., t. XI, 501-502.
15 - Cfr. V. Agustí, Vida de San Estanislao de Kostka, p. 308, apud, Pe. Muñana, op. cit., p. 230.

Méritos: http://www.lepanto.com.br/dados/EstAnjos.html

POR QUE SOU CATÓLICO.


Por que sou católico

G. K. Chesterton

Capítulo Why I am a Catholic, disponível na obra Twelve Modern Apostles and Their Creeds (1926)

Traduzido por Antonio Emilio Angueth de Araujo


A dificuldade em explicar “Por que eu sou Católico” é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o catolicismo é verdadeiro. Eu poderia preencher todo o meu espaço com sentenças separadas, todas começando com as palavras, “É a única coisa que ...” Como, por exemplo, (1) É a única coisa que previne um pecado de se tornar um segredo. (2) É a única coisa em que o superior não pode ser superior; no sentido da arrogância e do desdém. (3) É a única coisa que liberta o homem da escravidão degradante de ser sempre criança. (4) É a única coisa que fala como se fosse a verdade; como se fosse um mensageiro real se recusando a alterar a verdadeira mensagem. (5) É o único tipo de cristianismo que realmente contém todo tipo de homem; mesmo o respeitável. (6) É a única grande tentativa de mudar o mundo desde dentro; usando a vontade e não as leis; etc.

Ou posso tratar o assunto de forma pessoal e descrever minha própria conversão; acontece que tenho uma forte impressão de que esse método faz a coisa parecer muito menor do que realmente é. Homens muito melhores, em muito maior número, se converteram a religiões muito piores. Preferiria tentar dizer, aqui, coisas a respeito da Igreja Católica que não se podem dizer mesmo sobre suas mais respeitáveis rivais. Em resumo, diria apenas que a Igreja Católica é católica. Preferiria tentar sugerir que ela não é somente maior que eu, mas maior que qualquer coisa no mundo; que ela é realmente maior que o mundo. Mas, como neste pequeno espaço, disponho apenas de uma pequena seção, abordarei sua função como guardiã da verdade.

Outro dia, um conhecido escritor, muito bem informado em outros assuntos, disse que a Igreja Católica é uma eterna inimiga das novas idéias. Provavelmente não ocorreu a ele que sua própria observação não é exatamente uma nova idéia. É uma daquelas noções que os católicos têm de refutar continuamente, porque é uma idéia muito antiga. Na realidade, aqueles que reclamam que o catolicismo não diz nada novo, raramente pensam que seja necessário dizer alguma coisa nova sobre o catolicismo. De fato, o estudo real da História mostrará que isso é curiosamente contrário aos fatos. Na medida em que as idéias são realmente idéias, e na medida em que tais idéias são novas, os católicos têm sofrido continuamente por apoiarem-nas quando elas são realmente novas; quando elas eram muito novas para encontrar alguém que as apoiasse. O católico foi não só o pioneiro na área, mas o único; e até hoje não houve ninguém que compreendesse o que se tinha descoberto lá.

Assim, por exemplo, quase duzentos anos antes da Declaração de Independência e da Revolução Francesa, numa era devotada ao orgulho e ao louvor aos príncipes, o Cardeal Bellarmine e Suarez, o Espanhol, formularam lucidamente toda a teoria da democracia real. Mas naquela era do Direito Divino, eles somente produziram a impressão de serem jesuítas sofisticados e sanguinários, se insinuando com adagas para assassinarem os reis. Então, novamente, os casuístas das escolas católicas disseram tudo o que pode ser dito e que constam de nossas peças e romances atuais, duzentos anos antes de eles serem escritos. Eles disseram que há sim problemas de conduta moral, mas eles tiveram a infelicidade de dizê-lo muito cedo, cedo de dois séculos. Num tempo de extraordinário fanatismo e de uma vituperação livre e fácil, eles foram simplesmente chamados de mentirosos e trapaceiros por terem sido psicólogos antes da psicologia se tornar moda. Seria fácil dar inúmeros outros exemplos, e citar o caso de idéias que são ainda muito novas para serem compreendidas. Há passagens da Encíclica do Papa Leão sobre o trabalho [conhecida como Rerum Novarum, publicada em 1891] que somente agora estão começando a ser usadas como sugestões para movimentos sociais muito mais novos do que o socialismo. E quando o Sr. Belloc escreveu a respeito do Estado Servil, ele estava apresentando uma teoria econômica tão original que quase ninguém ainda percebeu do que se trata. E então, quando os católicos apresentam objeções, seu protesto será facilmente explicado pelo conhecido fato de que católicos nunca se preocupam com idéias novas.

Contudo, o homem que fez essa observação sobre os católicos quis dizer algo; e é justo fazê-lo compreender muito mais claramente o que ele próprio disse. O que ele quis dizer é que, no mundo moderno, a Igreja Católica é, de fato, uma inimiga de muitas modas influentes; muitas delas ainda se dizem novas, apesar de algumas delas começarem a se tornar um pouco decadentes. Em outras palavras, na medida em que diz que a Igreja freqüentemente ataca o que o mundo, em cada era, apóia, ele está perfeitamente certo. A Igreja sempre se coloca contra a moda passageira do mundo; e ela tem experiência suficiente para saber quão rapidamente as modas passam. Mas para entender exatamente o que está envolvido, é necessário tomarmos um ponto de vista mais amplo e considerar a natureza última das idéias em questão, considerar, por assim dizer, a idéia da idéia.

Nove dentre dez do que chamamos novas idéias são simplesmente erros antigos. A Igreja Católica tem como uma de suas principais funções prevenir que os indivíduos comentam esses velhos erros; de cometê-los repetidamente, como eles fariam se deixados livres. A verdade sobre a atitude católica frente à heresia, ou como alguns diriam, frente à liberdade, pode ser mais bem expressa utilizando-se a metáfora de um mapa. A Igreja Católica possui uma espécie de mapa da mente que parece um labirinto, mas que é, de fato, um guia para o labirinto. Ele foi compilado a partir de um conhecimento que, mesmo se considerado humano, não tem nenhum paralelo humano.

Não há nenhum outro caso de uma instituição inteligente e contínua que tenha pensado sobre o pensamento por dois mil anos. Sua experiência cobre naturalmente quase todas as experiências; e especialmente quase todos os erros. O resultado é um mapa no qual todas as ruas sem saída e as estradas ruins estão claramente marcadas, todos os caminhos que se mostraram sem valor pela melhor de todas as evidências: a evidência daqueles que os percorreram.

Nesse mapa da mente, os erros são marcados como exceções. A maior parte dele consiste de playgrounds e alegres campos de caça, onde a mente pode ter tanta liberdade quanto queira; sem se esquecer de inúmeros campos de batalha intelectual em que a batalha está eternamente aberta e indefinida. Mas o mapa definitivamente se responsabiliza por fazer certas estradas se dirigirem ao nada ou à destruição, a um muro ou ao precipício. Assim, ele evita que os homens percam repetidamente seu tempo ou suas vidas em caminhos sabidamente fúteis ou desastrosos, e que podem atrair viajantes novamente no futuro. A Igreja se faz responsável por alertar seu povo contra eles; e disso a questão real depende. Ela dogmaticamente defende a humanidade de seus piores inimigos, daqueles grisalhos, horríveis e devoradores monstros dos velhos erros. Agora, todas essas falsas questões têm uma maneira de parecer novas em folha, especialmente para uma geração nova em folha. Suas primeiras afirmações soam inofensivas e plausíveis. Darei apenas dois exemplos. Soa inofensivo dizer, como muitos dos modernos dizem: “As ações só são erradas se são más para a sociedade.” Siga essa sugestão e, cedo ou tarde, você terá a desumanidade de uma colméia ou de uma cidade pagã, o estabelecimento da escravidão como o meio mais barato ou mais direto de produção, a tortura dos escravos pois, afinal, o indivíduo não é nada para o Estado, a declaração de que um homem inocente deve morrer pelo povo, como fizeram os assassinos de Cristo. Então, talvez, voltaremos às definições da Igreja Católica e descobriremos que a Igreja, ao mesmo tempo que diz que é nossa tarefa trabalhar para a sociedade, também diz outras coisas que proíbem a injustiça individual. Ou novamente, soa muito piedoso dizer, “Nosso conflito moral deve terminar com a vitória do espiritual sobre o material.” Siga essa sugestão e você terminará com a loucura dos maniqueus, dizendo que um suicídio é bom porque é um sacrifício, que a perversão sexual é boa porque não produz vida, que o demônio fez o sol e a lua porque eles são materiais. Então, você pode começar a adivinhar a razão de o cristianismo insistir que há espíritos maus e bons; e que a matéria também pode ser sagrada, como na Encarnação ou na Missa, no sacramento do casamento e na ressurreição da carne.

Não há nenhuma outra mente institucional no mundo que está pronta a evitar que as mentes errem. O policial chega tarde, quando ele tentar evitar que os homens cometam erros. O médico chega tarde, pois ele apenas chega para examinar o louco, não para aconselhar o homem são a como não enlouquecer. E todas as outras seitas e escolas são inadequadas a esse propósito. E isso não é porque elas possam não conter uma verdade, mas precisamente porque cada uma delas contém uma verdade; e estão contentes por conter uma verdade. Nenhuma delas pretende conter a verdade. A Igreja não está simplesmente armada contra as heresias do passado ou mesmo do presente, mas igualmente contra aquelas do futuro, que podem estar em exata oposição com as do presente. O catolicismo não é ritualismo; ele poderá estar lutando, no futuro, contra algum tipo de exagero ritualístico supersticioso e idólatra. O catolicismo não é ascetismo; ele, repetidamente no passado, reprimiu os exageros fanáticos e cruéis do ascetismo. O catolicismo não é mero misticismo; ele está agora mesmo defendendo a razão humana contra o mero misticismo dos pragmatistas. Assim, quando o mundo era puritano, no século XVII, a Igreja era acusada de exagerar a caridade a ponto da sofisticação, por fazer tudo fácil pela negligência confessional. Agora que o mundo não é puritano mas pagão, é a Igreja que está protestando contra a negligência da vestimenta e das maneiras pagãs. Ela está fazendo o que os puritanos desejariam fazer, quando isso fosse realmente desejável. Com toda a probabilidade, o melhor do protestantismo somente sobreviverá no catolicismo; e, nesse sentido, todos os católicos serão ainda puritanos quando todos os puritanos forem pagãos.

Assim, por exemplo, o catolicismo, num sentido pouco compreendido, fica fora de uma briga como aquela do darwinismo em Dayton. Ele fica fora porque permanece, em tudo, em torno dela, como uma casa que abarca duas peças de mobília que não combinam. Não é nada sectário dizer que ele está antes, depois e além de todas as coisas, em todas as direções. Ele é imparcial na briga entre fundamentalistas e a teoria da Origem das Espécies, porque ele se funda numa origem anterior àquela Origem; porque ele é mais fundamental que o Fundamentalismo. Ele sabe de onde veio a Bíblia. Ele também sabe aonde vão as teorias da Evolução. Ele sabe que houve muitos outros evangelhos além dos Quatro Evangelhos e que eles foram eliminados somente pela autoridade da Igreja Católica. Ele sabe que há muitas outras teorias da evolução além da de Darwin; e que a última será muito provavelmente eliminada pela ciência mais recente. Ele não aceita, convencionalmente, as conclusões da ciência, pela simples razão de que a ciência ainda não chegou a uma conclusão. Concluir é se calar; e o homem de ciência dificilmente se calará. Ele não acredita, convencionalmente, no que a Bíblia diz, pela simples razão de que a Bíblia não diz nada. Você não pode colocar um livro no banco das testemunhas e perguntar o que ele quer dizer. A própria controvérsia fundamentalista se destrói a si mesma. A Bíblia por si mesma não pode ser a base do acordo quando ela é a causa do desacordo; não pode ser a base comum dos cristãos quando alguns a tomam alegoricamente e outros literalmente. O católico se refere a algo que pode dizer alguma coisa, para a mente viva, consistente e contínua da qual tenho falado; a mais alta consciência do homem guiado por Deus.

Cresce a cada momento, para nós, a necessidade moral por tal mente imortal. Devemos ter alguma coisa que suportará os quatro cantos do mundo, enquanto fazemos nossos experimentos sociais ou construímos nossas Utopias. Por exemplo, devemos ter um acordo final, pelo menos em nome do truísmo da irmandade dos homens, que resista a alguma reação da brutalidade humana. Nada é mais provável, no momento presente, que a corrupção do governo representativo solte os ricos de todas as amarras e que eles pisoteiem todas as tradições com o mero orgulho pagão. Devemos ter todos os truísmos, em todos os lugares, reconhecidos como verdadeiros. Devemos evitar a mera reação e a temerosa repetição de velhos erros. Devemos fazer o mundo intelectual seguro para a democracia. Mas na condição da moderna anarquia mental, nem um nem outro ideal está seguro. Tal como os protestantes recorreram à Bíblia contra os padres e não perceberam que a Bíblia também podia ser questionada, assim também os republicanos recorreram ao povo contra os reis e não perceberam que o povo também podia ser desafiado. Não há fim para a dissolução das idéias, para a destruição de todos os testes da verdade, situação tornada possível desde que os homens abandonaram a tentativa de manter uma Verdade central e civilizada, de conter todas as verdades e identificar e refutar todos os erros. Desde então, cada grupo tem tomado uma verdade por vez e gastado tempo em torná-la uma mentira. Não temos tido nada, exceto movimentos; ou em outras palavras, monomanias. Mas a Igreja não é um movimento e sim um lugar de encontro, um lugar de encontro para todas as verdades do mundo.

Méritos:

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Regra da Ordem Terceira de São Francisco.









































Regra e Vida dos irmãos da Terceira Ordem Regular de São Francisco

Palavras de São Francisco a seus seguidores (Ctfi 1-15).

“Todos aqueles que amam o Senhor de todo o coração, de toda alma e mente, com todo o vigor, e amam seu próximo como a si mesmos, odeiam seus corpos com os vícios e pecados e recebem o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e fazem dignos frutos de penitência: Oh! Como são felizes e benditos estes e estas enquanto fazem tais obras e nelas perseveram, porque o Espírito do Senhor repousará sobre eles e neles fará habitação e morada. E são filhos do Pai celeste, cujas obras fazem, e são esposos, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo. Somos esposos, quando no Espírito Santo a alma fiel é unida a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Somos seus irmãos, quando fazemos a vontade do pai que está nos céus; mães, quando O trazemos no coração e no nosso corpo impregnados de amor divino e, de consciência pura e sincera, O geramos pelo santo operar, que deve brilhar aos outros como exemplo. Oh! Como é glorioso, santo e grande ter nos céus um Pai! Oh! Como é santo, consolador, belo e admirável ter tal esposo! Oh! Como é santo e dileto, benfazejo, humilde, pacífico, doce, amável e, acima de tudo, desejável ter tal irmão e tal filho: Nosso Senhor Jesus Cristo, que deu sua vida pelas ovelhas e orou ao Pai dizendo: Pai santo, guarda-os em teu nome os que me deste no mundo. Eram teus e os deste a mim. E dei-lhes as palavras que me deste e eles receberam e acreditaram verdadeiramente que saí de ti e reconheceram que tu me enviaste. Rogo por eles e não pelo mundo. Abençoa-os e santifica-os, e por eles santifico-me a mim mesmo. Não rogo apenas por eles, mas também por aqueles que hão de acreditar em mim pela palavra deles, para que sejam santificados na unidade, como nós. E quero, ó Pai, que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória no teu reino. Amém.”


Capítulo I

I – Em nome do Senhor começa a regra e a vida dos irmãos e irmãs da Terceira Ordem Regular de São Francisco.

1. A forma de vida dos irmãos e irmãs da Terceira Ordem Regular de São Francisco é observar o santo evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, em pobreza e em castidade. Seguindo a Jesus Cristo, a exemplo de São Francisco, estão obrigados a fazer mais e maiores coisas, observando os preceitos e conselhos de nosso Senhor Jesus Cristo, e devem abnegar-se a si mesmos conforme cada um prometeu ao senhor.

2. Os irmãos e irmãs desta Ordem, juntamente com todos os que querem servir ao Senhor Deus na santa Igreja Católica e Apostólica, perseverem na verdadeira fé e penitência. Queiram viver esta conversão evangélica em espírito de oração, de pobreza e humildade. abstenham-se de todo o mal e perseverem no bem até o fim, porque o mesmo filho de Deus virá em glória e dirá a todos que o conheceram, adoraram e lhe serviram em penitência: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o Reino que vos está preparado desde a origem do mundo.

3. Os irmãos e as irmãs prometem obediência ao Papa e à Igreja Católica. No mesmo espírito obedeçam àqueles que foram instituídos no serviço da fraternidade. E onde quer que estejam e sempre que se encontrarem em algum lugar, devem respeitar-se e honrar-se espiritual e diligentemente uns aos outros e fomentem a unidade e a comunhão com todos os membros da família franciscana.


Capítulo II

II – Do modo de aceitar esta vida

4. Aqueles que, por inspiração do Senhor vêm a nós, querendo aceitar esta vida, sejam recebidos benignamente. E no tempo oportuno sejam eles apresentados aos ministros, aos quais cabe o poder de admiti-los à fraternidade.

5. Os ministros se certifiquem se os aspirantes têm verdadeira adesão à fé católica e aos sacramentos da Igreja. Se eles forem idôneos, sejam iniciados na vida da fraternidade. Seja-lhes diligentemente exposto tudo o que pertence a esta vida evangélica, especialmente estas palavras do Senhor: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus, e vem e segue-me. E se alguém quiser vir depois de mim, renuncie a si mesmo, carregue sua cruz e siga-me.

6. Assim, conduzidos pelo Senhor, iniciem a vida de penitência, cientes de que todos nós estamos em contínua conversão. Como sinal de conversão e consagração à vida evangélica usem vestes baratas e vivam de modo simples.

7. Terminado o tempo de provação sejam recebidos à obediência, prometendo observar sempre esta vida e regra. E pondo de lado todos os cuidados e inquietações esforcem-se, da melhor maneira que puderem, por servir, amar, honrar e adorar o Senhor Deus com o coração limpo e a mente pura.

8. Façam sempre em si mesmos uma habitação e uma morada para Ele, que é o Senhor Deus onipotente, Pai, Filho e Espírito Santo. E assim com o coração indiviso cresçam no amor universal, convertendo-se continuamente a Deus e ao próximo.


Capítulo III

III – Do espírito de oração

9. Os irmãos e as irmãs, por toda parte, em todo lugar, a toda hora e todo o tempo, creiam na veracidade e humildade, tenham no coração e amem. Honrem, adorem, sirvam, louvem, bendigam e glorifiquem o Altíssimo e sumo Deus eterno, Pai, Filho e Espírito Santo. E o adorem com o coração puro, porque é necessário rezar sempre sem desfalecer; pois o Pai busca tais adoradores. No mesmo espírito celebrem o Ofício Divino em união com a Igreja universal. Aqueles e aquelas que o Senhor chamou para a vida de contemplação manifestem sua dedicação Deus, com alegria renovada todos os dias, celebrem o amor que o Pai tem pelo mundo. Ele, que nos criou, redimiu e nos salvará por pura misericórdia.

10. Os irmãos e as irmãs louvem ao Senhor, rei do céu e da terra, com todas as suas criaturas, e lhe rendam graças, porque por sua santa vontade e por seu Filho único com o Espírito Santo criou todas as coisas espirituais e corporais e nos fez à sua imagem e semelhança.

11. Os irmãos e as irmãs, conformando-se totalmente ao santo evangelho, meditem e conservem as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Verbo do Pai, e as palavras do Espírito Santo, que são espírito e vida.

12. Participem do sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo e recebam seu corpo e sangue com grande humildade e veneração, recordando o que diz o Senhor: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna. Mostrem toda reverência e honra, tanto quanto puderem, aos santíssimos corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo e a seus sacratíssimos nome e palavras escritas, em quem todas as coisas no céus e na terra foram pacificadas e reconciliadas com Deus onipotente.

13. E os irmãos e as irmãs em todas as suas ofensas, não tardem em punir-se interiormente pela contrição e exteriormente pela confissão, e façam dignos frutos de penitência. Devem também jejuar, mas procurem ser sempre simples e humildes. Portanto, nenhuma outra coisa desejem, a não ser o Nosso Salvador, que pelo seu próprio sangue se ofereceu a si mesmo em sacrifício e como hóstia sobre o altar da cruz, pelos nossos pecados, deixando-nos o exemplo para que sigamos seus vestígios



Capítulo IV

IV – Da vida em castidade por causa do Reino dos Céus

14. Os irmãos e as irmãs considerem a que excelência o Senhor os elevou, porque ele os criou segundo o corpo à imagem de seu Filho dileto, e segundo o espírito à sua semelhança. Criados por Cristo e em Cristo, escolheram eles essa forma de vida, que está fundamentada nas palavras e exemplos de Nosso Redentor.

15. Os que professam a castidade por causa do Reino dos Céus são solícitos naquilo que é do Senhor, e não tem outra coisa para fazer, a não ser seguir a vontade do Senhor e agradar-lhe, e façam tudo de tal modo, que o amor a Deus e a todos os irmãos brilhe pelas suas obras.

16. Lembrem-se de que foram chamados pelo exímio dom da graça, para manifestar em suas vidas aquele admirável mistério da Igreja, pelo qual ela está unida ao Cristo, seu divino esposo.

17. Tenham diante dos olhos, sobretudo, o exemplo da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e de nosso senhor Jesus cristo. Façam isto segundo o mandato de São Francisco, que teve a máxima veneração para Santa Maria, Senhora e Rainha, que se tornou a virgem igreja. E recordem-se de que a imaculada virgem Maria chamou a si mesma de serva do Senhor, e sigam o exemplo.



Capítulo V

V – Do modo de servir e trabalhar

18. Como pobres, os irmãos e irmãs, a quem o Senhor deu a graça de servir e trabalhar, sirvam e trabalhem fiel e devotamente de tal modo que, excluída a ociosidade, inimiga da alma, não extingam o espírito da santa oração e devoção, ao qual devem servir todas as outras coisas temporais.

19. Em paga pelo trabalho, porém, recebam para si e para os seus irmãos e irmãs as coisas necessárias para o corpo e façam isso humildemente, assim como convém a servos de Deus e seguidores da santíssima pobreza. E tudo o que sobrar procurem dar aos pobres. E nunca devem desejar estar acima dos outros, mas devem muito mais ser servos e súdito de toda humana criatura por causa de Deus.

20. Os irmãos e as irmãs sejam suaves, pacíficos e modestos, mansos e humildes, e falem honestamente com todos, como convém. E onde quer que estiverem ou andarem pelo mundo, não briguem nem façam contendas com palavras, nem julguem os outros, mas mostrem-se sempre alegres no Senhor, joviais e convenientemente graciosos. Como saudação digam: o Senhor te dê a paz.


Capítulo VI

VI – Da vida em pobreza

21. Todos os irmãos e irmãs se empenhem em seguir a humildade e pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo infinitamente rico, quis ele mesmo no mundo, juntamente com a bem-aventurada Virgem, sua Mãe, escolher a pobreza e aniquilar-se a si mesmo. E recordem-se que não nos é necessária ter nenhuma outra coisa no mundo inteiro, a não ser como diz o apóstolo: Tendo alimento e com que nos cobrir, com isso estamos contentes. E tomem muito cuidado com o dinheiro. E devem alegrar-se quando se acharem entre pessoas vis e desprezadas ou entre os pobres, os fracos, os leprosos e junto dos que mendigam pela rua.

22. Os que são verdadeiramente pobres no vigor do espírito, e seguem o exemplo do Senhor, de nada se apropriam nem se defendem contra o outro, mas vivem como peregrinos estrangeiros neste século. Esta é aquela grandeza da altíssima pobreza que nos instituiu herdeiros e reis do reino dos céus, que nos fez pobres de coisas , mas nos sublimou pelas virtudes. Esta seja a nossa porção que nos conduz à terra dos vivos. Totalmente apegados a ela, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo não queiramos jamais ter nenhuma outra ciosa debaixo dos céus.


Capítulo VII

VII – Da vida fraterna

23. Por causa do amor de Deus, os irmãos e as irmãs amem-se uns aos outros, como diz o Senhor: Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. E manifestem pelas obras o amor que têm para com o outro. E com confiança manifeste um ao outro sua necessidade, para que ele encontre o necessário e lhe sirva. Bem-aventurados aqueles que amarem o outro tanto quando ele está doente e não pode satisfazer-lhes como quando ele está são e pode satisfazer-lhes. E por tudo que lhes acontecer rendam graças ao Criador, e desejem ser tais como o Senhor quer que sejam, seja com saúde, seja doentes.

24. Se acontecer que entre eles , por uma palavra ou gesto, surgir alguma ocasião de perturbação, imediatamente antes de apresentar a Deus a oferta de sua oração , peça humildemente perdão um ao outro. Se alguém tiver negligenciado gravemente a forma de vida que professou, seja admoestado pelo ministro ou por aqueles que tiverem conhecimento da culpa dele. E não o façam passar vergonha e nem detraiam mas tenham grande misericórdia para com ele. Mas todos devem cuidar atentamente de não se irritarem ou perturbarem-se por causa do pecado do outro, porque a ira e perturbação impede


Capítulo VIII

VIII – Da obediência por amor

25. A exemplo do Senhor Jesus, que colocou sua vontade na vontade do Pai, recordem-se os irmãos e as irmãs que, por causa de Deus, abnegaram as próprias vontades. Em todos os capítulos que fazem, busquem antes de tudo o reino de Deus e sua justiça e exortem-se entre si para poderem observar melhor a regra que prometeram e poderem seguir fielmente os vestígios de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não exerçam poder ou domínio, principalmente entre si. Pela caridade do espírito sirvam e obedeçam voluntariamente uns aos outros. E esta é a verdadeira e santa obediência de Nosso Senhor Jesus Cristo.

26. Estejam obrigados a ter sempre um como ministro e servo da fraternidade e estejam firmemente obrigados a obedecer-lhe em tudo aquilo que prometeram ao Senhor observar e que não seja contrário à alma e a esta regra.

27. Aqueles que são ministros e servos de todos, os visitem e com humildade e com caridade os admoestem e os confortem. E onde quer que estiverem, os irmãos e as irmãs que sabem ou conhecem não lhes ser possível observar espiritualmente a regra, devem e podem recorrer a seus ministros. Os ministros, porém, os recebam caridosa e benignamente e tenham com eles tanta familiaridade, que eles possam falar e haver-se como senhores com seus servos; pois assim deve ser, que os ministros sejam servos de todos.

28. E ninguém se aproprie de algum ministério; mas no tempo estabelecido deponha de bom grado seu ofício.


Capítulo IX

IX – Da vida apostólica

29. Os irmãos e as irmãs amem o Senhor de todo o coração, de toda alma e mente, com todo o vigor, e amem a seu próximo como a si mesmos. E exaltem o Senhor em suas obras porque ele os enviou ao mundo inteiro para que, pela palavra e pela obra, dêem testemunho de sua voz, e façam saber a todos que não há outro onipotente além dele.

30. A paz que anunciam com a boca, tenham-na mais amplamente em seus corações. Ninguém seja por eles provocado à ira, ao escândalo, mas pela mansidão sejam provocados `a paz, benignidade e à concórdia. Pois os irmãos e as irmãs foram chamados para curar os feridos, reanimar os abatidos e reconduzir os errantes. E em toda parte onde estiverem, recordem-se que se doaram a si mesmos e entregaram seus corpos ao Senhor Jesus Cristo. E por amor ao Senhor devem expor-se tanto aos inimigos visíveis quanto aos invisíveis, porque diz o Senhor: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.

31. Na caridade, que é o próprio Deus, esforcem-se todos os irmãos e as irmãs para humilhar-se em tudo, seja orando, seja servindo ou seja trabalhando; se empenhem de não se gloriar de si mesmos nem se alegrar ou se exaltar interiormente por suas boas palavras e obras, até mesmo por nada do que Deus faz ou diz ou alguma vez opera neles ou por meio deles. Em todo o lugar e em todas as circunstâncias, reconheçam que todos os bens são do senhor deus, altíssimo e soberano de todas as coisas, e a ele rendam graças porque dele procede todo bem.

Exortação e bênção

32. Todos os irmãos e irmãs estejam atentos ao dever de desejar, acima de todas as coisas, ter o espírito do Senhor e seu santo modo de operar. E sempre súditos da santa Igreja e estáveis na fé católica, observem a pobreza e a humildade e o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que firmemente prometeram. E todo aquele que observar estas coisas, seja no céu cumulado com a bênção do altíssimo Pai e na terra com a bênção de seu Filho dileto e com o santíssimo Espírito Consolador e com todas as virtudes do céu e todos os santos. E eu, frei Francisco, pequenino, vosso servo, tanto quanto posso, vos confirmo interior e exteriormente esta santíssima bênção.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Rosário e o Ofício de Nossa Senhora.


O Rosário e o Ofício de Nossa Senhora.

Observação: Santo Afonso diz: "A devoção do santo Rosário, como se sabe, foi revelada a São Domingos pela divina Mãe, quando, estando o Santo aflito e queixando-se a Sua Senhora dos hereges albingenses, que naquele tempo causavam grande dano à Igreja, a Virgem lhe disse: Este terreno há de ser estéril até que nele caia a chuva. Entendeu então São Domingos que essa chuva era a devoção do Rosário, que ele devia publicar". - Esse conceito do Santo autor mostra o que se tinha por certo sobre o Rosário, a partir dos meados do século XV. Hoje as pesquisas históricas não repetem esse conceito. Entretanto, piamente continua o Rosário ligado a São Domingos, e seus filhos tornaram-se os apóstolos dessa devoção no mundo inteiro. Em 1470 Alano de Rupe fundou a primeira confraria do Rosário. A atual maneira de rezá-lo fixou-se no século XVI. A partir do ano 1726 proibiu Bento XIII qualquer mudança dessa forma de recitação. (Nota do tradutor).


1. Atualmente não há devoção mais praticada pelos fiéis de toda classe, do que esta do santo Rosário. Os hereges modernos como Calvino, Bucero e outros, que não têm dito para desacreditá-lo? Mas é assaz notório o bem que trouxe ao mundo esta augusta devoção. Quantos, por meio dela, têm sido livres dos pecados! Quantos conduzidos a uma vida santa! Quantos, depois de uma boa morte, foram por ela salvos! Podemos ler a esse respeito uma quantidade de livros. Para nós basta dizer que esta devoção foi aprovada pela Santa Igreja, e enriquecida pelos Sumos Pontífices com muitas indulgências. Para lucrar as indulgências dos Dominicanos, unidas às recitações do Rosário, é necessário ir meditando nos mistérios que o compõem. Os livros referentes ao assunto dão as necessárias e cabais explicações para o caso.

A - Quem recita o terço ganha: 1) cada vez 5 anos de indulgência (Sixto IV); 2) se se rezar em comum, indulgência de 10 anos; 3) indulgência plenária, no último domingo do mês, se se rezar ao menos 3 vezes cada semana. Condições: Confissão e comunhão e oração segundo a intenção do Papa (Bento XII).

B - Se o terço tiver indulgências dos Crucíferos, ganham-se 500 dias em cada Pai-Nosso e Ave-Maria, ainda que se não o reze todo, mas alguns Pai-Nossos e Ave-Marias, à vontade.

C - Os associados da confraria do Rosário lucram mais indulgências em certas ocasiões como vem especialmente nos manuais da confraria. - (Nota do tradutor).

É preciso rezar o Rosário com devoção, sem esquecer o que a Santa Virgem disse a Santa Eulália. Cinco dezenas, disse-lhe a Senhora, recitadas com pausa e devoção, me são mais agradáveis do que quinze, ditas às pressas e com menor devoção. Por isso é bom recitá-lo de joelhos, diante de uma imagem da Virgem, e fazer no princípio de cada dezena um ato de amor a Jesus e a Maria, pedindo-lhes alguma graça. Note-se também que é melhor recitar o Rosário em comum do que só.

2. Quanto ao Ofício Parvo de Nossa Senhora, diz-se que São Pedro Damião o compôs. A quem o recita concedeu a Igreja várias indulgências e a Santíssima Virgem tem mostrado muitas vezes quanto lhe é agradável essa devoção, como se pode ver em Auriema.

(O Ofício Mariano é antiquíssimo e foi recomendado pelo Doutor e Cardeal da Igreja, São Pedro Damião (1072). Já existia 300 anos antes dele, mas o Santo tornou-o mais usado e recomendou-o como proteção em várias tribulações, como por exemplo lhe sentira a eficácia. A atual forma do Ofício vem das mãos de São Carlos Borromeu, santo Cardeal de Milão (1584).) - (Nota do tradutor).

3. Agradam também muito a Nossa Senhora suas Ladainhas, pelas quais se ganham indulgências; o hino Ave Maris Stella (Eu te saúdo, Estrela do mar), que ela encomendou a Santa Brígida recitasse todos os dias. Sobretudo estima o Magnificat, porque, recitando-o, louvamos a Deus com as mesmas palavras com que ela o louvou.

Fonte: Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, tradução do padre Geraldo Pires, CSSR, 17ª edição, Editora Santuário, Aparecida, SP; págs. 448-450.

http://osegredodorosario.blogspot.com/2011/09/praticas-de-devocao-em-honra-de-maria.html
http://www.tradicaoemfoco.com

Lutero no Inferno.


Papa diz que pensamento de Lutero é cristocêntrico, mas futura beata o viu no inferno!

Publicado em fevereiro no Fratres
http://fratresinunum.com/2011/02/21/futura-beata-viu-lutero-no-inferno/

Futura beata viu Lutero no inferno.

Irmã Serafina Micheli e a visão de Lutero no inferno

Fonte: Pontifex

Tradução: Fratres in Unum.com

Em 1883, a Irmã Maria Serafina Micheli (1849-1911), que será beatificada em Faicchio, na província de Benevent, diocese de Cerreto Sannita (Itália), em 28 maio de 2011, fundadora das Irmãs dos Anjos, estava passando por Eisleben, na Sassonia, cidade natal de Lutero. Naquele dia se festejava o quarto centenário do nascimento do grande herege (10 de novembro de 1483), que dividiu em duas a Europa e a Igreja, deste modo as ruas estavam lotadas, as varandas enfeitadas com bandeiras. Entre as numerosas autoridades presentes aguardava-se, a qualquer momento, a chegada do empreendedor Guglielmo I, que presidiria a celebração solene. A futura beata, embora notasse o grande tumulto, não estava interessada em saber a razão para aquele entusiasmo inusitado, seu único desejo era procurar uma igreja e rezar para poder fazer uma visita a Jesus Sacramentado. Depois de caminhar por algum tempo, finalmente, encontrou uma, mas as portas…

… estavam fechadas. De todo modo, ela se ajoelhou na escadaria de acesso para fazer as suas orações. Sendo noite, não havia percebido que não era uma igreja católica, mas protestante. Enquanto rezava, o Anjo da Guarda lhe apareceu e disse: “Levanta-te, pois esta é uma igreja protestante”. E acrescentou: “Mas eu quero fazer-te ver o local onde Martinho Lutero foi condenado e a pena que sofreu em castigo do seu orgulho”.

Depois destas palavras, ela viu um terrível abismo de fogo, no qual eram cruelmente atormentadas um incalculável número de almas. No fundo deste precipício havia um homem, Martinho Lutero, que se distinguia dos demais: estava cercado por demônios que o obrigavam a se ajoelhar e todos, munidos de martelos, se esforçavam, em vão, em fincar em sua cabeça um grande prego. A Irmã pensou: se o povo em festa visse esta cena dramática, certamente, não tributariam honra, recordações, comemorações e festejos para um tal personagem. Em seguida, quando se apresentou a ocasião, recordou às suas irmãs que vivessem na humildade e no recolhimento. Estava convencida de que Martinho Lutero fora punido no inferno, sobretudo, por conta do primeiro pecado capital, o orgulho.

O orgulho o fez cair em pecado capital, conduziu-o à rebelião aberta contra a Igreja Católica Romana. A sua conduta, sua postura para com a Igreja e a sua pregação foram determinantes para enganar e levar muitas almas superficiais e incautas à ruína eterna. Se quisermos evitar o inferno, vivamos na humildade. Aceitemos não ser considerados, valorizados e estimados por aqueles que nos conhecem. Não nos queixemos quando formos desprezados ou deixados por último por outros que pensamos ser menos dignos que nós. Jamais critiquemos, por qualquer razão, as ações daqueles que nos rodeiam. Se julgarmos os outros, nem sequer somos cristãos. Se julgarmos os outros, não somos sequer nós mesmos.

Confiemos sempre na graça de Deus e não em nós mesmos. Não nos preocupemos excessivamente com nossa fragilidade, mas com nosso orgulho e presunção. Digamos freqüentemente com o salmista: “Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim.” (Salmo 130). Ofereçamos a Deus nosso “nada”: a incapacidade, a dificuldade, os desânimos, as desilusões, as incompreensões, as tentações, as quedas e as amarguras de cada dia. Reconheçamo-nos pecadores, necessitados de sua misericórdia. Jesus, justamente porque somos pecadores, só nos pede que abramos nosso coração e nos deixemos ser amados por Ele. Esta é a experiência de São Paulo: “porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo “(2 Cor. 12,9). Não impeçamos o amor de Deus para conosco com o pecado ou com a indiferença. Demos sempre a Ele mais espaço em nossa vida, para viver em plena comunhão com Ele no tempo e na eternidade.

Pe. Marcello Stanzione

“Se estais condenados a ver o triunfo do mal, nunca o aplaudais; nunca digais do mal ‘isso é bom’; nunca digais da decadência ‘isso é progresso’; nunca digais da noite ‘isso é luz’; nunca digais da morte ‘isso é vida’.” Cardeal Pie de Poitiers

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sermões de Santo Antônio IV. "Ciência perfeita é amar a Jesus e segui-Lo."




Nós deixamos tudo...


Naquele tempo disse Simão Pedro a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos” (Mt 19,27). Neste evangelho podem-se notar duas coisas: a grandeza dos apóstolos no juízo final e a recompensa daqueles que deixam as coisas passageiras deste mundo. A Grandeza dos Apóstolos no Juízo Final A grandeza apostólica provém das palavras “Eis que nós deixamos tudo”. Pedro “corredor ágil, que faz a sua corrida” (Jeremias 2,23) diz: “Eis que nós deixamos tudo!” Pedro, fizeste bem, pois, carregado de peso, não poderias acompanhar Aquele que corre, Cristo! Um pouco antes, ele tinha ouvido o Senhor dizer: “Em verdade eu vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus” (Mt 19,23). Por isso, para entrar com facilidade, tudo deixou. Mas, o que significa “tudo”? As coisas exteriores e e as interiores, isto é, aquilo que possuíamos e também a vontade de possuir, de tal modo que não nos restou absolutamente nada. Sobre isso diz o Senhor pela boca do Profeta Isaías: “Destruirei até o nome de Babilônia, seu resto, a sua descendência e a sua posteridade” (14,22). O nome Babilônia significa “propriedade”, como se disséssemos: “meu, teu”. Cristo destruiu nos apóstolos não só este nome, mas até “o resto” da propriedade; e não só isso, mas também a descendência, quer dizer, a tentação de ter, e a posteridade, isto é, a vontade de possuir. Felizes os religiosos em que essas coisas foram destruídas, porque só assim poderão dizer verdadeiramente: Eis que nós deixamos tudo! Olhai os apóstolos “que voam”. Pelo que, diz Isaías: “Quem são estes que vêm deslizando como nuvens, como pombas de volta aos seus pombais?” As nuvens são leves. Os apóstolos, deixando o peso do mundo, voam ligeiros nas asas do amor seguindo a Jesus. Diz Jó: “Conheces por acaso os grandes caminhos das nuvens e a ciência perfeita?” (37,16). Grande caminho é deixar tudo. Caminho estreito durante a peregrinação desta vida, mas largo e grande no momento da recompensa. Ciência perfeita é amar a Jesus e segui-Lo. Este foi o caminho e esta foi a ciência dos apóstolos que, como pombas, voaram a seus pombais. Pombais em latim se diz “Fenestrae” e é como dizer “que se leva para fora” (ferentes extra). Os apóstolos e os homens apostólicos, inocentes e simples como pombas, voaram bem para longe das coisas terrenas a tal ponto que guardaram as janelas dos sentidos para que não voltassem, saindo através delas, aquelas coisas exteriores que tinham abandonado. Por essas janelas saiu aquela pomba sem coração que se deixou seduzir. Conta o livro do Gênesis que “Dina (filha de Jacó) saiu para ver as moças daquela região. Mas Siquém (príncipe) raptou-a e violou a sua virgindade” (cf.34,1-2). Assim também a alma desventurada é levada para fora através dos sentidos do corpo para ver as belezas mundanas e, enquanto vagueia pra cá e pra lá, é raptada com seu consentimento pelo diabo e o resultado é a sua ruína. Que diferença entre os dois vôos! Os apóstolos, das coisas terrenas voam rumo às celestes, a pessoa pecadora, das coisas celestes desce para as terrenas. Ela voa pra o diabo, eles para Cristo! “Eis que te seguimos” (Mt 19,27). Por Ti, Jesus, deixamos tudo, nos tornamos pobres. E pois que és rico, nós Te seguimos para que nos faça ricos também. São os mais miseráveis entre todos os homens aqueles religiosos que deixam tudo e no entanto não seguem a Cristo. Esses têm um duplo prejuízo: são privados de qualquer consolação externa e não possuem nem a interior. Os mundanos, mesmo não tendo as consolações interiores, pelo menos têm aquelas exteriores. “Nós te seguimos”. Nós, criaturas, seguimos o Criador; nós, filhos, seguimos o pai; nós, crianças, seguimos a mãe; nós, famintos, seguimos o pão; nós, com sede, seguimos a fonte; nós, doentes, seguimos o médico; nós, cansados, seguimos o leito; nós, exilados, seguimos o paraíso! “Nós Te seguimos”: nós corremos atrás da fragrância dos teus perfumes (Ct 1,3), porque a fragrância de teus perfumes supera a de todos os demais aromas (Ct 4,10). Lê-se na História Natural que a pantera é uma fera de beleza maravilhosa, cujo cheiro é de tanta suavidade que supera qualquer outro perfume. Por isso, quando os outros animais pressentem sua presença, imediatamente se avizinham e seguem-na, porque se sentem reforçados de modo admirável pela sua visão e pelo seu perfume (Aristóteles e Plínio). Quão grande seja a beleza e a suavidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, os bem aventurados o experimentam na pátria celeste, mas também as pessoas justas, de algum modo, o experimentam nesta vida. E os apóstolos, logo que experimentaram a suavidade de Jesus, tendo deixado tudo, imediatamente O seguiram. “Eis que nós te seguimos: que recompensa teremos?” (Mt 19,27) “Como aqueles que procuram um tesouro: alegram-se sobremaneira quando encontram um sepulcro” (Jó 3,21-22). O tesouro no sepulcro é o símbolo de Deus no corpo, assumido da Virgem Maria. þ Apóstolos, já encontrastes o tesouro, já o tendes totalmente. O que procurais a mais? “Que recompensa teremos”? O que quereis ter ainda mais? Conservai aquilo que encontrastes, porque Ele é tudo o que procurais. Nele, diz Baruc, existe a sabedoria, a prudência, a fortaleza, a inteligência, a longevidade e o alimento, a luz dos olhos e a paz” (3,12-14). Existe a sabedoria que tudo cria; a prudência com que governa todas as coisas criadas; a fortaleza com que freia o diabo; a inteligência com que tudo penetra; a longevidade com que perpetua os seus; o alimento com que sacia; a luz com que ilumina; a paz com que conforta e doa serenidade. “E Jesus lhes disse: em verdade eu vos digo, vós que me seguistes” (Mt 19,28). O Senhor não responde: “Vós que deixastes tudo”, mas “vós que me seguistes” - isso é próprio dos apóstolos e dos perfeitos. Muitos deixam suas coisas e no entanto não seguem a Cristo porque, por assim dizer, se agarram a si mesmos. Se quiseres seguir e alcançar, é preciso que deixes a ti mesmo. Quem segue alguém pelo caminho, não olha para si, mas para o outro, que constituiu como guia para seu caminho. Deixar-se a si mesmo significa não confiar em si em nenhum caso, considerar-se inútil mesmo quando se fez tudo o que tinha sido mandado, desprezar-se a si mesmo como um cão morto ou uma pulga (1Sm 24,15), no próprio coração não antepor-se a ninguém, julgar-se inferior a todos, até aos maiores pecadores, considerar todas as próprias obras boas como panos sujos de uma mulher menstruada, colocar-se diante de si mesmo e chorar como diante de um morto, humilhar-se profundamente em qualquer ocasião e lançar-se totalmente nos braços de Deus. Ouçamos o que é prometido àqueles que assim O seguem. “Na nova criação: (in regeneratione) a primeira regeneração acontece na alma através do batismo, a segunda acontecerá no corpo no dia do juízo, quando os mortos ressurgirão incorruptos” (1Cor 15,52), quando “o Filho do homem”, isto é Jesus, na condição de servo, submetido a juízo aqui na terra, “sentar-se-á”, isto é, exercitará o seu poder de juiz “sobre o trono da sua glória”, isto é, a Igreja, onde se manifestará o seu poder, “sentareis também vós sobre os doze tronos” (Mt19,28). Se somente os doze apóstolos, sentados sobre doze tronos, serão juízes com Cristo no dia do juízo, onde se sentará Paulo, “vaso de eleição” (At 9,15), que hoje de lobo se transformou em cordeiro, que trabalhou mais do que todos (1Cor 15,10), que “foi arrebatado até o terceiro céu e ouviu segredos que não é lícito ao homem revelar” (2Cor 12,2)? Onde se sentará, repito, um homem tão grande assim, se no tribunal existem para os juízes somente doze tronos, do momento que ele afirma: “Não sabeis que julgaremos os anjos” (1Cor 6,3), isto é, os anjos maus? Por isso é preciso saber que o número doze é usado para indicar a plenitude do poder e que com as doze tribos de Israel entendem-se todos aqueles que deverão ser julgados. Eis, portanto, que os pobres, junto com Jesus pobre, filho da Virgem pobrezinha, julgarão com justiça o mundo inteiro (Sl 9,9). Jó também diz: “Deus não salva os ímpios, mas deixará aos pobres o juízo” (36,6). Diz “aos pobres” e não aos ricos” cuja glória será a sua confusão” (Fl 3,19). Com efeito, os ricos ficarão confusos quando virem sentados em juízo com Cristo e com Cristo julgar, “aqueles que um dia desprezaram e ultrajaram” (Sab 5,3).

Tradução: Frei Geraldo Monteiro, OFM Conv - Conversão de S. Paulo, Vol.III, pp. 83-87
Sermões Dominicais e Festivos Ed.Mess. Padova - 1979

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